quarta-feira, novembro 15, 2006

Coisas de angolanos II

O meu amigo e companheiro (ele trata-me por camarada) Paulo F. Silva disse de sua justiça. E disse com toda a cordialidade e bom senso que o caracterizam. Não sei se abona a meu favor, mas a verdade é que no Alto Hama (blogue e Notícias Lusófonas) já escrevi mais de uma centena de artigos a falar de Angola.

Nenhum outro artigo (e muitos foram transcritos em vários blogues e sites) mereceu tanta salutar polémica como estes sobre a cor da pele. Por que terá sido, caro Paulo?

Quando critico, e critico muitas vezes (aí vai mais um lugar comum!), os poucos que têm milhões por se esquecerem dos milhões que têm pouco, ou nada, estarei a falar de quê?

O Alto Hama não é (mais um lugar comum) um espaço de notícias. É, assumo, um livro aberto onde regularmente digo o que sinto e penso. Tudo com nome e chipala.

E, embora Angola ocupe espaço relevante naquela “coisa” que temos em cima dos ombros, também tenho opinião sobre o que se passa nos restantes membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e não só.

Sendo o Alto Hama um espaço quase exclusivamente pessoal (às vezes, para além de um outro texto de um amigo também a minha sombra dá palpites), não lhe cabe noticiar, analisar, divulgar ou informar.

Isso, meu caro Paulo, por todas as razões e mais algumas, deveria caber à tal comunicação social supostamente nada racista e intelectualmente válida. A esses media que para colher opiniões sobre o apuramento de Angola para o Mundial de Futebol só conseguiram, em Portugal, encontrar angolanos trolhas e empregadas de limpeza.

Medias que, contudo, para falar do investimento português em Angola descobriram, por exemplo, que o presidente de um grande grupo bancário português é angolano.

É evidente que há muitos outros, muitos mesmo, temas que podem e devem ser tratados. Se para tal tiver engenho e arte não os deixarei escapar, mesmo que os escritos venham a ser considerados por ti, caro Paulo, como “leviandade pura”.

Espero, por isso, que continues a “achar graça ao atrevimento dos meus escritos (...), ao meu desplante”, mesmo que “torças o nariz a alguns dos meus raciocínios”.

E sempre que entenderes, porque o Alto Hama é um espaço da responsabilidade de alguém que tem nome, morada e rosto, está à vontade, nem que seja, sobretudo se for, para me dizer (mais um lugar comum) que estou a confundir a obra-prima do Mestre com a prima do mestre de obras.

Kandandu. Pois claro!

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