sábado, setembro 05, 2009

Em Cabinda, acidentes e zaragatas lutam ao lado da FLEC contra os soldados angolanos

O eterno (tal como o presidente) ministro da Defesa de Angola nega a existência de militares das Forças Armadas de Angola (FAA) mortos em ataques dos guerrilheiros da FLEC, em Cabinda, ao mesmo tempo que garante que a província está "estável".

Pois é. A verdade é uma espinha entalada em todos aqueles que, tanto em Luanda como em Lisboa, tentam tapar o sol com uma peneira, mesmo quando o fazem durante a noite.

Depois do comunicado emitido pela Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), em que o movimento reivindicou a morte de 12 soldados angolanos em três emboscadas, o Ministério da Defesa da potência ocupante nega e diz que se trata de uma tentativa de chamar à atenção da comunidade internacional.

Luanda mantém que o território está pacificado desde a assinatura do Memorando de Entendimento de Agosto de 2006, que envolveu o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), de Bento Bembe, e outras associações, mas não a FLEC de N´Zita Tiago.

Mas como às vezes os donos do poder, seja em Luanda ou em Lisboa, não conseguem comprar toda a verdade, o Ministério da Defesa angolano acabou por admitir que ocorram esporadicamente mortes entre os soldados angolanos.

Pois. Mas, utilizando velhas técnicas, Luanda diz que essas mortes se devem a acidente de viação ou de outras situações, como zaragatas e banditismo, esclarecendo que a FLEC "aproveita para empolar" numa tentativa de fazer passar a ideia para a comunidade internacional de que está activa.

Mas como se apanha com mais facilidade um mentiroso do que um coxo, recordo que o tal ministro da Defesa de Angola, Kundi Paihama (na foto durante uma visita aos eternos amigos da Coreia... do Norte), reconheceu no dia 20 de Abril deste ano, em Lisboa, que há militares da FLEC que ainda não "abraçaram a razão", e que por isso “continuam a fazer da luta armada uma forma de sobrevivência”.

“Abraçar a razão” significa, de acordo Kundi Paihama (mas poderia ser de acordo com José Sócrates), ser e estar com o MPLA.

Mas o que é que isso agora importa, se 80% dos eleitores angolanos, apesar das vigarices, votaram nos amigos de Kundi Paihama?

"Ainda há restos das forças, pessoas das FLEC, que não abraçaram a razão, mas não se trata de qualquer força que possa impedir o curso da situação. São grupos de pessoas manipuladas por interesses que já conhecemos", disse na altura Kundi Paihama numa conferência de imprensa com o seu homólogo português.

Assim, tal como em Portugal existe um dono da verdade, o PS, em Angola existe o MPLA. Tudo o resto são portugueses e angolanos de segunda que não têm direito a defender o que pensam ser também a verdade.

Por outras palavras, tanto os cabindas como os angolanos têm de comer e calar se não quiseram que Kundi Paihama os considere manipulados.

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