sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Falar da estratégia do “El País” em Portugal
não passa de um sofisma com rabo de fora

Rui Cádima, professor universitário e especialista em questões de Imprensa (no seu mais lato sentido) acredita que a solução para a crise que se vive em Portugal passa pelo que o jornal espanhol “El País” adoptou: uma só redacção para os jornais online e de papel.

Nada como fazer passar a ideia de que a estrada da Beira e a beira da estrada são a mesma coisa para, como quem não quer a coisa, rotular a mentira com um embrulho de verdade.

A solução “El País” é apresentada por Rui Cádima como a solução, se calhar única, para a crise que atinge a imprensa portuguesa que luta com dificuldades financeiras, tendo levado ao despedimento de mais de 60 jornalistas do grupo que detém o «Jornal de Notícias», «Diário de Notícias», «24horas» e «O Jogo».

Nada de mais errado. Isto porque a ideia dos proprietários destes jornais portugueses não é – por exemplo - pôr a redacção do «JN» a trabalhar para a edição em papel e online.

A ideia, importa dizê-lo na esperança de que existam ainda alguns laivos de Estado de Direito em Portugal, é criar uma só redacção que trabalhe para todos (todos) os jornais do grupo, sejam em formato de papel ou online.

Por outras palavras e ao contrário do “El País”, a ideia é criar uma linha de produção de textos de linha branca que abastecerão as prateleiras dos hipermercados, variando apenas o rótulo que cada grande, ou pequena, superfície lhe quiser colar.

E se é admissível, aceitável e funcional, que o mesmo jornal diga, tanto na versão de papel ou online, a mesma coisa, já não me parece curial que «JN», «DN», «24horas» e «O Jogo» digam a mesma coisa, vírgula por vírgula.

Não me parece curial porque, na minha santa ingenuidade de jornalista há trinta e tal anos, se perde definitivamente o pluralismo da informação e até a própria liberdade de expressão.

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