terça-feira, março 24, 2009

Bissau ajuda a alimentar, em Cabo Verde,
os altos dignitários da CPLP e da CEDEAO

Nada como um país acolhedor e bons hotéis para analisar a crise (política, económica, social, alimentar, de saúde, escolar...) na Guiné-Bissau! Sim, que de barriga vazia e sem condições ninguém encontra boas soluções.

Por isso, a concertação com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a Guiné-Bissau domina a reunião dos chefes da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), amanhã na Cidade da Praia, em Cabo Verde.

A sessão contará com a presença de representantes dos “oito” Estados membros da organização lusófona, da própria CPLP e da CEDEAO, e decorrerá de manhã no Palácio das Comunidades, na capital cabo-verdiana.

Não será, certamente por falta de quórum que as decisões não serão tomadas. Veja-se inclusive o peso da Lusofonia: representantes dos “oito” e da própria CPLP. A coisa promete!

A reunião destina-se essencialmente a preparar “uma ofensiva conjunta da CPLP com a CEDEAO” para apoiar um plano de estabilização política, económica e militar na Guiné-Bissau, disse o chefe da diplomacia cabo-verdiana, José Brito.

Tratando-se de “uma ofensiva conjunta” os guineenses poderão ficar descansados. A maioria vai continuar como até aqui. Ou seja, a (sobre)viver na miséria.

No encontro serão também definidos os moldes com vista à realização, em meados de Abril próximo, também na Cidade da Praia, de uma mesa-redonda com doadores visando igualmente a estabilização na Guiné-Bissau.

Isso sim. Mais um encontro de alto nível nos melhores hotéis de Bissau. Perdão, melhores hotéis sim, mas em Cabo Verde.

Perspectivar o período de transição, que terminará com a realização de eleições presidenciais, ainda sem data, os apoios ao governo de Carlos Gomes Júnior e intervenções políticas de fundo, bem como a injecção de capitais para fazer face à crise económica, são os tópicos da agenda da reunião.

Como se vê, uma agenda que de tanto peso corre o risco de se afundar. Ou, talvez, dar os mesmos resultados que a própria CPLP dá: nenhuns.

No início deste mês, recorde-se, a Guiné-Bissau foi palco do assassínio do presidente João Bernardo “Nino” Vieira, horas depois de o Chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, general Tagmé Na Waié, ter sido vítima de um atentado.

Os participantes, como é regra do protocolo em situações destas, serão recebidos em audiência pelo presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, e terminarão com um... almoço.

Dos oito Estados membros da CPLP, apenas Moçambique e Timor-Leste não estarão representados pelos respectivos ministros dos Negócios Estrangeiros, com Maputo a enviar o vice-MNE, Eduardo Koloma, e Díli o embaixador permanente na CPLP, José Barreto Martins.

Dos restantes seis, e além do MNE anfitrião, José Brito, estarão na Cidade da Praia os chefes da diplomacia de Angola, Assunção dos Anjos, Brasil, Celso Amorim, Guiné-Bissau, Adiatu Nandigna, e São Tomé e Príncipe, Carlos Tiny.

De Portugal, país que preside à organização lusófona, além do MNE, Luís Amado, vem também o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, e o embaixador acreditado na CPLP, António Russo Dias.

A CPLP está representada ao mais alto nível, pelo secretário-executivo da organização, Domingos Simões Pereira, enquanto a CEDEAO enviou o representante especial adjunto do presidente da Comissão da organização, Isaac Aggrey.

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