quinta-feira, julho 24, 2008

Grandes gestos para uma pequena CPLP

De quando em vez lá se ouve falar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. É agora o caso. A CPLP chega, por regra, quando não é precisa e parte quando não faz falta. Pelo menos esta CPLP. E é tanto o que ela poderia fazer...

À CPLP já não se pediria muito, até porque esta organização foi (ou parece ter sido) uma montanha que pariu um rato. Bastava que ela, como disse já há sete anos D. Alexandre do Nascimento, fosse tendo «pequenos gestos».

No entanto, a CPLP não deixa os seus créditos por mãos alheias e, agora em Lisboa, volta a estar nos noticiários lusófonos. É não um pequeno, mas um grande gesto de sumptuosidade para quem se está nas tintas para os problemas.

A CPLP em vez de trabalhar para milhões que têm pouco (ou nada), trabalha para os poucos que têm milhões. E faz muito bem.

Nada como discutir a fome tendo como ementa ao jantar: trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005, que está avaliado em casas da especialidade online a cerca de 70 euros cada garrafa.

Grandes gestos para tão pouca obra... Mas terá sido por isso que a XIII Reunião do Conselho de Ministros da CPLP terminou hoje com a aprovação de todas as propostas e resoluções debatidas, que serão endossadas para ratificação, amanhã, na Cimeira de (alguns) Chefes de Estado e de Governo da organização lusófona.

Os projectos da presidência portuguesa para os próximos dois anos foram unanimemente aprovados e têm como pano de fundo o “eixo prioritário” da promoção e valorização da Língua Portuguesa no mundo.

Aí está outro grande gesto. Certamente que os milhões de cidadãos lusófonos que passam fome já se sentem melhor. Vão aprender a dizer e a escrever, numa língua portuguesa vernácula (com acordo ortográfico, é claro), a palavra fome. Continuarão com a barriga vazia, mas vazia em... português.

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