domingo, junho 08, 2008

Protagonismo dos militares angolanos
não é bom para a tranquilidade eleitoral

Ao mesmo tempo que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Angola, Francisco Pereira Furtado (foto), dizia que a as FAA garantirão condições para que os cidadãos angolanos exerçam o direito de voto, num clima de absoluta tranquilidade, paz e sentido patriótico, o procurador militar, Hélder Pitra Grós, defendia a necessidade das FAA continuarem apartidária, tendo em conta a sua missão de manter, entre outras, a unidade no país.

Não havendo (tanto quanto sei) ameaças externas, a afirmação do general Furtado quererá dizer que há ameaças internas que as forças policiais poderão não conseguir controlar?

Se não é isso que quer dizer, qual será a necessidade de o chefe do Estado-Maior vir dizer publicamente que os militares “garantirão condições”?

Se as FAA têm tudo sob controlo ("estamos certos que, no âmbito da missão das forças armadas, e ante o ambiente de paz no país, estas eleições decorrerão num clima de absoluta tranquilidade e sentido patriótico", afirmou o general Furtado), que necessidade tem Hélder Pitra Grós de vir a público defender a necessidade que as FAA devem continuar apartidárias?

Às FAA, creio eu que é isso que diz a Constituição, cabe defender e proteger Angola contra qualquer acção atentatória a sua legitimidade enquanto país soberano.

Temo, por tudo isto, que quando os mais altos responsáveis das FAA sentem necessidade de dizer que a estrutura militar deve continuar apartidária estão, implicitamente, a influenciar o sentido de voto da população.

Temo, ainda, que ao trazer voluntariamente para a praça pública estas afirmações, os responsáveis militares estão a dizer muito mais do que aquilo que as suas palavras significam. Estão, de facto, a fazer campanha eleitoral, embora sob a máscara da equidistância
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