quarta-feira, maio 27, 2009

Um povo de brandos costumes e de tanga

O crescimento do desemprego nos países desenvolvidos para cima dos 10% até final de 2010, segundo previsões da OCDE, poderá levar ao aumento dos crimes de 'colarinho branco', de acordo com um estudo da seguradora inglesa Hiscox.

"Apesar de em alguns países se estar a observar um aumento da violência e desordem civil, quer seja vandalismo ou ameaças à integridade e segurança física (veja-se o recente exemplo dos empresários que têm sido feitos reféns pelos seus empregados em grandes empresas), o crescimento do desemprego normalmente conduz a uma maior incidência de crimes de extorsão do que de crimes violentos", sublinhou a Hiscox.

O estudo traça o perfil do extorsionista, normalmente um homem jovem, com menos de 25 anos, para quem o crime funciona como um desafio intelectual. Porém, o aumento do desemprego deverá alterar este perfil, levando mais empregados de escritório de meia idade, com formação superior e bons conhecimentos da empresa a tornarem-se extorsionistas como forma de se vingarem de antigos patrões ou, simplesmente, de conseguirem dinheiro.

"Em todas as anteriores recessões económicas por que já passámos, registámos um aumento significativo deste tipo de delitos. Os crimes de 'colarinho branco' envolvem, sobretudo, extorsões mais sofisticadas contra um antigo patrão, sendo que o executante, que normalmente enfrenta um desemprego prolongado, procura assim uma vingança e uma forma 'fácil' de ganhar dinheiro", explicou Charlie Hanbury, especialista em riscos especiais da seguradora inglesa.

Por isso, prevê que as participações de seguros de empresas que sejam alvo de extorsão aumentem pelo menos 25 por cento, "revelando-se fundamental que as companhias avaliem e testem os seus procedimentos de gestão de risco para fazer face a este tipo de situações".

Portugal deve, contudo, estar fora deste cenário, não porque o desemprego não possa chegar aos 10% (ou mais), mas porque não é – digo eu – um país desenvolvido. Além disso, é um país de (muito) brandos costumes.

Tão brandos que, apesar dos mais de 500 mil desempregados, ainda não reparou que a maioria do seu povo está de tanga.

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