domingo, janeiro 20, 2008

William Tonet ameaçado de morte (parte III)

Com o dedo no gatilho, como se matar jornalistas fosse a solução, os inimigos da democracia e do pluralismo político em Angola escreveram ao William Tonet a carta que a seguir transcrevo. Carta anónima, como é óbvio. Os autómatos que a escreveram, os acéfalos que a mandaram escrever, os mentecaptos que estão de acordo com ela podem, contudo, ter uma certeza: podem matar o mensageiro, mas nunca calarão a mensagem.

«Nós só lhe queremos avisar que o senhor tem estado a pisar o risco vermelho, por muitas vezes, principalmente contra os generais e alguns dirigentes deste país. Você se coloca como advogado dos ditos autóctones, mas fique a saber que estes não lhe vão ajudar quando te tomarmos medidas drásticas.

A sua raiva, não deve ser atingida a todos nós pois não temos nada a ver se o senhor foi ou não reconhecido pela Presidência da República, pelo que fez no Moxico, nos acordos do Luena e onde se diz haver uma dívida para consigo.

Se é isso deve resolver junto de quem lhe deve e não meter-se connosco e denegrir a nossa imagem.

Somos militares e oficiais superiores e ainda mandamos neste país e podemos mais tarde ou mais cedo aplicar-lhe medidas activas, pois estamos fartos das suas criticas e denúncias contra nós.

Por outro lado só queremos lhe avisar também para parar por não adiantar continuar a ser advogado do seu amigo Miala, pois ele está a sentir o peso do nosso poder. O poder de quem manda mesmo neste país.

O nosso poder real e efectivo. Por isso lhe avisamos que não vai haver lei, para lhe defender, por termos o controle de tudo e de todas as instituições. Ele vai ficar mesmo lá. Preso e não vale a pena sonhar que o comandante-em-chefe lhe vai safar.

Quando você defende o Miala apostou no cavalo errado pois ele não se importará amanhã de lhe fazer mal, de trair, como fez a muitos de nós que o ajudamos no passado e, no final queria tirar-nos o nosso dinheiro e desgraçar a vida das nossas famílias.

Ele está a pagar a ousadia de tentar desvendar a vida dos outros inclusive do camarada presidente e agora parece que lhe está a utilizar e ao seu jornal, como se ele fosse a vitima.

Não é vitima. Ele sabe o que fez e sabe que iríamos reagir desta maneira, para salvaguarda do poder real.

Por aí você já pode ver que está a ser utilizado, por um homem que nunca mais vai ser ninguém neste país. Assim estás a ser burro, pois ele não vai te dar os milhões que te prometeu, porque vamos lhe tirar tudo, o mesmo que nos queria fazer.

Ele vai andar na rua da amargura, por ter tido a ousadia de querer mostrar ao mundo que é o mais honesto de todos e os outros é que roubam, então vamos lhe mostrar que também sabemos fazer as coisas, mais do que ele pensava e fazendo recurso a própria lei, que hoje controlamos. Não é a toa que nos principais órgãos da Justiça, tais como a Procuradoria Geral da República, o Tribunal Supremo e mesmo o novo Tribunal Constitucional, temos a sua testa generais, que têm primeiro de cumprir as orientações militares e só depois discutir, se tiverem tempo.

Ele estava a pensar que era intocável e está atrás das grades. Está bem preso e já vai com sorte porque não o matamos, mas se você não parar pode ter a certeza que é lá onde você poderá ir também ou para outro sítio pior. Como quem avisa amigo é aconselhamos a parar com a tua assanhadice de quereres ser herói, pois fica a saber que aqui os heróis morrem mesmo.»

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