domingo, maio 25, 2008

A anunciada montanha do MIL
nem um rato parece capaz parir

«Que é feito do MIL - Movimento Informação é Liberdade?», perguntava um dia destes Manuel Pinto no “Jornalismo & Comunicação”. Pelos vistos ninguém sabe. O mais recente texto publicado no blog da organização data de 30 de Janeiro.

O silêncio (certamente construtivo dado o altíssimo nível profissional dos jornalistas fundadores e dos que a seguir se juntaram) deve reflectir - digo eu - o estado das coisas no jornalismo “made in Portugal”.

Centenas de jornalistas estão (ainda estão?) inscritos no MIL, entidade portuguesa que no início deste ano anunciava para breve uma comissão organizadora para promover uma assembleia geral para eleição dos seus órgãos sociais.

Não faço parte do MIL porque, como aqui escrevi a 27 de Janeiro, me recuso a fazer figura de urso só porque isso convém à estratégia de marketing do director do circo.

De acordo com o MIL, “o objectivo, a curto e médio-prazo, é muito simples: o MIL será interlocutor em todos os processos de discussão de matérias de interesse para a classe dos jornalistas, como por exemplo a autoregulação e o acesso à profissão”.

E se o mais relevante para os jornalistas, “a curto e médio-prazo”, é a “autoregulação e o acesso à profissão”, não tenho dúvidas de que o MIL está (ou estava) a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada, valorizando o acessório e esquecendo o essencial que, digo eu, vai muito além do umbigo de alguns, tenham ou não experiência curricular nas assessorias políticas e ou empresariais.

Quando o principal problema dos jornalistas portugueses é a perda da liberdade de expressão, não aceito fazer figura de urso só porque o primeiro-ministro é convidado de honra do circo mediático.

Quando, por questões de sinergia, se tenta uniformizar a informação de modo a cercear a diversidade de visões sobre o mesmo assunto (diapasão da liberdade), não aceito fazer figura de urso só porque o dono circo mediático viu o “urso” propriamente dito ser colocado como assessor de um qualquer político.

Quando, já ao dobrar da esquina, está a certeza de que um jornalista terá de escrever sobre o mesmo assunto para os jornais “A”, “B” e “C”, emitir o som para a rádio “D”, a imagem para a televisão “E” etc., vir-se dizer que a curto prazo devemos estar preocupados com a auto-regulação e com o acesso à profissão, é querer tapar o sol com uma peneira… sem sequer ter peneira, embora tendo peneiras.

Os jornalistas, os do MIL e muitos outros, estão como o tolo no meio da ponte. Não sabem se devem ir para a frente ou para trás. No entanto, preocupados com essa dúvida existencial, ainda não repararam que, afinal, nem ponte há...

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