quarta-feira, janeiro 14, 2009

«A CPLP não tem defendido a Lusofonia»
- Onde é que eu já li, reli e voltei a ler isto?

Os oito Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não têm defendido a Lusofonia, uma questão geoestratégica que continua a ser mal entendida, disse hoje à Lusa José Filipe Pinto, docente da Universidade Lusófona.

Autor de vários trabalhos sobre o espaço lusófono, José Filipe Pinto lançou hoje em Lisboa o livro "Estratégias da ou para a Lusofonia? - O Futuro da Língua Portuguesa", resultado de dois anos de investigação.

"Neste livro, questiono se existe verdadeiramente a possibilidade de falarmos já em estratégia da Lusofonia, ou se estamos numa fase inicial, em que estamos ainda a construir estratégias para a Lusofonia", considerou.

"Neste momento, penso que estamos a ultrapassar a fase do limbo. Estamos numa fase intermédia de afirmação da Lusofonia", acrescentou.

José Filipe Pinto sustenta que os oito Estados de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) "não têm defendido a Lusofonia" e também não têm percebido que se trata de uma questão estratégica, porquanto, defendeu, "a Lusofonia constitui a sua forma de afirmação nos fóruns internacionais".

Por outro lado, José Filipe Pinto lamenta que a CPLP continue a não ser encarada (pelos Estados membros) como a "institucionalização da Lusofonia".

Para esta situação concorre o facto de se terem verificado diferentes pontos de vista nas prioridades que presidiram à criação da CPLP, em 1996.

"Enquanto Portugal apostava na concertação político-diplomática, todos os outros países, africanos principalmente, apostavam na cooperação, na ajuda ao desenvolvimento, o que implica que não temos uma realidade lusófona. Temos realidades lusófonas", defendeu.

O fortalecimento e consolidação da CPLP passam pelas sociedades civis de cada um dos oito Estados membros.

"A ideia da CPLP é uma ideia que pode trazer muita afirmação ao mundo lusófono. A sociedade civil tem de fazer força junto dos governos para que eles percebam que não há uma dicotomia, por exemplo no caso português, entre a integração europeia e a integração lusófona. As duas são perfeitamente compatíveis", disse.

Quanto à língua portuguesa, concretamente ao recente acordo ortográfico de que foi alvo, José Filipe Pinto classificou também esta convenção como uma "questão geoestratégica".

"Do ponto de vista linguístico, (relativamente ao acordo ortográfico) não se foi tão além quanto se deveria ter ido", frisou, considerando que se deveriam ter aprofundado mais aspectos linguísticos como as duplas grafias.

"Já que é acordo ortográfico, deveria ser uniformidade ortográfica. As pessoas confundem o acordo ortográfico com reforma ortográfica", disse.

O livro "Estratégias da ou para a Lusofonia? - O Futuro da Língua Portuguesa", foi lançado hoje na Sociedade de Geografia, será apresentado pelo vice-presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Adriano Moreira.

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