quarta-feira, maio 27, 2009

Pedir aos pobres dos países ricos
para dar aos ricos dos países pobres

O ministro da Defesa de Portugal reafirmou hoje à Agência Lusa em Luanda, Angola, que a normalização do processo político na Guiné-Bissau, depois do assassínio do Presidente “Nino” Vieira, depende de uma “reforma do sector da segurança”.

“Para que haja normalização do processo político na Guiné-Bissau, é absolutamente indispensável que aconteça uma reforma do sector da segurança, que está em marcha e no qual Portugal está empenhado. Essa é uma condição fundamental para a estabilização do processo político”, afirmou o ministro luso.

E eu a pensar que a normalização depende de dar de comer a quem tem (tanta) fome, de dar assistência médica a quem dela (tanto) carece...

Nuno Severiano Teixeira está em Luanda para participar na XI Reunião dos Ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre hoje e quinta-feira, sendo a situação na Guiné-Bissau um dos temas em agenda.

A Guiné-Bissau foi, mais uma vez, abalada, em Março, pelo duplo assassínio do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé na Waié, e do Presidente da República, João Bernardo "Nino" Vieira.

O ministro português salientou ainda que “também é preciso ter em conta que, para que aconteça uma verdadeira reforma do sector de segurança guineense, é necessária capacidade e meios para a desmobilização daqueles que estão hoje nas Forças Armadas, que já têm idade, que estiveram na guerrilha (da luta pela independência) e que devem ser desmobilizados”.

Capacidade e meios? Sim claro! Capacidade e meios para melhorar o armamento e não para, como pensam os ingénuos como eu, dar dignidade aos guineenses que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com fome.

Sublinhando que Portugal está também empenhado nesse processo, o ministro da Defesa português considerou ainda essencial que haja “um apoio da comunidade internacional e que existam fundos para a concretização desse objectivo”.

Por outras palavras, Portugal e essa coisa que dá pelo nome de CPLP entendem que é preciso pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres. Nada mau.

Em relação a Guiné-Bissau, Portugal “manifestou-se sempre contra qualquer acto de violência política e essa é uma preocupação que deve ser cumprida”, disse.

“Mas é importante também referir, em primeiro lugar, o apoio e a solidariedade de Portugal e da CPLP ao pleno restabelecimento do processo constitucional, que se fará com as eleições (presidenciais de 28 de Junho) onde Portugal tem, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mantido o apoio”, notou o ministro português.

Lá continua a comunidade internaciobal a confundir eleições com democracia, a confundir votos com a barriga vazia com liberdade.

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