quarta-feira, abril 23, 2008

Obviamente demito-me de sócio
da Casa de Angola em Lisboa (II)

Como complemento ao meu anterior artigo recebi do meu querido amigo Uabalumuka (Emanuel Lopes) o texto que se segue e que, de facto, é relevante. Quanto ao pedido que me fazes, caro companheiro e irmão, nada feito. A minha coluna vertebral, embora já meia curvada pelo mau uso que lhe tenho dado, continua cá e por muito que a tente deixar em casa… não consigo:

«A Casa de Angola foi criada em 1971, herdando alguns dos sócios e património cultural da Casa dos Estudantes do Império. Uma delegação que se deslocou propositadamente a Angola, conseguiu uma pequena fortuna para a época, doada por empresários e empresas da altura. Tal permitiu que fosse comprada por um preço avultado a sede que ocupa hoje e que era a moradia familiar de Cassiano Branco, o famoso arquitecto de Lisboa.

Esse dinheiro permitiu-lhe a sobrevivência até os revolucionários ligados ao Mpla a assaltarem em 1974. Em 1976 uma bomba (nunca se soube bem de quem), danificou gravemente a sede.

Em 1992 um grupo de antigos sócios tentou recomeçar. Não conseguiu e o dinheiro conseguido para a reabilitação (de donativos) desapareceu.

Em 1997/98 um grupo dirigido pelo Dr. Edmundo Rocha reabilitou a associação e conseguiu graças ao esforço de Carlos Beli Belo, um financiamento da Sonangol para a reconstrução da sede.

Em 2000 esse grupo foi destituído, e a direcção da Casa foi ganha por uma lista afecta ao Mpla, passando a haver até reuniões de células deste partido dentro da Casa.

É evidente que fizeram na Casa o que fizeram em Angola. Pelos meus cálculos os desvios devem ter chegado aos 200.000 euros.

Numa eleição manipulada a mesma direcção foi eleita para o triénio 2004/2007.

Em 2005, porque da direcção já não existia quase ninguém e porque o presidente foi afectado por uma doença do foro neurológico, esta foi destituída sendo eleita uma direcção em que se misturavam os partidos angolanos. É essa direcção que existe hoje.

Mas convém realçar o seguinte - para além do financiamento para a reabilitação do prédio dado pela Sonangol, NUNCA o governo angolano ou a Embaixada de Angola deu algum subsídio ou financiamento à Casa.

Esta sobreviveu das poucas quotizações e dos cursos de formação profissional dado a jovens angolanos e pagos pelo governo português.

Aliás o facto de estes terem acabado, juntamente coma inoperância da actual direcção, levou a Casa à falência.Inoperância que é visível neste jantar, que irá decorrer num espaço sem condições e já proíbido de servir refeições pelas entidades competentes, alugado por uma senhora que deve à Casa de Angola, anos de rendas.

Bom este apontamento é só mesmo para esclarecer os aspectos que referes.

Sem apelar a nenhuma teoria da conspiração é visível a tentativa de manipular a opinião das pessoas e do futuro da Casa de Angola, com esta acção.

O que as autoridades angolanas envolvidas, pretendem é provocar a divisão entre os angolanos presentes em Portugal.

Gostava que não te demitisses de sócio, será menos um para combater estes senhores que se preparam para se adonarem de um espaço que pertence aos angolanos em Portugal e não a nenhum partido angolano.»

1 comentário:

ELCAlmeida disse...

Apesar de, por razões óbvias, nomeadamente porque também ainda faço e com muita honra parte desta Direcção, não concordar com uma parte significativa das acusações do Emanuel Lopes, dado que ele não conhece, totalmente - o que é natural já que é, apesar de ilustre, um simples sócio da Casa de Angola -,o que se passa na Casa de Angola, admito, talvez, por não ter sido possível, até ao momento, convocar uma Assembleia-geral onde muita coisa será escalpelizada e esclarecida, reitero o que já anteriormente te pedi.
Que voltes a reflectir e recues - uma atitude sensata não é sinónimo de vergar mas de muita coragem (que ninguém, mas mesmo NINGUÉM, pode pôr em causa) - no teu pedido de desvinculação.
O Emanuel, inteligentemente, evoca uma das razões que considera importantes e que subscrevo.
Kandandu amigo
Eugénio Costa Almeida