segunda-feira, setembro 08, 2008

Observadores viram mas não viram
(tal como manda o manual do MPLA)

O dirigente da UNITA Adalberto da Costa Júnior considerou hoje "uma no cravo, outra na ferradura" as declarações de Luísa Morgantini, chefe da missão de observadores eleitorais da União Europeia (UE), sobre o processo eleitoral em Angola. É mais uma na Galo e outra no Galo.

Em declarações à Agência Lusa, Adalberto da Costa Júnior admitiu que possa ter havido "pressão" sobre Luísa Morgantini, razão pela qual disse não se ter surpreendido "por ter agido de forma a agradar ao Estado angolano" quando disse que o processo eleitoral foi transparente.

Concordo. Basta, aliás, ver as primeiras declarações de outros observadores, nomeadamente portugueses, que corrigiram os tiros para passar (raio de diplomacia económica!) ao lado do alvo. Que remédio. Há superiores interesses que não se compadecem com a verdade.

Costa Júnior disse que Luísa Morgantini "fez referências a falhas graves" no processo de votação, destacando a ausência de cadernos eleitorais, que a UNITA considera "gravíssimo", para "aliviar a consciência".

O dirigente do partido do "Galo Negro" lamentou que a missão da UE tenha usado como referência para a sua avaliação "aquilo que é usual em África", bastando-lhe, "só por isso, para justificar que o processo eleitoral foi transparente em Angola".

Se calhar é pelo mesmo critério que o MPLA (e com ele os seus subditos, mesmo alguns daqueles que se dizem jornalistas) que os pobres de Angola sempre são mais ricos do que os pobres de Darfur.

Adalberto da Costa Júnior admitiu, porém, que concorda com a opinião de todas as missões de observação internacionais quando estas afirmaram que a participação eleitoral foi "exemplar" e com "elevado civismo e sem reparos".

De qualquer modo, para dar um rótulo de seriedade a um produto pouco sério, Morgantini aponta várias críticas ao processo eleitoral, sendo a principal dirigida à parte processual das legislativas.

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