segunda-feira, setembro 22, 2008

Entre a lagosta do MPLA e o pirão da UNITA
não há Dinho Chingunji que consiga resistir

O ministro angolano da Hotelaria e Turismo, Eduardo Jonatão Chingunji, concorreu em 2004 à liderança da UNITA, maior partido angolano de oposição, perdendo para o actual presidente, Isaías Samakuva.

Actualmente, Chingunji defende que o MPLA (partido no poder) permite "fazer política sem receios". Pudera! É sempre melhor um prato de lagosta do que um de pirão.

Chingunji deixou a UNITA em 4 de Setembro, 24 horas antes das eleições legislativas em que o MPLA derrotou de forma esmagadora, com mais de 80%, o seu anterior partido. Era inevitável. As luzes da ribalta compraram quase tudo e quase todos.

Em entrevista à Agência Lusa, o ainda ministro da Hotelaria e Turismo, cargo que ocupou em nome da UNITA no que agora vai ser extinto Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), disse que o partido que "não muda consoante os tempos desaparece".

Não citou, mas poderia citar o seu próprio exemplo. Enquanto deu, foi ministro da UNITA. Quando viu o tacho em perigo, mudou... para não desaparecer. Se daqui a quatro anos lhe cheirar algo diferente, lá veremos Chingunji a regressar à UNITA ou a aderir a qualquer outro partido.

Para o ex-membro da UNITA, a "capacidade de mudar" do MPLA justifica o seu sucesso eleitoral, ressaltando que nunca foi "tratado como inimigo", mesmo com as críticas que fez ao partido no poder.

É um eufemismo digno de registo. Chamar à força incomensurável do dinheiro (grande parte dele roubado em Cabinda) “capacidade de mudar” seria um bom slogan para a hotelaria e tutismo.


"A derrota da UNITA deveu-se ao facto de se distrair com acusações ao partido no poder - MPLA - de desinteresse na realização de eleições em Angola", defendeu.

Chingunji tem toda a razão. Agora a UNITA distraiu-se e perdeu as eleições. Em 1992 distraiu-se e perdeu o vice-presidente, Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral, Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili, entre milhares de outros

Dinho Chingunji disse ainda não pertencer ao partido no poder, embora se reveja na sua política, considerando-se um político angolano que ainda tem "muito para dar à nação".

Claro que sim. Sendo que nação, pelos exemplos dados, é tudo aquilo, ou aqueles, que estejam no poder ou muito perto dele.

"Não tinha que insistir numa coisa que nunca iria dar certo. Como um casamento, quando não está a dar certo, cada um vai para o seu lado e desejando boa sorte para os dois", afirmou, referindo-se à sua decisão de se afastar da UNITA.

É claro que Chingunji não tem culpa de o divórcio só ter sido decretado na véspera das eleições, tal como não tem culpa de só ter concluído que queria divorciar-se quando o tacho pegou fogo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostaria de ouvir este senhor Orlando falar se o Savimbi lhe tivesse assassinado o pai e toda a família.
O senhor, a viver em país supostamente civilizado, membro da União Europeia,compartilha sentimentos tão básicos quanto aos do Hitler, Pol Pot, etc? Bem dito que o macaco só olha no cú do outro. O senhor tem bagagem intelectual suficiente para olhar no seu, não soçobre no seu próprio veneno, seja porque miopia for.