segunda-feira, março 24, 2008

MPLA vangloria-se em festejar a morte
como se os angolanos não fossem gente

O presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, Jacob Zuma, está em Luanda onde garantiu que manterá "relações especiais" com Angola.

A garantia solene foi dada durante a visita que Zuma cumpre desde quinta-feira a Luanda, a primeira ao exterior desde que foi eleito, em Dezembro passado, presidente do ANC, e que teve o seu ponto mais alto com um encontro que manteve com o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, também presidente do MPLA, partido no poder em Angola desde... 1975.

Zuma defendeu a necessidade do reforço das relações de cooperação entre ANC e MPLA que "muito poderão ajudar os povos da região e não só".

A batalha do Cuito Cuanavale, que levou à assinatura dos acordos de Nova Iorque, que ditaram a retirada das tropas cubanas e sul-africanas do país em 1988 e em que estiveram em confronto as forças governamentais angolanas, com auxílio de efectivos militares cubanos, e tropas da UNITA, militarmente apoiadas pelo exército regular sul-africano, foi tida como a mais sangrenta de África após a segunda Guerra Mundial.

Numa das suas brilhantes tiradas, o presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, Jacob Zuma, diz que o Cuito Cuanavale deve transformar-se em local de peregrinação.

Segundo Jacob Zuma, "Cuito Cuanavale é um dos locais mais importantes da África Austral e a derrota infringida às forças do Apartheid, nesta região, mudou o rumo político e a história de libertação da África Austral, culminando com a independência da Namíbia e a libertação da África do Sul".

Com esta forma de reescrever a história, Zuma dá não uma mão mas o corpo inteiro ao seu velho amigo Eduardo dos Santos. Esquece-se, contudo, que em matéria de potências regionais está a pedir ajuda ao leão para derrotar o gato bravo. Depois de comer o gato, o Leão vai comê-lo a ele.

Na capital angolana, o líder do ANC visitou ainda o Comité Provincial de Luanda do MPLA e o marco histórico de Kifangondo, sítio onde, em 11 de Novembro de 1975, forças coligadas da FNLA e do então exército zairense foram travadas pelas FAPLA e os seus aliados cubanos.

O actual governo de Angola, dominado de fio a pavio pelo MPLA, está apostado, perante a passividade da comunidade internacional, em comemorar supostas vitórias sobre os “inimigos” angolanos. Festeja o que diz ser uma vitória sobre a UNITA no Cuito Cuanavale e, já agora, sobre a FNLA em Kifangondo.

Esta coisa de festejar a morte de angolanos não me parece boa ideia. Mas como o MPLA tem o monopólio e a exclusividade das boas ideias, até se calhar ainda vai ser nomeado para o Nobel da Paz.

Como nota de rodapé registe-se que os problemas de Zuma com a justiça começaram em 1999, num processo que implicava o grupo de armamento francês Thales. Em 2005, Zuma foi demitido do cargo de vice-presidente da África do Sul depois de o seu conselheiro financeiro Schabir Shaik ter sido condenado a 15 anos de prisão no âmbito do processo Thales.

Presumíveis luvas de quatro milhões de rands (cerca de 400.000 euros) terão sido pedidas por Shaik à empresa francesa para subornar elementos no partido e no governo numa compra milionária de armamento.

Na altura, Zuma chegou a ser acusado de corrupção, mas, em Setembro de 2006, o processo foi abandonado por falta de provas.
Em 2006, o novo líder do ANC respondeu por alegada violação de uma familiar e chocou os activistas anti-sida quando confessou, por ter praticado sexo sem preservativo, que dissipou o perigo de contágio tomando um duche.

Ver também, entre outros:
Quererá o MPLA o regresso à guerra? - Pelo menos está a fazer tudo para isso; Famintos arautos do MPLA confundem o grito da onça com o miar dos gatinhos.

Sem comentários: