sábado, novembro 18, 2006

E os culpados de todos os males
são (obviamente) os Jornalistas

No dia 8 de Outubro, a propósito do assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaia, escrevi que Putin e companhia não estavam com meias medidas: Quando ouviam falar de Jornalistas pegam logo na pistola. Pegavam e utlizavam. Em Portugal, as coisas são diferentes. Os Jornalistas morrem de forma mais subtil.

Uns são comprados (viram assessores, consultores etc.), outros silenciados (prateleiras) e outros vão para o desemprego. Não morrem fisicamente (pelo menos por enquanto) mas vêem a dignidade ir desta para melhor.

O Governo português (do Partido Socialista de José Sócrates) lidera a guerra aos Jornalistas. Depois de ter comprado os que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora (Estatuto dos Jornalistas, Caixa de Previdência) na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.

Assim, pelas bandas do reino socrático, há meios mais sofisticados para atingir os mesmos fins. Não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista.

Basta, no Natal, por exemplo, oferecer-lhe uma pistola. Depois faz-se uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos). Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça.

Porquê os Jornalistas? Porque a verdade é incómoda, seja na Rússia, em Angola ou em Portugal. O que varia são os métodos para calar o mensageiro. No caso russo, segundo a Comissão para a Protecção dos Jornalistas, morreram 23 entre 1996 e 2005.

Apesar desta dura realidade, todos aqueles que estão de pistola em punho sairam à rua na Rússia para condenar o que se passou e dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado.

Em Portugal, apesar da guerra que o Governo move aos Jornalistas, não faltam ministros, deputados e políticos em geral (todos de pistola no bolso) a dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado.

Sagrado sim desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial.

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