terça-feira, setembro 16, 2008

Viva a democracia da sociedade anónima
Eduardo dos Santos, José Sócrates & Cª

A sociedade civil em Cabinda foi tomada por um sentimento de consternação geral quanto de perplexidade diante da pesada pena - 12 anos de prisão efectiva - aplicada pelo Tribunal Militar da Segunda Região ao jornalista José Fernando Lelo, antigo correspondente da Voz da América naquele território ocupado por Angola.

Em breves palavras após o conhecimento da decisão condenatória, o activista cívico Agostinho Chicaia resume o desfecho do caso como o de uma verdadeira cabala contra Fernando Lelo que é assim vítima de mais uma (outras se seguirão) arbitrariedade do regime bajulado pela comunidade internacional.

Segundo Agostinho Chicaia, foi sintomático o facto do Tribunal ter esperado três meses para ditar a sentença (estavam à espera dos 81% das eleições) e ainda o facto do mesmo não ter atendido à informação da empresa para a qual o jornalista trabalhava no campo petrolífero de Malongo e que provava inequivocamente da sua presença no local à data em que lhe era atribuída participação na acção que motivou a sua condenação.

«Estamos todos defraudados com este acórdão do Tribunal militar com relação ao caso do Fernando Lelo, é mais sinal de que esta democracia vai trazer muitas vítimas e uma primeira é o Fernando Lelo porque o Tribunal Militar demorou três meses para a publicar a sentença depois de se ter comprovado a sua inocência. Nós os amigos e defensores dos direitos Humanos estamos muito consternados, mas não estamos desarmados, porque custe o que custar nós teremos de defender os nossos direitos,» disse Chicaia.

Para este cenário poderão ser empurradas outras figuras por quem as autoridades não nutrem simpatias, a começar pelo próprio Agostinho Chicaia, segundo deu a conhecer. E a procissão ainda vai no adro.

«Hoje mesmo fui vítimas de uma cabala. Levaram granadas à minha casa para ser condenado nos mesmos termos que o Fernando Lelo. Estas cenas vão continuar. Em Cabinda estas cenas serão o nosso quotidiano, mas eles não vão conseguir nos dobrar, não”, » garantiu Chicaia.

Agostinho Chicaia, entretanto, deu a conhecer que será feita circular uma carta para recolher entre 30 e 40 mil assinaturas em sinal de solidariedade para o com jornalista injustamente condenado.«Nós estamos convencidos que esta decisão aconteceu porque ele é cabinda. Nós estamos numa Angola em que uns têm direitos e outros não,» disse ainda.

E é verdade. Mas, mais uma vez, a comunidade internacional (ia dizer com Portugal à cabeça, mas José Sócrates alinha com o MPLA) mantém-se caladinha e com o rabo entre as pernas.

É mesmo assim. Uns comem e calam. Outros não comem nem calam e apanham 12 anos de cadeia ou um tiro na cabeça. Viva a democracia de José Eduardo dos Santos.

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