terça-feira, agosto 21, 2007

ERC dá, e bem, razão a José Sócrates
(o chefe do posto sempre teve razão)

O órgão regulador dos media portugueses ilibou hoje o primeiro-ministro, José Sócrates, de alegadas pressões junto de alguns órgãos de comunicação social, mas um dos conselheiros da entidade discordou da decisão. E fez bem em ilibar. De facto, não estou a ver o chefe do posto a exercer pressões sobre os sipaios para estes darem uma carga de porrada nos contratados que se recusem a fazer o que o capataz quer.

Em Abril passado, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) convocou para audições vários jornalistas, directores de informação e os assessores de imprensa do primeiro-ministro, a propósito da notícia "Impulso irresistível de controlar", publicada no semanário Expresso sobre alegadas pressões exercidas pelo Governo junto da comunicação social.

Nada se provou contra o primeiro-ministro porque, importa dizê-lo, nada havia a provar. Todos nós sabemos que os jornalistas é que não compreenderam o papel pedagógico, ético e deontológico dos assessores de imprensa de José Sócrates, na sua grande maioria ex-jornalistas e futuros chefes ou directores de órgãos da comunicação social.

Na deliberação, que especifica três casos concretos analisados no processo, a ERC iliba a actuação de Sócrates, dizendo que não foi provada a intenção de impedir o jornal Público de investigar o seu percurso universitário e a Rádio Renascença de noticiar a investigação do jornal, sobre a polémica em torno da licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente.

No entanto, um dos quatro conselheiros que assinam a deliberação, Luís Gonçalves da Silva, discordou, defendendo que "existem elementos probatórios no processo que revelam a prática por parte do primeiro-ministro (tanto através da sua própria intervenção, como do seu Gabinete) de actos condicionadores do exercício da actividade jornalística, relativamente ao jornal Público e Rádio Renascença".

Quer-me parecer que, por muito que nos custe, temos todos de ir para uma qualquer universidade (in)dependente para compreendermos – repito - o papel pedagógico, ético e deontológico dos assessores de imprensa de José Sócrates, na sua grande maioria ex-jornalistas e futuros chefes ou directores de órgãos da comunicação social.

2 comentários:

António Balbino Caldeira disse...

Claro. Gostaria de comentar... Mas não posso. Fica o meu louvor pela sua clareza.

Anónimo disse...

"... na sua grande maioria ex-jornalistas e futuros chefes ou directores de órgãos da comunicação social."

Se me permite a observação: em vez de "social", não seria "oficial"?