terça-feira, julho 15, 2008

Alemanha e ONU defendem criminosos

A chanceler alemã Angela Merkel e até próprio o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, revelaram hoje algumas reservas quanto ao mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente do Sudão, Omar al-Bashir.

Ou seja, ambos são da opinião de que o mandado emitido por ordem do promotor-chefe do TPI, Luis Moreno Ocampo, pode pôr em risco os esforços de paz da ONU na região sudanesa de Darfur onde já morreram mais de 300 mil pessoas. E então nada melhor do que deixar um criminoso continuar a matar, continuar a acabar com um povo indefeso. Não está mal.

Merkel e Ban Ki Moon sublinharam a independência do TPI mas acrescentaram que, no entanto, a paz e a justiça “devem andar de mão em mão”. Se possível, como é a tese de al-Bashir, de mão... armada. Por outras palavras, como se tem medo que a justiça ponha em causa a paz, o melhor é deixar tudo como está. E, digo eu, se em Darfur já morreram 300 mil, bem podem morrer mais uns milhares que nem Merkel nem Ban Ki-moon vão deixar de dormir por causa disso.

O secretário-geral da ONU lembrou, neste contexto, que há actualmente 16 mil voluntários nas missões internacionais em Darfur que prestam assistência a cerca de quatro milhões de refugiados e expatriados, sublinhando que “é preciso proteger” os que prestam tal ajuda humanitária.

Que raio de lógica. Urge proteger os voluntários nem que para isso se mantenha impune um criminoso, nem que para isso continuem a morrer milhares de pessos inocentes.

Tanto quanto parece, e tal como Merkel e Ban pensam a China, a Rússia, o Egipto e muitas outras “democracias”, os ditadores, os criminosos não são um problema para a solução, serão isso sim a solução para o problema.

É claro que tudo isto se aplica quando se passa em África onde, ao que parece, as pessoas valem menos do que no Ocidente. É que, tenham lá paciência, se em vez de Darfur fosse o País Basco, se em vez de pretos fossem brancos, Merkel e companhia não estariam a dizer tantas asneiras juntas.

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