quarta-feira, outubro 14, 2009

Quantidade não é qualidade? Pois...

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse exactamente há um ano que a defesa dos direitos cívicos e políticos dos cidadãos angolanos eram a prioridade do partido para a legislatura que começava a 15 de Outubro. O discurso e a data poderiam hoje ser os mesmos.

Falta é saber, como há um ano, como é que que isso se faz com 16 deputados no meio de 191 do MPLA. "Os angolanos sabem que quantidade não é qualidade. Eles esperam de vós inovação, coragem e lealdade na defesa dos seus intereses, quer no exercício da função fiscalizadora, quer no exercício do poder constituinte", disse hoje Isaías Samakuva no final de um encontro com os deputados do seu partido.

O líder da UNITA disse também ser expectativa do povo que a Assembleia Nacional se debruce, com urgência, sobre a normalização constitucional das eleições presidenciais, a data de entrada em vigor da Constituição da III República e o calendário para a criação dos novos órgãos constitucionais.

Sobre o papel que a UNITA, que elegeu apenas 16 deputados em 220, cabendo 191 ao MPLA, deve ter na legislatura que começa amanhã, espero que de forma mais visível a UNITA tenha, continue a ter, uma atitude que possa garantir que os direitos civis e políticos dos cidadãos sejam assegurados.

Esta, como muitas outras, parece ser uma missão impossível. No entanto, sou do tempo em que a palavra impossível não constava do léxico do Mais Velho. Eu sei que eram outros tempos, mas...

“Vemos com preocupação a situação que se está a viver em Angola com a procura de extinguir associações da sociedade que defendem os direitos humanos. E nós queremos que este mandato seja aquele em que fique garantida essa protecção dos direitos civis dos cidadãos”, afirmou Samakuva. Quando? Pela realidade “in loco” poderia ter sido hoje, mas foi há um ano.

E já que estou numa fase de recordações, lembro que há um ano Samakuva disse ao Presidente da República que a UNITA cumpriu, no âmbito do Protocolo de Lusaca e no que respeitava ao Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), a tarefa da reconciliação nacional.

Cumpriram sim senhor. E cumpriu de tal forma exemplar que, no final, o MPLA ficou com 191 deputados e a UNITA com 16...

E agora começa um novo ano parlamentar com a UNITA situada onde o MPLA quer que ela esteja. Por outras palavras, está... sem estar. E esta realidade só será alterada quando o Galo Negro der, se é que quer dar, sinais de querer (voltar a) voar.

Até lá fica-nos a certeza filosófica de que a quantidade não é sinónimo de qualidade. É um bom lema para os primeiros dos últimos...

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