domingo, abril 06, 2008

Para chegar a Bruxelas será preciso
uma escala em Uagadugu ou Harare?

O líder nacional do PSD, Luís Filipe Menezes, defendeu hoje, no Funchal, que, mais do que uma revisão, o país precisa é de uma nova Constituição. Não será antes a Constituição que precisa de um novo país? Ou, melhor, não será que todos precisamos não só de uma nova Constituição como de um novo país?

Menezes sustenta sua tese dizendo que é necessária uma "nova Constituição que defina, entre outros pontos, outras formas de organização jurídico-constitucional, outras regras no relacionamento do Estado central com as autarquias e regiões".

Se calhar, digo eu, seria mais simples outras regras no relacionamento do Estado com as pessoas. Sim, é que ao contrário do que pensam os donos do poder (político, partidário, económico etc.) Portugal é formado por pessoas e não, como cada vez mais acontece, por autómatos numerados.

Sobre as batalhas que o partido tem no horizonte, Luís Filipe Menezes argumentou que o PSD "está no bom caminho", apontando que até já tem "um líder nacional, cheio de defeitos, que é tão atacado e criticado como o presidente do Governo Regional da Madeira" que quer um partido voltado para as políticas sociais.

Se calhar até está no bom caminho. Falta é saber se esse caminho vai em direcção a Bruxelas ou ao Burkina Faso. A fazer fé nas críticas do PS, o PSD está a caminho do norte de África. A acreditar nas críticas de supostos sociais-democratas, tipo José Miguel Júdice ou Pacheco Pereira, está já na fronteira do Zimbabué.

Ao garantir que "a partir de 2009 serão as estruturas locais do PSD a definir quem querem que os represente no parlamento nacional," creio que o PSD está no bom caminho, mesmo que para chegar a Bruxelas tenha de fazer escala em Uagadugu ou Harare, ou conversar com Blaise Compaoré ou com Morgan Tsvangirai (se calhar ainda será com Robert Mugabe).

Não será certamente uma escala demorada porque, por este andar, quando o PSD lá chegar terá à sua espera o grosso dos portugueses que estão a ser levados, à grande, pelo primeiro-ministro, José Sócrates.

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