segunda-feira, dezembro 17, 2007

Violência e miséria com crianças angolanas?
- Nada disso. Perguntem a Eduardo dos Santos


Os municípios do Cazenga, Cacuaco e Sambizanga (falamos de Luanda) são os que apresentam, segundo o jornal Apostolado, os mais altos índices de violência contra crianças. Esta dramática realidade, extensível a todo o país, passa ao lado do Governo que, recorde-se, ainda a semana passada foi à ONU dizer que aposta forte na protecção e promoção do bem-estar social das crianças.

“São números alarmantes, são situações que nos deixam preocupados”, afirmou ao jornal a responsável pela organização provincial que trabalha em prol das crianças, Dorotheia Domingos.

Pois são. No entanto, a realidade (esta e milhares de outras) não entram nas preocupações do ministro da Assistência e Reinserção Social, João Baptista Kussumua, para quem – segundo o que propagandeou em Nova Iorque – “a questão da criança é uma prioridade do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que coordena as acções ligadas ao assunto de forma organizada e institucionalizada, através da comissão interministerial que trabalha em colaboração com o Instituto Nacional da Criança (INAC) e a UNICEF, além do Conselho Nacional da Criança”.

Devo, contudo, confessar uma dúvida que pode esclarecer o que se passa. Será que para o Governo de Eduardo dos Santos, crianças só são as que são filhas dos poucos que têm milhões? Para essas, é verdade, os donos do poder fazem tudo e nada lhes falta.

Embora sabendo que essas também são crianças, preocupo-me com as que – enteadas desde que são geradas até que morram – vagueiam nos caixotes do lixo dos hotéis de cinco (ou mais) estrelas de Luanda, nas lavras minadas da Katabola, Cuito, ou nos córregos sinuosos da minha eterna e amada Huambo.

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