quinta-feira, outubro 04, 2007

Sindicato e jornalistas de Angola
solidários com Graça Campos

Nota de abertura: Artigo publicado no Notícias Lusófonas

«O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) e profissionais da classe manifestaram hoje em Luanda solidariedade para com o jornalista e director do "Semanário Angolense", Graça Campos, condenado quarta-feira a oito meses de prisão. Em comunicado divulgado pelo porta-voz do SJA, Teixeira Cândido considera "indispensável prestar ao seu filiado e a todos os integrantes do Semanário Angolense todo o calor humano".

Segundo Teixeira Cândido, o referido jornal tem "contribuído para a pluralidade da informação no país que está a dar os primeiros passos, depois de todas as vicissitudes que passou".

Por seu lado, o editor-chefe do referido semanário, Silva Candembo, salientou que, "a natureza deste suposto crime não dá cadeia efectiva de oito meses como o juiz espertalhão deu".

"Estamos muito solidários com o nosso colega e director e decididos a continuar a nossa tarefa, pois nada nos vai deter, não vamos nos calar, continuaremos a fazer o nosso trabalho e a prisão de uma pessoa não vai intimidar absolutamente ninguém", afirmou Candembo.

Para William Tonet, jornalista e director do semanário "Folha-8", trata-se de "mais uma situação anormal do poder judicial em Angola".

"Isso mostra que estamos a viver um momento de grande preocupação e que exige de todos uma profunda reflexão, porque o país e as instituições judiciais não estão bem. Está-se a cercear as liberdades de expressão, de manifestação, de movimentos e de imprensa", afirmou.

Já o jornalista Siona Casimiro considerou a prisão de Graça Campos "uma cena burlesca, uma caricatura da justiça com manifesto propósito de intimidar o exercício da liberdade de imprensa pelos seus agentes".

Em comunicado hoje divulgado na capital angolana, o Semanário Angolense, incluindo trabalhadores e direcção, alerta a opinião pública nacional e internacional para o que considera uma "manobra redutora das liberdades fundamentais num Estado, como o angolano, profundamente necessitado da afirmação do seu processo de transformação democrática".

"A imposição desta sentença denuncia, na prática, a persistência de uma viva resistência ao processo de reformas em curso em Angola", indica o comunicado do semanário.

Além de condenado a oito meses de prisão por injúria e difamação ao antigo ministro da Justiça Paulo Tjipilica, Graça Campos deverá ainda indemnizar o visado no valor de 250 mil dólares, pelos danos morais causados.

Em causa está um artigo publicado pelo Semanário Angolense, em 2004, onde se denuncia que o ex-ministro da Justiça tinha dado aval favorável à alienação das casas de antigos colonos que abandonaram o país, bens que foram confiscados pelo Estado angolano, deixando ao relento os novos donos que ali viviam há mais de duas décadas.»

Nota de fecho: Pois!

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