domingo, fevereiro 22, 2009

Correntes de opinião no MPLA?
- Isso é que era bom. Era, era!

A União das Tendências do MPLA, que supostamente se apresenta como corrente interna do partido no poder em Angola desde Novembro de 1975, revela que quer ir ao congresso marcado para Dezembro como uma corrente de opinião. Para que tude fique na mesma, o mais aconselhável é que apareça alguém a dizer que é diferente, que é contra.

Salvador Augusto, (militante do MPLA desde 1974) e coordenador adjunto desta corrente, foi entrevistado pelo Angolense e, segundo o jornal, "deu a cara para criticar a falta de diálogo interno no partido no poder e aconselhar o Camarada José Eduardo dos Santos a não concorrer à presidência do partido que dirige (no VI congresso)".

Sendo o MPLA o que é, ligeiramente diferente da ortodoxia que o caracterizou enquanto emanação da então União Sovética, poder-se-á pensar que tem margem de manobra interna para permitir relevantes correntes de opinião. Nada mais errado. José Eduardo dos Santos continua, em matéria de liderança e das suas ramificações, a só permitir dissidências ou opiniões divergentes desde que estejam devidamente controladas.

Salvador Augusto, voluntariamente ou não, está a servir a estratégia da direcção do MPLA que, desta forma, dá um cunho de democraticidade (devidamente controlado) a uma ditadura que se irá prolongar ao longo dos anos, para penar dos angolanos.

Eduardo dos Santos está "democraticamente" a dar corda a eventuais correntes de opinião diferentes das oficiais mas, como já o demonstrou, fará o que for necessário, e se for necessário, para que aqueles a quem deu a corda se enforquem nela.

Quando interrogado se a União das Tendências do MPLA se apresenta como uma corrente de descontente dentro do partido no poder, Salvador Augusto esclareceu que "descontente não seria o termo para caracterizar uma corrente que exige pura e simplesmente aos militanres que em comissão de mandato dirigem o partido que se respeitem os estatutos e programas vigentes".

Ficamos, portanto, a saber que nesta altura os MPLA permite que todas as correntes de opinião tenham lugar, desde que não cuspam no prato que lhes dá comida, desde que tenham o cuidado de pensar mais com a barriga do que com a cebeça.

1 comentário:

Unknown disse...

As correntes no mpla existem desde 1963 quando se deu a roptura entre o C/DA Viriato da Cruz e o Dr Antoni A.Neto.- A historia relata que se seguiram outras tais como a revolta do giboia, do Leste , o revolta activa .O 27 de Maio foi o acumular de todas as reivindicaçoes ,sobretudo pela falta de democracia interna partidaria. Nao tendo sido resolvido pela via de consenso é logico que hoje depois de mais de 30 anos e fruto do incumprimento do programa maior que apareça companheiros militantes do partido a exigirem respeito pelo programa e os estatutos do partido. Portanto penso que nao existe nada de novo , é uma questao historica algum dia tinha que surgir... E nós partilhamos do mesmo penamento da u.t.-mpla