sexta-feira, dezembro 08, 2006

Aborto? Não, Obrigado!

Tal como no referendo anterior, a sociedade portuguesa mobiliza-se para discutir a questão do aborto, rotulada de interrupção voluntária da gravidez para que, creio, todos percebam melhor. Uns, os que já nasceram, não têm problemas em ser a favor do “sim”, a favor de uma lei que sabem nunca os atingir. Os outros, os do “não”, onde me incluo, não querem para os outros o que não querem para eles. Ou seja, se eu tive direito à vida… todos os outros devem ter o mesmo direito.

A tudo isto acresce que defender o “sim” é a mais pura e paradigmática forma de cobardia. Ou seja, se a sociedade não consegue dar condições de vida (aos pais, mas sobretudo às mães), então mate-se quem não tem direito de defesa.

Noutro patamar, seria mais ou menos como a sociedade não ter capacidade para combater o roubo de carros e, para resolver a questão, decidisse legalizar essa actividade, descriminalizando os autores.

Eu sei que, para muitos socialistas, sociais-democratas, comunistas e afins é mais fácil dizer a uma mãe que pode e deve abortar do que lhe dar condições de dignidade que lhe permitam criar o filho. Para mim isso é cobardia e aceitação da falência de uma sociedade solidária e digna.

Por isso: Aborto? Não, Obrigado!

(Se calhar, já que a legalização do aborto não tem efeitos retroactivos – é pena! -, a melhor forma de nos vermos livres de futuros políticos medíocres como os que agora proliferam por aí seria votar “sim”. Mesmo assim… voto “Não”).

Nota: Até ao referendo este texto terá direito à vida. Volta e meia estará por aqui.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá, Orlando! Eu não teria, obviamente, dito melhor! Beijinhos.

Manuel disse...

Também estou nessa!

Anónimo disse...

Confesso que para mim foi uma desilusão este seu post. Sempre me pareceu defensor das liberdades. E a comparação da interrupção da gravidez com o roubo de carros foi de cortar a respiração.

Numa sociedade livre não deveriam ser os pais, ou o casal progenitor, aqueles que gerem o orçamento familiar, que decide se naquela altura da vida de ambos têm ou não condições e estabilidade (económicas, psicológicas) para avançar com algo tão importante como gerar um ser?

Respeito a sua opinião mas discordo visceralmente. Sempre me pareceu que se batesse por valores de esquerda e liberais, afinal é tão defensor de uma Angola livre, onde os angolanos pudessem fazer as suas escolhas.
Parece-me que neste caso defende uma lei bastante opressora, diria mesmo ditadora. Como se eu ou o Sr. Orlando Castro (de quem eu tenho em muita estima) tivéssemos o poder ou a competência para ditar leis de falsos moralismos que atiram casais para a criminalidade.

Sabemos que existem métodos contraceptivos eficazes (99%) e também sabemos que existe muita informação, mas mesmo assim acontecem acidentes.

Vejamos caso a seguir:

• Você tem 19 anos, vai para fora do seu pais estudar com grandes ambições e muitos planos, aluga um quarto perto da faculdade e divide a casa com uma rapariga que, mais tarde, se torna sua parceira. Um dia surge um frúnculo na axila da sua parceira, faz febre e tem dores, vai a uma urgência e é medicada com antibiótico, o médico que prescreve a receita não adverte que o antibiótico corta o efeito da pílula. Resultado??? Surge uma gravidez indesejada num casal que trabalha para pagar as propinas da faculdade e que vive com carências, numa casa alugada pelos pais que estão em Angola.

Como este “acidente” não foi planeado, e como ambos não tinham a certeza de que a relação tinha futuro e porque não se trás um ser ao mundo por “acidente”, sem ter condições para oferecer um lar (pai, mãe, amor, um tecto e comida) decidem abortar, porque acham que eles têm esse direito.

Procuram ajuda médica adequada em vários centros mas a resposta é sempre a mesma: É ILEGAL, DIRIJAM-SE A ESPANHA!!!
Explicam como ocorreu a gravidez e a resposta é: TEMOS PENA, É ILEGAL DIRIJAM-SE A ESPANHA!!!

Conclusão: Falta-se as aulas, fazem-se umas horas extras para ter dinheiro e ir a Espanha pagar 600,00€ por um aborto.

Entramos em colisão com o sistema e com os nossos valores morais porque, acredite, não se toma essa decisão de ânimo leve. Não se faz por prazer como os do “NÃO” querem fazer crer.

Pergunto:
Sou criminoso???
Deveria um de nós (ou ambos) interromper os estudos e todos os planos, todas as esperanças dos pais que estão em Angola e que investem as poupanças nos filhos para trazer ao mundo e sustentar essa criança???
Deveria trazer essa criança ao Mundo e entregar aos cuidados do estado que não permite o aborto???
Deveria trazer essa criança ao Mundo e entregar ao cuidado do médico que receitou o antibiótico?

Talvez devesse trazer essa criança ao Mundo e entrega-la ao cuidado de todos aqueles que são a favor do NÃO a interrupção da gravidez.



Que faria se a sua filha de 15 anos aparecesse grávida do namorado de 16? Você cometia o crime de hipotecar o futuro desses 3 seres, dois jovens na puberdade e um bebe fruto de uma paixão de quem está a conhecer e a explorar o corpo humano agora?

Por favor deixem-se de falsos moralismos e votem SIM!!!


CRIME É OBRIGAR AS PESSOAS HIPOTECAREM O FUTURO PARA TRAZER, NA MAIORIA DAS VEZES, CRIANÇAS QUE VÃO SOFRER CARÊNCIAS.

M.N

Anónimo disse...

Meu cararíssimo amigo Orlando Castro, aqui está uma coisa que nos antagoniza - haja a Deus que além da dicotomia Porto-Benfica exista algo que nos ponho em divergência; qualquer dia até parecíamos uma "alma gémea"... nock, nock, nock, abrenúncio - mas falando a sério; apesar, e com toda a honestidade, ainda não ter ponderado se vou ao referendum e, no caso afirmativo, qual o voto, inclino-me neste momento para o NÃO; e não pelo não mas porque considero que esta lei que vai ser referendada dá um poder leonino - demasiado leonino - às mulheres como se fossem as únicas interessadas no assunto. serão elas que mandam, justamente, diga-se, no corpo. Mas quantas vezes não houveram gravidezes mal-contadas e depois de aproveitado o ganho se procurará anular a mesma?
Em circunstâncias normais diria SIM!
Ate porque para aturar certos abortos - basta nadar e ir até um determinado local do meio do atlântico-norte - que por aí andam mais vale provocá-lo logo no início.
Mas não tomemos todos por igual. até porque o Vaticano admite - assumo que vejo alguma televisão e esta aprendi com o CSI-NY - o aborto até às 10 (dez) semanas, (ainda não tive o privilégio de confirmar esta afirmação); ora se admite - ou aceita - porque tenta a Igreja portuguesa, contrariar um dogma estabalecido superiormente.
Até ao Referendum vou me colocar num campo que, muito sinceramente, me desagrada mas que penso ser o melhor para melhor pensar: o campo de "nem é peixe nem é carne". E no fim decidir em consciência.
Até porque a questão jurídica, de, o fecto, ser ou não ser um "ser jurídico" ainda não está suficientemente clarificada e, por outro lado, não gosto que entidades me obriguem a pensar por elas.
Como o meu caríssimo amigo gosto muito de pensar por mim. Defeitos que o nosso belo país nos fez o favor de transmitir.
Por isso é que não nos calamos... como eu agora que estou com uma tosse que,e em casa, dizem que não me calo...
Kandandu
Eugénio Almeida

Nota: o meu amigo sabe que é MN mas não se deve recordar.
Kdd
EA