sábado, março 28, 2009

Sistema judicial? Democracia? Onde? Onde?

A presidente do PSD e eventual candidata à chefia do Governo português, Manuela Ferreira Leite, defendeu hoje que “a sucessão de factos" sobre o caso Freeport "torna premente, para bem do sistema judicial e para bem da democracia, que este assunto seja esclarecido e bem esclarecido rapidamente”.

Tem razão. Tem, é como quem diz. A líder do PSD parte de premissas erradas e, por isso, as suas conclusões não batem certo. Quem disse a Ferreira Leite que Portugal tem um sistema judicial e é uma democracia?

Em causa está a notícia avançada no "Jornal Nacional" da TVI com base num DVD que está na posse da polícia inglesa, em que o sócio da consultora Smith & Pedro, contratada para tratar do licenciamento do Freeport de Alcochete, diz que José Sócrates "é corrupto" e que terá recebido, por intermédio de um primo, dinheiro para dar luz verde ao projecto.

Ora aí está. Ao tempo que se sabe do caso, se Portugal tivesse um sistema judicial digno de um Estado de Direito, ainda se estaria nesta fase? Claro que não.

Ao tempo que se sabe do caso, se Portugal fosse de facto e de jure uma democracia, tudo estaria como está? Claro que não.

Uma hora depois da divulgação da notícia ontem pela TVI, o gabinete do primeiro-ministro emitiu um comunicado em que repudiou "com veemência" todas "as referências" que o envolvem, "directa ou indirectamente".

"No que me diz respeito, essas afirmações são completamente falsas, inventadas e injuriosas. Reafirmo mais uma vez, que não conheço o sr. Charles Smith, nem nenhum dos promotores do empreendimento Freeport", afirmou José Sócrates.

Se calhar até tem razão. Mas, convenhamos, se o sistema judicial e a democracia não funcionam em Portugal, parte da culpa também é do PS e de José Sócrates.

E aqui, mesmo não sendo Portugal um Estado de Direito, não basta ser sério. É preciso parecê-lo.

José Sócrates termina o comunicado revelando que já deu deu orientação ao seu advogado para "agir judicialmente contra os autores desta difamação".

Agir judicialmente se o sistema judicial não funciona, a não ser quando se manifesta contra os pilha-galinhas?

Pois. É por estas e por muitas outras que as ocidentais praias lusitanas situadas a norte, estão cada vez mais a sul de... Marrocos.

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