domingo, fevereiro 10, 2008

Angola não se esgota no MPLA e na UNITA

De acordo com o que se vai entendendo nas linhas e do que se vai subentendendo nas entrelinhas, as eleições em Angola vão deixar tudo na mesma. A democracia em África significa, parece significar, não a alternância de poder mas, antes e apenas, a legitimação pelo voto de quem está no poder e lá quer continuar.

A UNITA, com excepção de um outro caso, vai dando tiros nos próprios pés e, é claro, o MPLA vai facturando. Assim sendo, fico cada vez mais com as certezas que já tinha, com as dúvidas que sempre me acompanharam e com o cepticismo de quem acha que os actuais políticos angolanos não são uma solução para o problema mas são, isso sim, um problema para a solução.

De uma vez por todas, os angolanos não podem fazer uma escolha entre o mal menor. Têm de escolher o melhor. Mas não há alternativas, dir-me-ão. É verdade. Mas se as não há, é preciso criá-las. Talvez seja altura de aparecerem novos partidos, novos políticos e uma nova sociedade.

Se, embora com grandes dificuldades, Angola consegue dar um positivo sinal da sua pujança intelectual através da Imprensa privada (mau grado as grilhetas que lhe são impostas pelo democrático poder dos que mandam), certamente que poderá também capitalizar no contexto político o saber dos muitos quadros que não alinham com o estado actual das coisas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu Caro Orlando

Mais uma vez estou em desacordo, daí o reparo.

Todas as pessoas dentro e fora de Angola (fora de Angola, as informadas que se interessam pelo País), já perceberam que o Mpla tem todos os meios na mão, e poderá repetir o que fez em 1992. Ou seja manipular os "media" e através destes, a opinião pública internacional, manipular os observadores, manipular as instituições, agências e ong's. O facto de ter à sua disposição milhares de milhões de dólares (é isso mesmo, sem contabilizar os bónus que receberá dos concessionários dos novos blocos petrolíferos abertos à exploração, o governo angolano/Mpla já pediu emprestado 12 mil e 600 milhões de dólares nos últimos 3 anos - ou utilizando o modo americano de escrever 12,6 biliões de dólares), que não são controlados, permitindo-lhes comprar muitas consciências, muitos media, muitas instituições. Também é verdade que as armas TODAS estão nas suas mãos. Ou seja a violência, a pressão através do terror está nas mãos do governo angolano/Mpla e não nas dos seus opositores. Tudo isto pode pressupor que as eleições são favas contadas.

Mas não são, e para isso é preciso que todos os angolanos dentro e fora do País comecem a pensar e a actuar de maneira diferente. Ainda temos sete meses.

É preciso pensar que os partidos não são todos iguais. Não podemos considerar que os que nunca estiveram no poder vão agir do mesmo modo que o Mpla. Muitos políticos são sérios (mesmo alguns do Mpla) e pensar que a UNITA ou qualquer outro partido de oposição actuará do mesmo modo que o Mpla se ganhar as eleições, é um erro, sem qualquer base.

É preciso acreditar nos angolanos, que sabem a verdade sobre quem matou, quem roubou, quem os trata indignamente, quem todos os dias os obriga a mendigar o pão a que têm direito.

É preciso acreditar na juventude que se mostra inconformada e pronta para a mudança.

É preciso acreditar nos jornalistas independentes, que mesmo correndo riscos de vida diários continuam a contar a verdade.

É preciso acreditar nas igrejas, em todas elas, que acodem à miséria em que o Povo Angolano vive.

Em resumo, os textos cheios de mágoa são dispensáveis. Porque a mudança que se espera é alegre. A cantar ainda vamos conseguir ultrapassar esta cleptocrática élite do Mpla.

Que a oposição se una e que deixam os Angolanos votar, o resultado vai surpreender o mundo e alguns jornalistas.

Uabalumuka
Emanuel Lopes