quarta-feira, setembro 06, 2006

Murça zero, Lusofonia ainda menos

No Auditório Municipal de Murça, no Norte de Portugal, nos passados dias 1, 2 e 3 de Julho, decorreu o "Encontro Zero da Lusofonia" que, segundo a organização, “reuniu artistas plásticos, poetas e escritores portugueses e brasileiros”. Independentemente do valor de todas as iniciativas que visem valorizar a Lusofonia, é caricato fazer um encontro onde só estiveram portugueses e brasileiros. Em Portugal estão, 365 dias por ano, artistas de todos os outros países lusófonos…

”No decorrer dos três dias do evento, a vida e obra de vários escritores e poetas esteve em destaque, nomeadamente os homenageados Miguel Torga, Fernando Pessoa e Vinicius de Morais”. Será só isto a Lusofonia?

”Na galeria do Auditório, foi inaugurada uma exposição de artes plásticas e de bibliografia de escritores e artistas presentes no encontro”. Então é um encontro da Lusofonia ou uma exposição de meia dúzia de amigos?

“Para além do debate e troca de ideias, realizaram-se recitais de poesia, uma noite de fados e a actuação de um grupo de cantares da região. O encontro culminou com um passeio pelo Douro – Património Mundial da Humanidade. Com a colaboração do Círculo Cultural Miguel Torga, Junta de Freguesia de S. Martinho de Anta e Câmara Municipal de Sabrosa, os participantes puderam visitar a casa do escritor Miguel Torga e outros locais representativos como a escola primária onde estudou e o consultório, na freguesia natal de S. Martinho de Anta. O passeio terminou com a visita ao Museu do Douro, em Peso da Régua.”

Reunir meia dúzia de amigos que se entendem em português não é, digo eu, um encontro lusófono, por muito válidas que sejam – repito – todas as iniciativas culturais, turísticas ou de promoção pessoal.

”Este evento, o primeiro do género realizado no Interior Norte de Portugal, designado de Zero, contou com o apoio da Biblioteca Municipal de Murça, sendo objectivo da Comissão Organizadora, constituída pelos escritores Carmo Vasconcelos, Moisés Salgado e Joaquim Evónio, tornar este encontro anual, a realizar-se no país de Camões e a abranger todas as nações lusófonas”.

Mesmo sendo o Zero, era fácil e barato à organização levar a Murça artistas representativos de toda a Lusofonia. Bastava para isso olhar com olhos de ver para o muito que, na matéria, é feito em Portugal por artistas de toda a Lusofonia.

2 comentários:

ELCAlmeida disse...

Mas será que o edil de Murça não quereria dizer isso mesmo: A Lusofonia está a ZERO?. Daí o encontro ZERO. Quando me recordo que um alto responsável de um governo afro-lusófono dizia "... pertencemos a uma tal lu...lu...lu quê? ah sim uma tal lusofonia...." diz tudo.
Kandando
Eugénio ALmeida

Unknown disse...

Amigos, não estão a entender?
Para aquele edil (e tantos outros) Lusofonia deve parecer uma marca de sapatilhas...
... para correr mais rápido e subir mais alto!
Kandando.
admário costa lindo