segunda-feira, agosto 13, 2007

Rainha mestra de Angola comanda
teia internacional de muitos milhões

Isabel dos Santos, filha do presidente vitalício (tudo o indica) de Angola, continua a somar pontos no mundo económico, “retirando” ao pai o odioso ónus comum a todos os ditadores, nomeadamente africanos, de ter no estrangeiro os muitos milhões roubados aos milhões de angolanos que, 32 anos depois da independência e cinco após os acordos de paz, continuam a nascer com fome, a (sobre)viver com fome e – para não variar – a morrer de barriga vazia.

Se se olhar para Isabel sem a preocupação de se saber a origem do dinheiro que faz dela, aos 34 anos, uma das mulheres mais ricas do mundo, poderemos falar – fazendo fé, sobretudo, na opinião dos seus pares espalhados por todos os lados – de dinamismo, inteligência, profissionalismo, espírito empreendedor etc.. Tudo qualidades que, quando aliadas a dinheiro fácil, fazem de qualquer um exemplo. Exemplo bom para os que, directa ou indirectamente, comem na mesma gamela. Péssimo exemplo para os que, embora filhos das mesma nação, vegetam nos córregos das lixeiras para alimentar os filhos.

Para além dos negócios que se desconhecem (o segredo é a alma de muitos deles) Isabel tem peso no Grupo Espírito Santo, Portugal Telecom, Américo Amorim e Green Cyber .

E, como convém na linha sucessória dos ditadores, com Isabel está o seu marido, Sindica Dokolo, que abre caminho a mais negócios na República Democrática do Congo, país de origem de Dokolo, ele próprio filho de um multi-milionário cuja fortuna (a exemplo de Angola) resulta da exploração do povo e de negócios feitos com a criminosa conivência dos países ocidentais que, desde sempre, consideram que é mais fácil negociar com ditaduras do que com regimes democráticos.

Aliás, a prova de que as ditaduras são terreno fértil para os grandes negócios pode ser aquilatada pelo facto de a filha de Eduardo dos Santos ter também proveitosos negócios em parceria com israelitas.

Entre outros, é disso exemplo o empreendimento agrícola Terra Verde que, desde 2002, abastece não só a restauração de Luanda (na qual Isabel também tem interesses), como também as empresas diamantíferas e petrolíferas nas quais, mais uma vez, Isabel dos Santos tem responsabilidades. Acresce que a filha do presidente também participa na Sagripek, sociedade de agro-pecuária em que – veja-se – entram o Banco Africano de Investimentos (BAI) e os irmãos Faceira (parceiros da Escom e íntimos de Eduardo dos Santos).

No caso da sociedade Terra Verde, Isabel conta com o precioso apoio do russo Gaydamak, um empresário impoluto que fez fortuna de diversas formas ilegais, entre as quais o tráfico de armas para… Angola.

Terá este desiderato algo a ver com o facto de o MPLA, partido no poder desde a independência, em 1975, ser dirigido com pulso de ferro pelo seu pai?

Claro que não. O MPLA, o Governo e o presidente da república, ou seja, José Eduardo dos Santos, seriam incapazes de favorecer a filha do presidente, mesmo sabendo-se que todos os grandes e milionários negócios só são feitos se o dono do país assim o entender.

Dizer-se que Isabel dos Santos está intimamente ligada ao negócio dos diamantes e do petróleo é, com certeza, uma mentira. Dizer-se, como o fez há três anos a Partenariat Áfrique Canada, que Isabel tinha conta directa com a Tais que, por sua vez, era accionista da Ascorp, por sua vez, comprava diamantes de sangue, não passa – é bom de ver – de aldrabices que só visam manchar o bom nome da família Eduardo dos Santos.

Falso será com certeza o que a Antwerp Facet News Service, organização belga ligada aos diamantes, afirma. Ao dizer que a Angola Diamond Corporation é "detida pelo empresário Noé Baltazar e por Isabel dos Santos", e que explora uma das maiores produções de diamantes no Camutué, inicialmente adjudicada à Sociedade Mineira do Lucapa, "joint venture" da estatal portuguesa SPE com a Endiama, é com certeza mais uma falsidade.

Além de Noé Baltazar, Isabel conta com a ajuda do multi-milionário russo/israelita Lev Leviev, sócio da mina do Catoca, a maior deste país, e da única unidade de lapidação de diamantes de Angola.

É claro que, do ponto de vista oficial, a jovem filha de Eduardo dos Santos, bem como o seu pai, nada têm que os ligue a negócios menos claros. Pura e simplesmente são quem manda, sem que os seus nomes apareçam.

Para além disso, com os enormes paraísos fiscais do mundo ocidental, não é difícil pensar que a família real de Angola domina muitas das empresas europeias, mas não só. Não há continente onde, por via indirecta, a família de Eduardo dos Santos não tenha interesses.

Se calhar não é possível confirmar que Isabel participa, por exemplo, na Unitel. Mas uma coisa é certa, a Portugal Telecom diz que a Unitel teve receitas de 517 milhões de euros em 2006. Sabe-se que a empresa é presidida por Manuel Domingos Vicente, o presidente da Sonangol que Américo Amorim – íntimo de Isabel dos Santos - colocou na administração da Galp Energia e que é também administrador do banco angolano BAI e está ligado ao grupo Carlyle, fundo de investimentos norte-americano dominado por diversas figuras políticas, como o pai do actual presidente dos EUA.

Nota: Artigo publicado no semanário angolano «Folha 8»

3 comentários:

Anónimo disse...

E quando os brancos diziam: Como é que se vão orientar estes "matumbos"? afinal os brancos colonialistas não passavam de aprendizes...

Anónimo disse...

Estou aqui há uns bons minutos para me expressar quanto a isso, mas as palavras fogem-me da boca.
Sou angolano, tenho 29 anos. Não vi muita coisa, mas sofri um pouco com as consequências dessa guerra. Mas vale dizer o seguinte:
- Será que já nos preucupamos em perceber que democracia é essa nossa? Parece que o Tio Zé e a Mana Isabel e uns tantos Manos e Primos, criaram a DEMOCRACIA MERCANTILISTA.
- Acredito que aquela guerra que se travou ao longo dos anos, era uma guerra "deles". Agora passado a guerra o país desenvolve-se aos olhos de alguns e para alguns (para o Tio zé e para os Manos e Primos) e torna os seus negócios mais rentavéis. E os que lutaram, o que ganharam?
- Todos os dias nos enganam com números. Isso não enche barriga. Quando o trabalhador angolano passar a dormir sem se preocupar com o pão de amanhã, ai Angola terá mudado.
- Angola é um país rico para alguns, porque são esses alguns que negoceiam o pais em nome do "povo angolano", mas leva os lucros em nome próprio.
- Não me admirará nada se um dia chegar alguém a reclamar que o apís lhe pertence e que o queira desocupado, porque as ligações comerciais da Mana Isabel é surpreendente.
- Será que o Tio Zé, a Mana Isabel e os Primos têm sono relaxado, sem pesadelos? O Tio Zé pode ter, tá nisso há mais de 30 anos. Tem tumor no lugar do cérebro, mas não é maligno nem maligno, é malfeitor.
Tenho dito
Angolano Fustrado

Anónimo disse...

Nada que ja nao soubesse, por fofocas mal contadas, mas fico sempre supreendido com as teias que se desvendam, sinceramente estou chocado, tenho vontade de chorar por uma angola que me viu nascer e crescer...pobre de nós nas maos dessa gente, que o fim deles seje alegre... pois mais ninguem vai chorar por tao podre raça...