quinta-feira, novembro 16, 2006

Malária provocou em Angola
12 702 mortos no ano passado

A malária provocou 12.702 mortes em Angola no ano passado, período em que foram registados mais de 2,2 milhões de casos desta doença em todo o país, informou hoje, em Luanda, o Ministério da Saúde. As autoridades sanitárias angolanas registaram mais de 910 mil casos de malária em crianças entre Janeiro e Dezembro de 2005, das quais 4.446 acabaram por morrer em consequência da doença.

A malária é a principal causa de morte em Angola, sendo responsável por 40 por cento dos gastos anuais em saúde pública.

Os dados foram revelados por Ana Fernandes, do Programa Nacional de Luta contra a Malária, numa conferência de imprensa destinada a divulgar a realização de um inquérito sobre indicadores de malária em Angola.

Este inquérito, que está a ser realizado desde a semana passada pelas empresas angolanas Consaúde e Cosef, tem como objectivo quantificar o número de pessoas que sabem o que é a malária e quais as formas de prevenir a doença.

O estudo, que abrange todo o território angolano, envolverá a realização de cerca de três mil inquéritos a pessoas residentes em zonas urbanas e rurais, estando também prevista a recolha de amostras para avaliar o estado da população em termos de infecção parasitológica e de anemia.

No quadro da estratégia de combate contra a malária, o governo angolano decidiu introduzir a pulverização domiciliária nas províncias de Benguela, Huíla e Namibe, tendo também lançado, desde Abril, o tratamento com COARTEM, uma nova combinação terapêutica baseada na artimisinina.

A introdução deste tratamento surgiu depois de vários estudos terem demonstrado que o plasmódio que causa a malária desenvolveu resistência à cloroquina.

A taxa de resistência ao tratamento com cloroquina, segundo dados oficiais, chega a atingir 60 por cento em algumas regiões do país, quando a OMS recomenda a mudança de tratamento no caso de a resistência ser superior a 25 por cento.

A malária é uma doença endémica nas 18 províncias de Angola, onde oito em cada dez pessoas que recorrem às consultas nos postos e nos centros de saúde angolanos sofrem desta enfermidade.

Esta doença é a principal responsável pelo absentismo escolar e laboral, além de representar 35 por cento da procura de cuidados de saúde em Angola e 20 por cento dos internamentos hospitalares registados no país.

A taxa de mortalidade situa-se entre os 15 e os 30 por cento, um valor elevado que as autoridades sanitárias atribuem à crescente resistência do parasita da malária aos tratamentos que têm sido utilizados, baseados na cloroquina e amodiaquina, o que levou o Ministério da Saúde a introduzir no país o COARTEM.

Em termos de prevenção, está a decorrer em todo o país uma campanha de informação sobre a malária, ao mesmo tempo que são distribuídas redes mosquiteiras tratadas com insecticidas de longa duração.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pelo menos não escamoteiam esta dura e triste realidade.
É altura do OGE angolano reforçar o budget para a Saúde.
Esperemos que os deputados saibam cumprir com as suas obrigações e obrigar o Governo rever o Orçamento da Saúde. Pelo menos, sempre podem tentar...
Kandandu
Eugénio Almeida

Anónimo disse...

Uma realidade que é do conhecimento oficial desde sempre...
Mas os esforços de ong's e organismos internacionais para ajudar no combate à malária em Angola, esbarram muitas vezes com a irresponsbilidade das autoridades governamentais.

A propósito dos problemas da saúde em Angola permite-me Orlando que conte aqui um pequeno episódio recente.

O Sr. Ministro da Saúde (que parece ser um homem sério) tomou posse e durante umas semanas estudou os dossiers e os funcionários do seu ministério. Depois num belo dia exarou um despacho demitindo todos os que não punham o pé no serviço, apesar de usufruirem de belas regalias como carros, casas e chorudos ordenados.

Pois caiu o "carmo e a trindade". Foi chamado ao Presidente JES (nem sequer lhe permitiram o patamar de ser chamado ao Primeiro Ministro), para ser "corrido". Mas como o Sr. Ministro era da UNITA e corrê-lo era capaz de azedar a UNITA, ele foi mantido, os funcionários "ruados" foram readimitidos (apesar dos protestos dos funcionários sérios membros do do Mpla).

E lá continuam alegremente usufruindo dos dinheiros que deveriam ser empregues no combate à malária e às outras pandemias que fazem com que Angola tenha uma das esperanças médias de vida mais baixas do mundo (4o anos se nnão me engano).

Quanto ao orçamento do Ministério se continuar a ser igual ao do ano transacto, será miserabilista, com mais de 50 por cente deste a ser atribuido à Secretaria da Presidência...