sábado, janeiro 03, 2009

Gaza passou a ser escombros e fome

Sucedem-se os apelos. "A situação alimentar é assustadora", diz a ONU. Apesar disso, Israel não demonstra sinais de abrandar os ataques à Faixa de Gaza de onde, na resposta, o Hamas continua a disparar mísseis.

Pelo sétimo dia consecutivo, e um depois de terem morto um importante líder do Hamas (Nizar Rayan), os bombardeamentos continuam a reduzir a escombros todos os edifícios onde Isarel julga estarem estruturas dos radicais islâmicos, incluindo uma mesquita.

Existe, contudo, uma nova metodologia nesta guerra. Militares israelitas estão a avisar, via telefone, os moradores dos potenciais alvos de que vão atacar. Além disso, antes de dispararem mísseis os caças de Israel lançam bombas de fraca capacidade para avisarem os palestinianos que devem sair daquela zona.

Na resposta aos ataques, o Hamas continua a lançar mísseis contra cidades do sul de Israel, dando razão aos militares de Telavive para continuarem a arrasar a Faixa de Gaza.

Analistas internacionais consideram que a opção do Hamas está a corresponder à estratégia israelita, permitindo que a Força Aérea continue a destruir o que entende, mesmo que não sejam estruturas militares.

Acrescentam, aliás, que nesta fase Israel já não está interessado em destruir os locais de onde são lançados os mísseis mas, antes, em matar as principais figuras do Hamas e de outros pequenos grupos extremistas que actuam a partir da Faixa de Gaza. Ontem, por exemplo, a maior parte dos alvos pertencia a líderes e activistas do Hamas.

Embora o número de vítimas esteja a decrescer, até agora morreram mais 450 palestinianos, havando pelo menos 2 700 feridos, o Hamas afirma que mais de metade das vítimas mortais continuam a ser elementos da organização, nomeadamente das suas forças de segurança.

Na Faixa de Gaza todas as estruturas estão em colapso. O caso mais paradigmático é o sistema hospitalar que, a pesar do envio de ajuda humanitária por países europeus - e até por Israel-, já não tem capacidade de resposta. Isso mesmo é confirmado quer pela Cruz Vermelha quer pelos Médicos Sem Fronteiras.

Também do ponto de vista alimentar, a situação é catastrófica. Segundo a ONU, "muitos produtos alimentares essenciais deixaram de estar disponíveis", acrescentando que são necessários 6,4 milhões de euros "para responder às necessidades adicionais e imediatas de nutrição".

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (da ONU), a população da Gaza "não tem o que quer que seja para comer", situação agravada pelo facto de os bombardeamentos israelitas "impedirem a distribuição dos bens mais elementares".

Embora não se saiba quanto mais tempo vai durar a ofensiva, tudo leva a crer que terminará antes da tomada de posse, dentro de duas semanas, do novo presidente dos EUA, Barack Obama.

Não que a política norte-americana de apoio inequívoco a Israel seja substancialmente alterada , mas para evitar que Obama tenha de enfrentar logo a questão. Apesar de ainda não estar na Casa Branca, o futuro presidente já está a ser pressionado por activistas dos direitos humanos para condenar Israel.

Os assessores de Obama acreditam, segundo a análise da Imprensa dos EUA, que a situação em Gaza estará resolvida antes do dia 20, de modo a que o novo presidente se concentre na crise económica e não tenha, de imediato, de romper com a política de George W. Bush para o Médio Oriente.


Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1066122

1 comentário:

Gil Gonçalves disse...

Banco Millennium Angola, o gazeador… com câmara de gás.

Para que os preços do petróleo subam, vale tudo.

Imaginem por exemplo em Angola. A família MPLA tinha diariamnte 150 dólares, de repente tem trinta. É o fim da picada.