terça-feira, dezembro 15, 2009

Há por aí muitos metros de corda e súbditos
sempre disponíveis para enforcar jornalistas

Esta é a época própria para os donos dos jornais portugueses, a mando também dos donos dos donos, realizaram jantares ou almoços de Natal com os seus operários. As más notícias, como no passado, ficam reservadas para (o início de) 2010.

“Até à próxima!”, titulava O Comércio do Porto na sua derradeira edição. E não houve próxima. Para outros, mais dia menos dia, também não haverá próxima.

Não haverá, entenda-se, para os jornalistas. E não haverá porque ao comércio de jornalismo só interessam os que não pensam. Os que entendem que quem não vive para servir não serve para viver não têm lugar num negócio em que, de facto, vale tudo.

Em Julho de 2005 li o editorial do Rogério Gomes que dizia: "O Comércio do Porto não acaba em definitivo". Mas acabou. Era previsível. É difícil sobreviver quando se luta num meio, jornalístico, empresarial e político, em que prolifera o primado da subserviência em vez do primado da competência.

"Confio que o mais antigo jornal do Continente ressurgirá em breve e continuará o seu papel insubstituível de voz da Região Norte", escreveu então Rogério Gomes, contrariando na altura “A Capital” que assumia ser o “Fim”.

É "mais um duro golpe na perda de influência do Porto no panorama nacional da comunicação social e até mesmo da vida económica", sublinhou nesse tempo o líder do PS/Porto e candidato à Câmara local, Francisco Assis.

Teve razão. Mas não basta tê-la. O que fez o PS, que por sinal estava, como ainda está, no Governo? Nesta matéria, como em tantas outras, limitou-se a valorizar a subserviência em detrimento da competência.

Por sua vez, a Direcção da Organização Regional do Porto do PCP (DORP) manifestou "total disponibilidade para participar num movimento cívico em defesa desta publicação, contrariando a sua subtracção à vida social e cultural do Porto".

Pois. Mas não bastou. Como continua a não bastar. Entre a disponibilidade e a acção vai uma grande distância.

Por seu lado, o deputado do Bloco de Esquerda João Teixeira Lopes, chamou à empresa proprietária dos jornais, a Prensa Ibérica, "investidores-predadores".

Esqueceu-se de, na altura, dizer que a culpa é de quem forneceu a corda que a Prensa Ibérica utilizou para enforcar os trabalhadores. E quem a forneceu fomos todos nós.

... e pelos vistos ainda há por aí muitos metros decorda pontos, prontinhos, para enforcar mais uns tantos.

Também o presidente Distrital do PSD/Porto, Marco António Costa, emitiu em Julho de 2005 um comunicado manifestando "preocupação" pela suspensão do jornal que - disse - "tem desempenhado um papel importante na sociedade civil nortenha".

Pois. E o que fez o PSD para evitar a situação?

Ainda na área social-democrata, o agora mudo e quedo presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, apelou à Junta Metropolitana do Porto para estudar uma solução que garanta a sobrevivência do matutino “O Comércio do Porto”.

Na altura escrevi: Falta é saber se amanhã o autarca de Gaia ainda se lembra do que disse hoje. Esqueceu-se no próprio dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Todos os 5 Partidos estão debaixo do poder do Bilderberg, Orlando! Senão não chegavam à AR, da mesma forma, que o Orlando não chega a uma redacção...
Balsemão é o poder acima do poder... quanto a isso a coisa vai de mal a pior!
Se o homem não morre depressa, o que seria o desejável e pelos vistos, até já anda a comprar indulgências... ou fazemos uma Revolução ou a ditadura vai "apertar".
A verdadeira "PIDE" a "enforcar" jornalistas... com bufos e tudo.
Cuidado que os tempos vão tumultuosos... ainda dá para o torto. Que se ponham a toques!