domingo, setembro 20, 2009

... e Elisa Ferreira nada fez e pouco disse!

Em entrevista ao Público, Elisa Ferreira, candidata independente pelo PS à Câmara do Porto (Portugal), diz que não percebe como pode estar Rui Rio satisfeito com a situação da cidade quando nos seus bairros mais pobres há 115 mil pessoas que vivem das ajudas públicas e em cujas ruas se encontram "famílias onde as pessoas já perderam a noção do que é trabalhar".

Tem razão. Mas, como sempre, Elisa Ferreira sabe o que diz mas não diz (tudo) o que sabe.

Elegendo a competitividade e o emprego como vectores fundamentais do seu programa, Elisa reclama para a presidência da câmara o papel de pivot para acudir aos problemas de uma cidade em decadência económica, social e demográfica.

Pois. Pelo menos 181 jornalistas só das redacções do Porto de vários órgãos de comunicação social perderam o emprego nos últimos cinco anos, 54 dos quais no despedimento colectivo do grupo Controlinveste.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

Já agora, em honra de uma perdida (apesar de recente) memória, recorde-se que o esvaziamento das redacções do Porto, de vários órgãos de comunicação social, já vem acontecendo há algum tempo, acompanhado do encerramento de publicações sedeadas na cidade, como O Comércio do Porto.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

O Comércio do Porto, que era o diário mais antigo do país, foi encerrado em Julho de 2005 pelo grupo que então o detinha, os espanhóis da Prensa Ibérica, que acabou também com A Capital, um dos mais prestigiados títulos de Lisboa. No caso d' O Comércio do Porto perderam o emprego 50 jornalistas.

Dois anos antes, em 2003, a estação televisiva NTV, um canal regional do Porto criado em 2001 através de uma parceria entre a PT Multimédia e a RTP, dispensou também 25 dos 37 jornalistas contratados a termo certo, tendo acabado por desaparecer para dar origem à actual RTPN, que absorveu os restantes profissionais.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

Também em 2003 a Lusomundo Media/PT encerrou a redacção do Porto da revista Notícias Magazine, despedindo os quatro jornalistas que a compunham.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

Em 2006 foi a vez de o jornal Público iniciar um processo de rescisões que resultou na saída de 11 jornalistas no Porto (incluindo os correspondentes de Aveiro, Famalicão, Braga e Vila Real), enquanto o semanário Expresso dispensou, em Junho de 2007, dois jornalistas na redacção da cidade.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

A estes juntaram-se, em Agosto de 2008, mais 32 jornalistas de outros dos mais antigos diários portugueses, o portuense O Primeiro de Janeiro, alvo de um processo de despedimento colectivo.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto? E que fez Elisa Ferreira quando, este ano, jornalistas despedidos lhe pediram que assinasse um documento de solidariedade e de apelo? Pois é...

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