quinta-feira, outubro 22, 2009

A vénia dos sipaios portugueses ao
novo chefe de posto angolano (II)

Receio que o discurso dos brancos versus negralhada leve a interpretações incorrectas. Não me parece que todos os brancos sejam uns patifes, como também os negros não são todos matumbos.

Por Calcinhas de Luanda

Aliás foi na incapacidade de se travar o discurso anti-branco em Angola (em 1974-75), discurso este que tinha a sua razão lógica no discurso anti-negros da maioria dos brancos durante o período colonial, que se perderam muitos quadros qualificados em Angola.

Quem ficou a perder com isso? Honestamente, a maioria da população pobre, que tem a cor da pele negra. Os brancos "marcharam" e a grande maioria governou a sua vida.E maioria dos angolanos?

Como a evidência histórica o tem demonstrado, discursos racistas acabam mais cedo ou mais tarde por dar asneira. E são sempre um campo fértil para oportunistas tomarem o poder.

O que hoje se verifica em Angola é precisamente isso. "Negros bons" tomaram o poder e afastaram os "brancos maus". Hoje em dia vemos que os "negros bons" são uns patifes e que apareceram outros "brancos maus" (se calhar muitos até são os mesmos de antigamente)e parece ter ficado tudo na mesma.

Ora aqui é que está o busílis da questão! É que grosso modo o controlo do poder em Angola foi feito ao abrigo da necessidade dos "negros bons" tomarem o poder. As pessoas tomaram o poder, ou tiveram capacidade de movimentação política porque eram de facto os "politicamente correctos" ou "os politicamente bons".

Nunca interessou saber-se se as pessoas eram ou não competentes e capazes, mas apenas se tinham a cor da pele adequada. As críticas que hoje se fazem acabam por, no fim, afinar pelo mesmo diapasão. Na sua essência básica está-se apenas perante uma variedade de racismo.

Continuando-se esse percurso, haverá como resultado, mais ano menos ano, outra purga baseada no que facilmente se apreende à primeira vista, vão ser "limpos os brancos" porque se vêm à distância, os bakongos porque são primos lá da outra banda, os bailundos porque são uns chatos e gostam muito da UNITA, etc., etc., etc.

Quem manda em Angola é quem sempre lá mandou, grandes grupos económicos e empresariais portugueses. Apenas usam novos intermediários, agora com uma cor de pele "politicamente aceitável".

É preciso misturar alguns daqueles rapazes do EME com os negócios do Muene Puto, pois assim seja, a Sonangol passa a ter interesses na Galp e vice-versa, junta-se a TAP com a TAAG e com mais um tempero brasileiro via TAM, e por aí adiante...

Isto não é uma questão de luta baseada na cor da pele! É uma luta que tem a ver com a cor da alma. Tem a ver com um capitalismo desenfreado e sem vergonha que utiliza África como terreno de saque. Isto só acontece porque os tais "negros bons" que tomaram o poder em Angola, tomada essa de poder que se baseia na cor da pele e não em competências, são os comparsas de tais abusos.

Numa casa compete ao dono da mesma definir as regras, se ele é incapaz ou se se vende a interesses externos, não serve para líder. Atirar as culpas para os outros é desculpa de incapazes. Logo se os portugueses e os brasileiros é que mandam em Angola, a culpa é dos governantes angolanos.

Não é dos portugueses e dos brasileiros.

3 comentários:

Gil Gonçalves disse...

Como analista é muito frágil. Não convence, nem se sabe o que ou quem defende. Parece espalhar mais confusão. Uma coisa é certa, Angola já está nas mãos dos estrangeiros. Quando se instalam grandes empresas imobiliárias, adeus poder. E agora como deve ser a luta, contra o Mpla ou contra os estrangeiros? A UNITA lutava contra o MPLA ou contra os russos e cubanos?

Calcinhas de Luanda disse...

Defendo o bom senso, o diálogo, a troca de ideias. Não coloco rótulos tendo em atenção a cor da pele.
Não acredito nem no MPLA nem na UNITA nem na FNLA. Não são rivais políticos, são inimigos!
Não preciso de defender uma ideologia política em particular,nem estou interessado em fazê-lo.
Acho que terão de aparecer novos partidos em Angola, pois os três movimentos independentistas esgotaram os respectivos modelos.
Possivelmente trata-se de uma posição comodista, mas não sigo o caminho fácil de apontar estrangeiros.

Armando Quadé disse...

A imoralidade dos pretos nunca foi, nunca é, e nunca vai ser a culpa dos brancos!!!