segunda-feira, novembro 10, 2008

Angolanos combatem dos dois lados
da guerra que assola o leste do Congo

O chefe rebelde Laurent Nkunda recusou-se hoje a confirmar a presença de soldados angolanos ao lado das forças governamentais no Leste da República Democrática do Congo, embora afirme ter visto tropas no terreno a falar português.

"Vi soldados no terreno a falar português", disse o general Laurent Nkunda à AFP, na pequena localidade de Kirolirwe, a uns 20 quilómetros de Goma, a capital da província de Kivu Norte, no Leste da República Democrática do Congo. Viu e até capturou alguns que, segundo o general rebelde, poderão um dia destes ser apresentados à Imprensa.

"Falar português não significa necessariamente ser angolano. Há congoleses em Angola. Não posso confirmar que os angolanos estão na República Democrática do Congo", acrescentou.

Informações contraditórias circulam quanto à presença de militares angolanos na linha da frente a norte de Goma, ao longo da fronteira com o Ruanda, que a confirmarem-se poderão provocar uma viva reacção de Kigali.

Ao que parece, os observadores ainda não repararam que os angolanos que estão na actual frente de combate ao lado do Exército, embora sendo militares das Forças Armadas de Angola têm estrategicamente o “estatuto” de mercenários, pelo sim e pelo não. Os militares angolanos estão, enquanto tal, na zona de Kinshasa a proteger Kabila e a preparar a contra-ofensiva.

As mais suaves declarações de Nkunda contradizem as afirmações de Bertrand Bisimwa, porta-voz do movimento rebelde, o Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), que garantiu há alguns dias que havia soldados angolanos na linha da frente de Kibati, a Norte de Goma.

E são mais suaves porque Nkunda teme que um dias destes vá alguém lembrar-se (o que é verdade) de que nas suas hostes também há gente que fala português, que foi contratada em Angola e que até há meia dúzia de anos vestia uma das fardas que combatia em Angola...

Angola, enquanto país governado pelo MPLA, é um aliado fiel da vizinha República Democrática do Congo, tendo o seu exército apoiado as forças governamentais no conflito regional de 1998-2003, contra a coligação que integrava o Ruanda.

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