domingo, maio 04, 2008

MPLA ainda mantém o preconceito
sobre “os portugueses de ocasião”

“Na sua primeira visita a Washington em cerca de 20 anos, Paulo Teixeira Jorge, secretário do MPLA para as Relações Exteriores, disse que a América já ultrapassou o preconceito que a levava a tomar Angola como um regime comunista”, escreve Luís Costa, da Voz da América.

Em função desta incursão ao berço do imperialismo, espero (reconheço que com ansiedade) pela visita, mais uma, de Paulo Teixeira Jorge a Portugal para ver se Lisboa também ultrapassou alguns dos preconceitos que tinha (e quanto a mim continua a ter) não em relação aos angolanos de primeira (os do MPLA) mas aos de segunda (todos os outros).

É que nesta altura de eventual campanha eleitoral, os sipaios do MPLA reeditam a tese que há sete anos foi defendida pelo secretário para as relações exteriores do partido que (des)governa Angola desde 1975, Paulo Teixeira Jorge, que na altura criticou o Governo português por, nas suas palavras, permitir que "portugueses de ocasião" interfiram nos assuntos internos de Angola.

O MPLA terá já ouvido, pelo menos desde que começou a falar em eleições para 2008, falar de democracia. Não sabe o que é e nem está interessado em saber. E, assim sendo, julga-se no direito de dar palpites sobre um Estado de Direito, algo que não se pode dizer a propósito da actual Angola, em cujos quintais proliferam acéfalos disponíveis para fazer tudo o que o camarada presidente quer.

"Existe o princípio universal da não ingerência nos assuntos internos (de outro Estado) e eu creio que Portugal, através dos órgãos competentes, poderia recomendar a esses ditos portugueses (elementos afectos à UNITA que vivem em Portugal) para não se meterem nos assuntos internos (de Angola)", afirmou na altura Paulo Teixeira Jorge, referindo-se ao facto natural de Portugal ser um dos países onde a UNITA teve, tem e terá mais adeptos, por muito que isso custe ao MPLA, por muitos dólares que invistam para comprar consciências.

Portugal, convirá que o MPLA o entenda de uma vez por todas, é uma nação livre. Mais livre umas vezes do que outras, é certo, mas livre. Coisa que Angola não é. Lá, por ordem dos amigos do camarada presidente, nem existe nação nem liberdade.

Por isso, conviria que o MPLA se preocupasse antes em dar palpites para o Futungo de Belas ou para outra quinta qualquer... enquanto tem tempo. De qualquer modo, quando lhe faltar o tempo, o camarada presidente e os seus acólitos poderão sempre vir também para Portugal. Não será difícil dar-lhe o estatuto de «português de ocasião».

"...Eles são portugueses de ocasião, fundamentalmente são angolanos que se tornaram portugueses depois da evolução da situação em Angola", dizia Paulo Teixeira Jorge, para quem o Governo português também deveria "chamar a atenção" dos elementos da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) que se encontram em Portugal.

O Governo português só não deverá chamar a atenção aos acólitos do camarada presidente. Não há dúvida de que o MPLA continua a pensar, certamente devido às boas amizades com a dupla Sócrates/Barroso, que Portugal se assemelha a Luanda.

E, se calhar, até tem alguma razão. A maioria dos acólitos do camarada presidente critica mas nunca bate palmas. E não bate palmas por que se o fizesse caía das árvores.

1 comentário:

Anónimo disse...

Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade