quarta-feira, julho 23, 2008

Contra as mentiras sobre a UNITA
- Chiwale cruzou-se com a História

Samuel Chiwale, ex-Comandante Geral da UNITA, publica quinta-feira em Portugal, às 20 horas na FNAC do Chiado, em Lisboa, um livro para "repor a verdade" sobre a participação do movimento angolano na luta de independência, quando está já a escrever outro, sobre o pós-1975.

"A UNITA foi vítima de uma política de diabolização, através de mentiras para a desacreditar e afirmar o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] como herdeiro da luta de libertação contra a dominação colonial", afirmou à Lusa o general angolano, que atribui a estratégia ao próprio movimento no poder em Angola.

Exemplo disso, adianta o autor de "Cruzei-me Com a História", é a associação muitas vezes feita entre a UNITA e a antiga polícia política do Estado Novo, PIDE-DGS, chegando mesmo a afirmar-se que esta tinha participado na criação do movimento e que ambas as estruturas cooperavam durante a Guerra Colonial.

"Quem diz isso ou é maluco ou não sabe o que fala. Se cooperava, porque é que [os combatentes da UNITA] estavam no mato? É um contra-senso", afirma.

Co-fundador da UNITA juntamente com o líder histórico Jonas Savimbi, Chiwale afirma mesmo que, antes da independência, nas áreas de maior implantação do movimento do "Galo Negro" - nomeadamente Bié, Malange, Cuando-Cubango e Lundas - "ninguém ouvia falar do MPLA", identificando como movimento independentista apenas a UNITA.

Chiwale reclama que a o movimento tinha "células clandestinas" em todas as capitais de distrito antes da independência, que tinham como missão "inocular os jovens" e mobilizá-los para a luta na clandestinidade.

O livro "Cruzei-me Com a História", editado em Portugal pela Sextante, será apresentado pelo ex-presidente da Câmara de Lisboa João Soares, numa livraria no centro da capital portuguesa.

Além de militante activo - é o 13º, "número da felicidade", nas listas de deputados da UNITA às eleições legislativas de Setembro - Chiwale, 64 anos, afirma-se indisponível para cargos dirigentes uma vez que, disse, está empenhado na escrita.

"Vou continuar a escrever sobre esta caminhada [da UNITA] cheia de curvas e contracurvas. É esta a minha tarefa principal. Já dei a minha contribuição para a luta. Agora têm de ser as gerações mais jovens. E a minha experiência vai ser um contributo para eles", afirma.

O próximo livro, afirma, será publicado dentro de dois anos e vai abordar o período pós-independência, nomeadamente "a expansão russo-cubana" em Angola durante a Guerra Civil e a questão das sanções das Nações Unidas ao movimento do "Galo Negro".

3 comentários:

Anónimo disse...

O General Chiwale que vá à Torre do Tombo chamar de 'malucos' aos doscumentos que lá estão da PIDE, onde se descreve tintin-por-tintin vários passos tomados no sentido, pelo menos, de não retaliação entre o exército colonialista e as (mais tarde) FALA.

Se ele classifica de 'malucos' documentos oficiais da polícia política, então eu posso classificá-lo de 'cobarde' e 'mentiroso'.

Enfim, já passaram 30 e tal anos mas continuamos a carregar nas mesmas teclas. Ele será deputado aos 64 anos, mas diz que 'o combate será feito pelas gerações vindouras' e o livro será apresentado pelo João Soares - um dos que mais fala sobre Angola e um dos que menos acerta (ainda durante a semana passada o vi na SIC Notícias a desvender uma série de não-verdades ou de mentiras camufladas).

Vá-se lá conseguir explicar tamanhas incongruências.

Cumprimentos.

JC Abreu dos Santos disse...

... que,
O sr. general Samuel Chiwale publicou as suas verdades.
Fez ele muito bem. E os povos, d'Aquém e d'Além Mar, agradecem.
É sempre tempo para aprender mais qualquer coisa.
Mas, já agora, façam favor de ler, também - e na íntegra -, o capítulo «Operação "Madeira"» (pgs.379-422) - designadamente no Tomo I, Livro 2, do 6º volume da «Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974)», editado em 2006 pelo Estado-Maior do Exército Português.
Isto, no que respeita a uma publicação oficial, recente, portuguesa. Porque outras há, mais antigas, privadas, e também muito politicamente incorrectas no
que se refere a "verdades" pós-abrilinas.

Anónimo disse...

Por a caso, o General Chiwale quando menciona nos seu comentários que, no Bie,Malange,K.K e Lundas so se ouvia falar de UNITA, não poderia dizer mesmo que, a epressão KWATCHA é de proveniência Tchowkwe, e que o suposto SAKAITA tambem o é? Alguma mentira reina nisto tudo enquanto a origem da UNITA! que cujo fim era a auto defesa do antigo imperio de MWATYANVWA,mas obrigado a estender a sua ambição para todo o país,e perdeu o rumo da sua origem de defesa com A. Neto no leste, é bem claro que, os tchókwes foram os Fundadores da então UNITA tinha como bastião da luta armada,no moxico.