sábado, junho 13, 2009

Pedir aos pobres dos países ricos
para dar aos ricos dos países pobres

Este texto foi publicado em 3 de Julho de 2005 (*). Infelizmente, digo eu, quatro anos depois a realidade continua a ser a mesma. Importa, contudo, não só ter memória como tudo fazer para a alimentar.

Apesar de todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) terem quase 30 anos de independência, a situação social e económica continua a registar dos mais baixos índices de desenvolvimento.

Com a excepção de Cabo Verde, os restantes países (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe) continuam a ter necessidade de ajuda externa, mau grado as muitas riquezas que têm nos seus territórios, sendo o caso angolano paradigmático pelo petróleo e pelos diamantes.

Como regra, estes são países em que poucos têm milhões e em que milhões têm pouco. Não admira por isso que Moçambique, que alcançou a paz há 14 anos, continue a ser um dos estados mais pobres do Mundo, em que 54% da população vive com menos de um euro por dia, a esperança de vida caiu para os 38 anos, a mortalidade infantil vitima 124 crianças em cada mil e só tem um médico para 24 mil pessoas.

De acordo com as "Metas do Milénio", programa da ONU que visa desenvolver os chamados países do Terceiro Mundo e que está dotado de 40 mil milhões de euros anuais até 2015, Cabo Verde é o único dos PALOP a atingir ou ultrapassar os objectivos definidos. Todos os outros registaram evoluções positivas mas estão longe dos objectivos.

Segundo o Programa Alimentar Mundial, cerca de 12 milhões de pessoas poderão morrer de fome nos oito países africanos mais carenciados, onde figuram Angola e Moçambique. Acresce que, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a População, Angola e Guiné-Bissau vão triplicar a sua população até 2050, enquanto Cabo Verde e Moçambique vão duplicá-la.

Em termos de mortalidade infantil, Moçambique é o terceiro país com maior índice (124 por mil), apenas atrás da Serra Leoa (146/mil) e do Malaui (130/mil). A Guiné-Bissau surge em quinto (121/mil) e Angola em oitavo (118/mil). Cabo Verde tem uma taxa de mortalidade infantil de 50 por cada mil nascimentos.

Quanto ao rendimento "per capita", o de Cabo Verde ascende a 4760 euros, muito acima de Angola (1180), Moçambique (800) e Guiné-Bissau (710).

Quanto à taxa de prevalência do vírus VIH/sida, Moçambique é um dos mais afectados do continente africano, com um índice de 6,13% entre os homens e de 14,67% entre as mulheres. Angola tem uma taxa de prevalência de 2,23% nos homens e de 5,74% nas mulheres e a Guiné-Bissau 1,06% nos primeiros e 2,98% nas segundas.

(*) http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=502021

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