domingo, setembro 07, 2008

Mais escravos de barriga (talvez) cheia
de novo às ordens dos colonos do MPLA

O Galo não voou e, mais uma vez, vamos apanhar café às ordens dos senhores coloniais que depois de 33 anos no poder lá vão estar mais quatro. Pelo menos mais quatro.

A 24 de Fevereiro de 2002 alguém disse: «sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!». Ou seja, morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.

Tirando os conhecidos exemplos da elite partidária, todos aqueles que humildemente eram simpatizantes da UNITA, incluindo milhares dos que andaram a combater, têm estado deste então a apanhar café, ou algo que o valha.

No rescaldo da guerra imediatamente a seguir à suposta Independência e que pela mão de Portugal deu todo o poder de forma unilateral ao MPLA, entre 1976 a 1978, houve uma brutal escassez de alimentos e a paralisação dos campos de algodão e café do norte de Angola.

Para fazer face a esse desafio, o governo de Angola, o tal que lá está há 33 anos, reeditou a guerra do Kwata-Kwata, obrigando pela força das armas os contratados ovimbundos e ou bailundos (que outros poderiam ser?) a ir para as roças, sobretudo do norte de Angola.

Com a independência, os camponeses do planalto e sul de Angola sonharam com o fim do seu recrutamento forçado para aquelas roças. A reedição da estratégia colonial por um governo independente foi um golpe duríssimo na sua ilusória liberdade.

O líder da UNITA, Jonas Savimbi, agastado com a fraqueza e quase exaustão das forças que conseguiram sobreviver à retira das cidades, em direcção às matas do leste (Jamba), onde reorganizou a luta de resistência, aproveitou esse facto, bem como a presença de estrangeiros, para mobilizar os angolanos.

«Ise okufa, etombo livala» (Prefiro antes a morte, do que a escravatura), dizia Savimbi aos seus homens, militares ou não.

Até estas eleições julguei que os seus discípulos prefeririam a liberdade de barriga vazia do que a escravatura de barriga cheia. Enganei-me. Chegou a hora de ir apanhar café às ordens dos senhores coloniais do MPLA.

Talvez tendo como pagamaneto, "peixe podre, fuba podre, uns tantos kwanzas e porrada se refilares".

3 comentários:

Anónimo disse...

Ó Orlando! Arrepio-me todo ao constatar como podes descer tão baixo!
De onde te advém todo esse teu ódio recalcado, sem ponta do mais elementar humanismo?
Chego a duvidar que sejas angolano! Conheci(conheço) tanta gente boa, oriunda do Alto Hama-Almeidas,Barbedos, Caleias, Mouras... - e custa-me a admitir que aquela terra tão linda tenha dado ao Mundo pessoas como tu!
Então os do MPLA, os teus adversários,designa-os tu como colonos!...Como é possivel descer-se tão baixo!

Sê feliz...

Augusto Silva
Lisboa ( um tuga, com o coração em Angola)

Orlando Castro disse...

Caro anónimo que assina Augusto Silva,

Tens razão. Desço baixo. Desço ao nível dos que morreram no massacre de Luanda, em 1992, perpetrado pelas forças militares e de defesa civil do MPLA, visando o aniquilamento da UNITA e cidadãos Ovimbundu e Bakongo, e que se saldou no assassinato de 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.


Desço ao nível dos que morreram no massacre do Pica-Pau em que no dia 4 de Junho de 1975: perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus corpos mutilados pelo MPLA, no Comité de Paz da UNITA em Luanda.

Ou também dos que morreram no massacre da Ponte do rio Kwanza: no dia 12 de Julho de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados pelo MPLA, perto do Dondo (Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares portuguesas que garantiam a sua protecção.

Ou dos mais de 40.000 angolanos que foram torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.

Desço, desço mas a memória continua viva. Subir para junto dos que têm poder é fácil. Descer em memória e honra dos outros... aí já é mais difícil.

Sê também feliz...

Orlando Castro

renato gomes pereira disse...

Orlando...

honra seja feita a jeremias chitunda e tantos outros que lutaram e ainda lutam pela democracia eliberdade em Angola...

Orlando...

a caminhada ainda não parou...
importa que voltes ao seio da Unita...

esta nova unita apenas com unhas e dentes...e voz para denunciar...e reclamar e recorrer legalmente...em nome de Angola e na sua condição legitima de lutadora pelo Povo Angolano...

Um Kwacha nunca desiste..mesmo debaixo do chicote dos "novos colonos"...