segunda-feira, julho 21, 2008

Deram o corpo e a alma por Portugal...

A Associação Combatentes do Ultramar Português (ACUP) estima que duas centenas de ex-militares que lutaram nas guerras coloniais na África vivam hoje nas ruas (da amargura e do desespero) de Portugal.

"A nossa luta é conseguir que os mais desamparados tenham abrigo e afecto no final de suas vidas", disse o presidente da ACUP, José Nunes, durante uma visita ao centro de reinserção social da Comunidade Vida e Paz na cidade de Sobral de Monte Agraço, distrito de Lisboa, onde estão 15 ex-combatentes tirados das ruas.

José Nunes defendeu a criação de estruturas de apoio social e de lazer para os antigos combatentes, principalmente os "mais desprotegidos e abandonados socialmente", com idades entre 58 e 65 anos.

"Depois da recuperação, eles não têm para onde ir e voltam para a lama", frisou, adiantando que muitos "morrem abandonados e, por vezes, nem têm uma peça de roupa para levar para a sua sepultura".

O presidente da associação apelou ao governo português para que crie uma unidade de apoio aos centros de recuperação.

Henrique, Eduardo e Francisco sobreviveram à guerra colonial. Três décadas depois, encontraram-se na Comunidade Vida e Paz, onde tentam reconstruir a vida perdida nas ruas do álcool e das memórias de combates.

No dia 17, fez um ano que Henrique Castro entrou para o centro de reinserção social da Comunidade Vida e Paz, pondo fim a seis anos nas ruas de Faro, sul de Portugal, em que a sua companhia diária foram "pacotes de vinho".

Com uma voz pousada e olhar cabisbaixo, Henrique Castro, 59 anos, recordou com amargura esses tempos que o separaram da família, falou do sonho de reatar a relação com a mulher e do que mudou na sua vida desde que entrou para a instituição.

"Aqui encontrei uma família", contou à Agência Lusa o ex-militar que lutou em Angola entre 1970 e 1973 e cujas imagens da guerra ainda o acompanham, mas já de uma forma mais tênue.

Os dias de Henrique na comunidade são ocupados fazendo pinturas em tecido - "antes pintava automóveis e electrodomésticos" - e pensando na carta de amor que vai escrever à mulher para a pedir de novo em casamento, depois de já ter reconquistado a amizade dos dois filhos.

1 comentário:

mafegos disse...

Ninguém os mandou serem patriotas,fizessem como os outros e fugissem para a Argélia ou para França e hoje podiam ser realizadores de cinema a custa do estado,deputados ou até presidentes de uma das milhares de fundações que existem neste país.