terça-feira, março 25, 2008

Cuito Cuanavale: MPLA festeja o quê?

A Manchete de hoje do Notícias Lusófonas (http://www.noticiaslusofonas.com/) merece ser lida com toda a atenção. Emanuel Lopes é o autor de um artigo que, para além de mostrar que o rei Eduardo dos Santos vai nu, desmonta a propaganda do MPLA sobre a batalha do Cuito Cuanavale. Com a devida vénia, reproduzo o texto da referida manchete.

«Na ultima semana, o Mpla/governo angolano, festejou o 20º Aniversário da chamada Batalha do Cuito Cuanavale, com muita pompa e circunstância, com convidados ilustres e gastando o dinheiro do Povo que não chega às bocas famintas de muitas crianças. O que está por detrás destas comemorações? O que leva o Mpla/Governo angolano a comemorar uma das muitas batalhas que se travaram durante 27 anos de guerra fratricida?

1º Objectivo: Provocar a tensão na sociedade angolana

Sabendo que a UNITA considera ter vencido essa batalha, comemorá-la como se fosse uma vitória das forças fapla/russas/cubanas visa provocar a UNITA, (aliás como outras atitudes de elementos do governo e do Mpla nos ultimos dois meses) tentando levá-la à violência, pelo menos verbal. O que se mostra absurdo, pois a UNITA e a oposição angolana, já perceberam os motivos da provocação.

2º Objectivo: Clarear e mudar a História

Começa a ser hábito do Mpla, tentar adaptar a História às suas necessidades. Se alterar a História resultou parcialmente no passado, com a globalização e os trabalhos científicos que vão surgindo não funciona. O Mpla ainda não aprendeu. Continua seguindo a máxima nazi de que se insistir mil vezes numa mentira ela pode ser vista como uma verdade. Mas não funciona.

A batalha do Cuito Cuanavale começou em Setembro de 1987, com uma ofensiva das forças coligadas fapla/russo/cubanas tentando chegar à Jamba. Um exército poderosamente armado, com centenas de blindados e tanques pesados, artilharia auto-transportada e outra, apoiado por helicópteros e aviões avançaram a partir de Menongue.

Depois da batalha, o General França Ndalu, veio dizer a um jornalista que o objectivo não era esse, mas sim cortar o apoio logístico à UNITA. O que é visivelmente uma desculpa, porque o apoio logístico era feito de sul e do leste para a Jamba e nunca entre o Cuito Canavale e o rio Lomba.

Pela frente a coligação encontrou a artilharia e a infantaria da UNITA (Fala), organizada em batalhões regulares e de guerrilha, apoiados por artilharia pesada das forças sul-africanas. Com o avolumar da ofensiva, a África do Sul coloca na batalha mais infantaria, blindados e helicópteros.

A batalha durou mais ou menos seis meses. As forças fapla/russo/cubanas, com dezenas de milhares de homens na ofensiva, não conseguiram passar de Cuito Cuanavale.

Segundo os analistas imparciais, as perdas dos dois lados foram as seguintes:
Do lado UNITA/África do Sul – 230 militares da UNITA, 31 sul-africanos, 3 tanques, 5 veículos, 3 aviões de observação.

Do lado fapla/russos/cubanos – 4600 homens (dos quais não se sabe quantos foram russos, cubanos ou soldados das fapla, mas segundo os arquivos russos, já consultáveis, as perdas russas nesta batalha poderão ultrapassar a centena), 94 tanques, 100 veículos e 9 Migs.

A batalha acabou em Março de 1988 com a retirada das forças fapla/russo/cubanas para o Menongue.

As consequências foram diversas. O exército cubano aceita retirar-se de Angola. A África do Sul aceita que a Namíbia ascenda à independência, desde que os seus interesses económicos não sejam tocados, que a Namíbia continue dentro da união aduaneira que tem com a RAS e que o porto de Walbis Bay (o único da Namíbia) continue a ser administrado pela RAS. O Mpla aceita finalmente entrar em negociações com a UNITA (o que virá a acontecer em Portugal), aceita o pluripartidarismo, aceita as eleições.

E a UNITA, o que teve de ceder? Nada. Os seus bastiões continuaram intocados, nenhuma linha logística foi tocada, o seu exército não teve perdas em homens e material significativas.

Mais ou menos um ano mais tarde, e já na mesa das negociações, o Mpla tentará uma segunda ofensiva, de novo com milhares de homens, tanques, veículos, helicópteros e aviões. Foi a chamada operação “Ultimo Assalto”, e mais uma vez será derrotado, desta vez sem os sul-africanos estarem presentes.

Em resumo, se houve vencedores, não foram as forças do Mpla e os seus aliados.

3º Objectivo: Ajudar Zuma a conquistar o poder

Não é segredo que o Mpla/governo angolano não nutrem especial carinho pelo governo sul-africano e pelo seu Presidente. Por diversas vezes isso foi patente quer com Nelson Mandela, quer com Thabo Mbeki como presidentes. Não importa referir porquê, mas talvez o facto de Thabo Mbeki ter passado largos meses nas prisões do governo angolano sem qualquer culpa formada, explique a “inimizade”.

Quando Zuma conseguiu ganhar a Presidência do ANC, apoiando-se nas bases mais extremistas deste partido, o governo angolano foi o primeiro a felicitá-lo. Mas não chega a Zuma tais felicitações, pois enfrenta um processo por corrupção na justiça sul-africana.

Assim, se quer ser o candidato do ANC nas próximas eleições Zuma, precisa de dinheiro e prestígio para ser candidato antes do julgamento, levando a que este não se realize. Quem melhor para o ajudar do que um governo com muitos sacos azuis e estruturalmente corrupto como o do Mpla?

Então que comemora o MPLA? Nada a não ser o que a sua propaganda inventa.»

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