domingo, janeiro 18, 2009

Excelência ou mediocridade? A segunda como profissão e a primeira como utopia

Como sempre, mesmo no desemprego,vou estar do lado dos que consideram que dizer o que pensamos ser a verdade é a melhor qualidade das pessoas de bem.

Pessoas de bem onde, para meu penar, é cada vez mais difícil incluir os Jornalistas. Alguns, é óbvio.

E o que em tempos era um trunfo (a memória) hoje é algo supérfluo. E se calhar não há nada a fazer. Para quê ter memória se, sem ela, os autómatos fazem o que é exigido ao jornalismo(?) moderno?

Vem isto a (des)propósito das teses vigentes um pouco por todo o lado, que apontam para a necessidade de os jornalistas serem formatados consoante os interesses (económicos, políticos e similares) dos donos do Poder.

Se calhar, como me dizem ex-jornalistas que hoje são assessores, directores, administradores etc., o melhor era aceitar a derrota e na impossibilidade de os vencer, juntar-me a eles.

Seria com certeza uma boa opção. Não estaria certamente no desemprego. O mal está, digo eu, que só é derrotado quem deixa de lutar. E, pelo menos para já, tenho mesmo de afirmar que a luta continua.

E continua porque, ao contrário dos donos do poder, continuo a lutar pra que a imprensa não seja o tapete do poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver.

Poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver, que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".

Poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver, que sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, garante que esses criados regressarão mais tarde para lugares de direcção.

Poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver, que sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, vendeu o primado da excelência e comprou o da mediocridade.

Poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver, que sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convenceu os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista de barriga cheia do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

Poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver, que sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convenceu os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe.

Poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver, que sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, mostrou aos Jornalistas que a regra de ouro é comer e calar... a bem da Nação.

2 comentários:

Carla Teixeira disse...

Caríssimo,

A excelência é uma utopia se a quisermos para o mundo. Mas se a cultivarmos em nós, no que somos, no que dizemos e fazemos, então é possível. E existe. Existe em ti, em tantos como tu, que no fundo de ser quem são guardam esse travo de ser melhor, de ser excelente. Mas, muitas vezes o disse, só há um caminho para a excelência: é a exigência. Sem ela não será nunca possível ser excelente. E é por isso que a excelência será, cada vez mais, uma utopia. Que tu e outros como tu continuem a furar o muro do obscurantismo e a ousar ver na verdade, na rectidão e no sossego da alma o caminho para essa excelência. Quem sabe um dia não seremos muitos, capazes então de tomar conta do mundo? Um grande abraço, na certeza de que não desistirás do teu ideal. Talvez o mundo nos entenda um dia...

Mário Barros disse...

Companheiro,

Apenas quero enviar-te um abraço solidário. Como bem dizia um cartaz que estava afixado na redacção de um jornal no qual trabalhei depois de ter a honra de estar ao teu lado, "don't let the bastards get you down".

Mário Barros