terça-feira, março 18, 2008

Ser néscio é, também, meio caminho andado

Sobejam os exemplos neste Portugal dos pequeninos dos que se põem em bicos de pés para mandar calar os outros, retirando-lhes um dos mais elementar direitos – o de opinião. Quanto menos opinião, melhor. Quantos mais “sins” melhor ainda.

Por vias indirectas, mas quase todas com o rabo de fora, o poder em Portugal (de que outro país poderia ser?) está a criar verdadeiros arautos da verdade absoluta, autómatos da subsistência a qualquer preço.

Alguns vão acrescentando, seguindo o espírito criativo do chefe, “esteja calado e ouça... se quer comer”.


Em Portugal (de que outro país poderia ser?) esta praga domina de tal forma os diferentes poderes que, sinceramente, começo a pensar que mesmo não ouvindo o melhor é estar calado.

Aliás, como diz o meu merceeiro recordando-me uma história já velha deste Portugal (de que outro país poderia ser?), nada melhor para não errar do que nada fazer. Ou seja, estar calado e ouvir, comer e calar porque, afinal, “eles querem, podem e mandam”.

E que querem, querem. E que podem, podem. E que mandam, mandam. Não admira, por isso que em Portugal (de que outro país poderia ser?) sejam cada vez menos os que se acham no direito de ter e de manifestar uma opinião diferente da do chefe.

Até eu que tenho um grave “defeito” de fabrico, o de ser o que sou e não o que os outros querem que eu seja, moldado nas terras de gente boa (Angola), fui ao arquivo recuperar a tese de que entre um néscio bem cunhado e um génio, a escolha é inequívoca: os néscio é que mandam.


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