terça-feira, março 31, 2009

“Só nós, os do PS, é que somos bons!”

O ministro dos Assuntos Parlamentares acusou hoje PSD e CDS-PP de "inacção" e de ausência de perspectiva de equidade no combate à crise, e o PCP e o Bloco de Esquerda de revelaram "cegueira ideológica".

Ei-lo que volta a malhar à esquerda e à direita, nos que vivem nos vãos de escada ou nos que não sabem a diferença entre Salazar e os democratas.

As críticas de Augusto Santos Silva à oposição, que considerou que "sucumbe à demagogia" na actual conjuntura, foram feitas no final do segundo dia de Jornadas Parlamentares do PS em Guimarães.

Demagogia que, como todos sabem, é uma característica atávica de todos os portugueses de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são do PS.

"A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa", sustentou, depois de considerar que PSD e CDS-PP também não assumem uma defesa do princípio da "equidade social" ao proporem baixas generalizadas de impostos.

Brilhante. Melhor do que Augusto Santos Silva como catedrático do anedotário português só mesmo... José Sócrates.

Já em relação ao PCP e Bloco de Esquerda, forças políticas que disse pertencerem "à esquerda extremista", o ministro dos Assuntos Parlamentares disse que "propõem o regresso ao paradigma colectivista".

"Estão cegos por preconceitos ideológicos que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabilizar o sistema financeiro para responder à crise", atacou.

Ora aí está. Bons só mesmo os socialistas. Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerada como portuguesa.

"O PS é portador de uma liderança e de uma plataforma política para mobilizar o conjunto da sociedade", sustentou o ministro.

Sustentou e bem, e isto já para não falar da sua própria sustentação e luta para manter o tacho. Creio, contudo, que os tais portugueses de segunda já perceberam que este PS não é uma solução para o problema. É, isso sim, um problema para a solução.

Não sei, contudo, se não irão optar por procurarem ser portugueses de primeira. E para isso, pelos vistos, é condição “sine qua non” ser do PS.

"Na GNR ainda existe muito medo"
(Bem ia o país se fosse só na GNR!)

Cerca de mil militares da GNR iniciaram há pouco mais de uma hora uma manifestação em Lisboa (capital do reino socialista) contra "a escravatura do horário de trabalho" e a "degradação" das condições de serviço.

Liderada pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG), a manifestação conta também com a presença de guardas florestais do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, Associação Nacional dos Sargentos da Guarda e o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, este último em solidariedade com os militares da GNR.

Empunhando bandeiras da APG, os militares da GNR vão dizendo palavras de ordem como "Horário sim, escravatura não!", "A saúde é um direito, sem ela nada feito!", e "Mentiroso! Mentiroso!", numa alusão ao não cumprimento das promessas feitas pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, a quem avisam também: "Ministro, escuta, a GNR está em luta".

Atraso "incompreensível" na revogação do estatuto profissional, falta de um horário de trabalho de referência, promoções em atraso e perda de direitos na saúde são os principais motivos do protesto dos militares da Guarda Nacional Republicana (GNR).

O presidente da APG, José Manageiro, disse aos jornalistas que estão presentes na manifestação "cerca de mil militares da Guarda".

"Existe uma revolta na GNR, os militares estão descontentes", sublinhou José Manageiro, criticando "o militarismo exacerbado" da GNR e o "horário de escravatura", para referir que os elementos da corporação "dependem das chefias para programar a sua vida familiar".

O presidente da APG considerou a manifestação "um êxito", apesar de muitos militares não estarem presentes porque "a instituição marcou serviços para hoje e instrução".

Muitos dos elementos da GNR presentes na manifestação não quiseram falar aos jornalistas porque, segundo Manageiro, "na GNR ainda existe muito medo".

O presidente da Associação Nacional de Sargentos da Guarda, José O'Neill, disse à Agência Lusa que participam no protesto por estarem "preocupados com a falta de política e credibilidade para a consolidação da segurança interna em Portugal".

"Somos tratados de forma diferente das outras forças de segurança, temos deveres mas os direitos foram esquecidos, sublinhou.

Segundo José O'Neill, o Ministério da Administração Interna prometeu melhores condições de saúde e assistência judicial para os militares quando estes têm que ir a tribunal, promessas que afirmou não terem sido cumpridas.

Os guardas florestais exigem um regime de trabalho adaptado à GNR e à realidade do SEPNA, uma vez que têm limite de horas, não podendo efectuar serviço nocturno e horas extraordinárias, o que prejudica a sua acção de fiscalização.

O presidente da Federação dos Sindicatos da Função Pública, que representa os guardas florestais, Rui Raposo, disse que em Maio de 2006, quando ficaram integrados na GNR, entregaram ao Ministério da Administração Interna um conjunto de reivindicações, como a reestruturação da carreira com reconhecimento das suas funções de carácter policial, ao qual até hoje não receberam resposta.

Despedimento colectivo no Alto Hama

A evolução terrivelmente negativa do mercado dos media, em particular na área dos blogues, e a profunda quebra de receitas que nunca teve impõem ao Alto Hama a necessidade de avançar para o despedimento colectivo.

Na minha perspectiva e tomando em consideração exemplos recentes, tenho naturais e justificadas esperanças que ao liderar este depedimento colectivo possa ser chamado pelo Partido Socialista para administrador de uma das empresas públicas.

Embora tenham sido lidos mais blogues no último trimestre de 2008, muito graças à subida do Alto Hama que registou um dos maiores saltos na audiência, impõe-se como inevitável entrar na moda da crise.

Acresce que, no âmbito da reestruturação macroeconómica do Alto Hama e dentro da estratégia das sinergias, será admitido um novo director capaz de justificar a imprescindibilidade do despedimento colectivo.

Embora o Conselho de Redacção do Alto Hama saliente que eu, como responsável máximo, afirmei publicamente a pujança deste blogue e o seu crescimento em termos de audiência, é de salientar que me estou nas tintas. Aliás, se necessário, contratarei um outro director para justificar que ele sabe que eu sei que ele sabe que eu sei o que ele sabe.

A bem da Nação, perdão, do Alto Hama
António de Oliveira Salazar, perdão, Orlando Castro

Afeganistão sim, Guiné-Bissau talvez
(assim se faz a história da Lusofonia)

O ministro português da Defesa Nacional (à esquerda na foto) disse hoje, em Tancos, não ter ainda conhecimento “oficial” da proposta, revelada segunda-feira pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, de um contingente militar ou policial destinado à Guiné-Bissau.

Não me digam que se esqueceram de Portugal? Ou será que o Governo de Lisboa sabe mas o seu ministro não? Tudo é possível no reino das ocidentais praias lusitanas.

Nuno Severiano Teixeira afirmou que uma eventual participação militar de Portugal numa força internacional, envolvendo os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e da Comunidade Económica dos Estados da Àfrica Ocidental, terá de ser “ponderada no quadro dos vários intervenientes”, considerando, contudo, “muito prematuro” fazer qualquer comentário neste momento.

Prematuro é com certeza. O melhor é esperar que sejam assassinados mais alguns dirigentes guineenses para, então sim, se pensar em pensar.

Entretanto, bem mais importante do que a Guiné-Bissau é o Afeganistão, país que como todos sabem tem uma afinidade com Portugal muito mais notória do que a Guiné-Bissau.

Assim sendo, o ministro reafirmou que Portugal vai reforçar, ao longo de 2009, a sua presença no Afeganistão, uma situação que acompanha “com cuidado e com atenção” e que será analisada “com o evoluir da situação”.

Na visita que fez hoje à Brigada de Reacção Rápida, em Tancos, Nuno Severiano Teixeira assistiu a um desfile das forças que, em breve, poderão ser empregues nos teatros operacionais no âmbito da NATO Response Force 13 e 14 e da equipa que está em fase de projecção para o Afeganistão.

E se os supostos craques aprendessem
alguma coisa com o jornal Metronews?

O jornal online Metronews, liderado por um jovem de Oliveira de Azeméis (Portugal) com paralisia cerebral, assinala esta quarta-feira o seu primeiro aniversário, apresentando-se com um novo grafismo.

O Metronews – http://www.metronews.com.pt/ - actua nos municípios da Grande Área Metropolitana do Porto e assume-se como um projecto “alternativo e influente, fora da esfera política e das directivas partidárias”.

Tiago Sousa, 18 anos, com paralisia cerebral desde a nascença, disse à agência Lusa que o Metronews foi criado “quase por brincadeira” e hoje “é já uma realidade no âmbito dos jornais online”.

“Confesso que não estávamos à espera da significativa audiência que já conseguimos, mas estamos cientes de que ainda existe um longo caminho a percorrer”, afirmou Tiago Sousa.

A reformulação gráfica, a lançar a partir de quarta-feira, visa facilitar a leitura dos conteúdos e, por outro lado, tornar “mais dinâmico” o processo informativo, onde não se exclui a utilização do vídeo.

“Sabemos que o futuro passa também pela diversidade de conteúdos e o vídeo é hoje em dia uma forte componente para o sucesso deste tipo de plataformas”, disse.

Tiago Sousa, que reside na vila do Pinheiro da Bemposta, é actualmente aluno do curso profissional “Técnico de Multimédia” na Escola Secundária Soares Basto, em Oliveira de Azeméis.

“Neste curso tenho aprendido muito sobre uma área de que sempre gostei. A formação deve fazer parte das nossas vidas para podermos evoluir e ser melhores profissionais”, referiu.

O curso que frequenta é “mais uma ferramenta” que ajuda no funcionamento do Metronews, um jornal que conta com a colaboração de “três amigos” que gostam de jornalismo e o incentivam a continuar.

“Sei que terei, mais cedo ou mais tarde, de constituir uma equipa de 2/3 jornalistas para que o serviço seja de melhor qualidade. Mas, enquanto a sustentabilidade não aparece vou tentando fazer o melhor”, sublinhou Tiago Sousa.

A actualização do Metronews tem sido feita nos intervalos das aulas e ao fim do dia, “um processo cansativo e motivante ao mesmo tempo”.

“Fico feliz quando vejo as visitas a aumentar. É sinal que gostam do trabalho”, concluiu.

Força Tiago Sousa. Força companheiro e camarada. Só é derrotado quem deixa de lutar. É bom ver-te sempre na linha da frente.

Árabes (quase) todos unidos contra
o “terrorismo” que o TPI representa

A 21ª cimeira árabe, que decorreu em Doha, rejeitou o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente sudanês, Omar el-Bechir, segundo a Declaração final lida pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa.

É assim mesmo. Crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Darfur? Mais de 300 mil mortos? Nada disso. É tudo, como disse Muammar Kadhafi, presidente em exercício da União Africana (UA) e amigo de José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, obra de “uma nova forma de terrorismo mundial” que dá pelo nome de TPI.

"Sublinhamos a nossa solidariedade com o Sudão e a nossa rejeição das decisões do TPI contra o presidente Bechir e apoiamos a unidade do Sudão", afirma o texto da Liga Árabe.

Dirigindo-se aos seus pares, Bechir saudou "o apoio ao Sudão e a recusa das decisões injustas" do TPI.

"Prometo-vos tudo fazer para conseguir a estabilidade e a paz em todo o território sudanês", acrescentou o presidente, certamente convicto que em Darfur ainda há mais uns milhares à espera de serem mortos.

O TPI emitiu a 4 de Março um mandado de detenção contra Bechir por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Darfur, uma região do Sudão a braços com uma guerra civil desde 2003.

A cimeira foi boicotada pelo presidente egípcio, Hosni Moubarak, tornando assim improvável qualquer "reconciliação interárabe", outro tema desta cimeira. Além de Mubarak, estiveram ausentes os chefes de Estado da Argélia, Iraque, Marrocos e Omã.

segunda-feira, março 30, 2009

É melhor querer o que não tenho
do que ter o que afinal não quero

Nada como tempos difíceis para se ver de que lado estão todos aqueles que, embora fisicamente semelhantes, ainda há pouco viviam nas copas das árvores e nos copos da subserviência.

Embora avisado, sempre pensei que muitos dos que me rodeavam teriam capacidade para, de quando em vez, usar a amovíel coluna vetebral. E, acrescento, alguns usam-na mas fora das horas de serviço, o que nos tempos que correm já não é mau.

Não deixa, contudo, de ser curioso verificar e, é claro, registar para memória futura, que muitos deixaram de me conhecer de um dia para o outro, mau grado terem trabalhado anos e anos comigo. É a vida.

É por tudo isto que é melhor querer o que se não tem, do que ter o que se não quer. E, definitivamente, não quero ter amizades ou qualquer outro tipo de relacionamento com gentalha que antes de me cumprimentar olha para o lado para ver se o capataz está a ver.

Aliás, como em tudo na vida, as dificuldades são óptimas para esclarecer muitas coisas. Por manifesta e reconhecida ingenuidade da minha parte, desconhecia os novos valores do “jornalismo” moderno: mentira, deslealdade, ódio pessoal, ambição mesquinha, inveja e incompetência.

Se calhar é por tudo isto que os bons são cada vez menos, e que os detentores do poder continuam a descalçar-se (abrindo as janelas por causa do cheiro) sempre que têm de contar até doze.

Se calhar é por tudo isto que qualquer semelhança entre Portugal e um Estado de Direito é mera coincidência.

domingo, março 29, 2009

Essa não! Chávez apunhala José Sócrates
ao mandar mudar o nome aos Magalhães

O jornal venezuelano Últimas Notícias - o de maior tiragem no país - noticia hoje que os computadores portáteis “Magalhães”, que a Venezuela contratou comprar a Portugal, vão chamar-se “Canaima” no mercado local.

Isso não se faz. Já não basta a campanha negra conduzida em Portugal pelos jornalistas de segunda (todos os que não são do PS) contra José Sócrates e, no mesmo dia, aparece o amigo líbio, Muammar Kadhafi, a dizer que o Tribunal Penal Internacional representa “uma nova forma de terrorismo mundial” e a notícia da traição de Hugo Chávez.

“O aparelho terá uma alteração, não se chamará Magalhães, o seu nome será Canaima, igual ao Sistema Operacional que utilizará”, precisa a notícia.

O artigo, da autoria do jornalista Heberto E. Alvardo, lembra que “para o primeiro trimestre do ano (2009), segundo anunciou o presidente Hugo Chávez, deveriam ter sido colocado os primeiros 500 mil Classmate (um mini-notebook voltado para uso na educação) do projecto Magalhães promovido pelo governo português”.

Depois de questionar “que passou?” com o anúncio de Chávez, o jornal avança que “até ao momento o trabalho tem sido intenso e para as próximas semanas se esperam notícias importantes que poderão incluir o início de operações da fábrica luso-venezuelana”.

Por outro lado, sublinha que “o agora projecto Canaima incluiu a aquisição de um milhão de computadores, a maior aquisição feita no mundo deste projecto Intel”.

O Canaima é um sistema operacional venezuelano baseado na distribuição GNU/Linux Debian, adaptada pelo Centro Nacional de Tecnologias de Informação (CNTI) para atender às necessidades de usuários finais da Administração Pública Nacional (APN), dando cumprimento ao decreto presidencial Nº 3390 sobre o uso de tecnologias livres.

O nome evoca o parque nacional Canaima, situado no Estado Bolívar (a sudeste de Caracas), que em 1994 foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO, por ser uma reserva natural com relevos abruptos essenciais e únicos em todo o mundo constituidos por “tepuys” (planaltos) com milhares de anos.

A 13 de Setembro de 2008, o presidente Hugo Chávez anunciou que a Venezuela tencionava comprar um milhão de computadores escolares Magalhães a Portugal, para distribuir nas escolas venezuelanas.

O anúncio foi feito durante num encontro, no palácio presidencial de Miraflores, com o ministro da Economia e Inovação português, Manuel Pinho, em que foram assinados vários acordos de cooperação bilateral entre Portugal e a Venezuela.

A 26 de Setembro, num comunicado o departamento de imprensa de Miraflores, o governo venezuelano precisava que Portugal enviaria, “nos primeiros meses de 2009” os primeiros 250 mil portáteis Magalhães, computador que foi descrito pelo presidente Hugo Chávez como “moderno” e “um verdadeiro computador que aguenta bombardeamentos”.

“A meta a médio prazo é instalar uma fábrica destes equipamentos no nosso país e que se distribuam quase um milhão deles às crianças da escola primária”, lia-se no comunicado governamental.

"TPI é uma nova forma de terrorismo"

O dirigente líbio, Muammar Kadhafi, presidente em exercício da União Africana (UA) e amigo do primeiro-ministro de Portugal, declarou hoje que o Tribunal Penal Internacional (TPI) representava “uma nova forma de terrorismo mundial”.

“É conhecido que todos os países do terceiro mundo se opõem a este denominado Tribunal Penal Internacional. A menos que todos sejam tratados de forma igual, isso não funcionará”, declarou Kadhafi no final de uma reunião com os responsáveis da UA em Addis Abeba.

“É o caso agora. Esse tribunal é contra os países que foram colonizados no passado e que (os ocidentais) querem voltar a colonizar. Trata-se da prática de um novo terrorismo mundial”, considerou.

“Não é justo que um presidente seja detido”, precisou o líder líbio que se referia ao mandado de captura emitido a 4 de Março pelo TPI contra o presidente sudanês, Omar el-Béchir, por suspeita de crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Darfur, oeste do Sudão.

“Se autorizarmos uma tal coisa, que um presidente seja detido e julgado, como o presidente el-Béchir, deveríamos também julgar aqueles que mataram centenas, milhões de crianças no Iraque e em Gaza”, sublinhou o responsável líbio.

A UA já condenou em diversas ocasiões a decisão do TPI, considerando que esta ameaçava a paz no Sudão, tanto no Darfur, em guerra civil desde 2003, como entre Cartum e o sul do Sudão.

A organização tomou iniciativas junto do Conselho de Segurança da ONU para que a decisão do TPI fosse suspensa, com base no artigo 16 do estatuto de Roma que rege o funcionamento do tribunal.

“Sobre o artigo 16, esperamos que a Cimeira árabe de Doha (que começa segunda-feira) tome uma decisão e faremos o movimento em conjunto porque no que nos diz respeito, já temos a decisão da cimeira” da UA de Fevereiro, indicou Ramtane Lamamra, comissária da UA para a paz e a segurança.

A cimeira da UA em Addis Abeba em Fevereiro tinha apelado para a suspensão das perseguições a el-Béchir.

Razão tem Sócrates ao querer acabar
com os jornalistas que não são do PS

Em Portugal, importa ir relembrando seja, ou não, a propósito da campanha negra contra José Sócrates, o Estatuto do Jornalista aprovado pelo PS do mesmo José Sócrates, é a página mais negra na história do Jornalismo do pós-25 de Abril.

Apesar dos sucessivos apelos, incansáveis iniciativas e documentos de esclarecimento e de aviso para os graves erros e riscos, o governo do mesmo José Sócrates & Companhia foi insensível aos argumentos e posições dos Jornalistas.

Dos Jornalistas. Não dos mercenários contratados para dirigir alguns órgãos de comunicação social, mesmo que tenham carteira profissional.

O PS do mesmo José Sócrates foi incapaz de gerar um Estatuto consensual (até no Parlamento), no qual os jornalistas portugueses se revissem e reconhecessem como instrumento legal fundador de um jornalismo mais livre e mais responsável.

Aliás, liberdade e responsabilidade não se enquadram neste PS de José Sócrates.

O Estatuto aprovado não garante mais a protecção do sigilo profissional dos jornalistas. Pelo contrário, diminui tais garantias, ao elencar um conjunto de circunstâncias em que esse direito-dever pode ceder, bastando aos tribunais invocar dificuldade em obter por outro meio informações relevantes para a investigação de certos crimes.

Assim (e o PS lá sabe as suas razões…), os poucos jornalistas que restam enfrentarão maior resistência de fontes confidenciais que poderiam auxiliar a sua investigação de fenómenos como o tráfico de droga e até, como se insinuou nos debates, de corrupção, entre outros crimes que os profissionais da informação têm o direito e o dever de investigar e denunciar.

A falta de garantias de autonomia editorial e de independência e os riscos deontológicos criados pelo Estatuto socialista comprometem a aceitação, pelos jornalistas, de um regime disciplinar que é injusto porque aplicável num contexto de fragilidade, no qual não estão em plenas condições de assumir livremente as suas responsabilidades.

O Estatuto socialista não cria condições para uma efectiva autonomia editorial e independência dos jornalistas (e o PS lá sabe as suas razões…), antes as agrava, fragilizando ainda mais a posição destes profissionais face ao poder das empresas.

Também neste matéria, o PS de José Sócrates quer (e anda lá perto) acabar com todos os jornalistas de segunda, ou seja, todos aqueles que não são do... PS.

sábado, março 28, 2009

O ministro falou e disse e, assim sendo,
todos podem agora dormir descansados

Não é que a justiça seja “de vão de escada” ou que os jornalistas estejam sempre a “malhar” no governo, mas quando se ouve o ministro português dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, fica-se logo (des)cansado.

Porquê? Nada mais simples. “Não há nenhum membro deste Governo ou de anteriores Governos que esteja indiciado ou sequer sob investigação a propósito do chamado caso Freeport”, afirmou hoje Santos Silva.

E eu, como milhões de portugueses de segunda (todos aqueles que não são do PS), que pensava que a separação de poderes nunca permitiria que um ministro tivesse tantas certezas...

Mas tem. E, portanto, “não há nenhum membro deste Governo ou de anteriores Governos que esteja indiciado ou sequer sob investigação a propósito do chamado caso Freeport”.

“Não há” e ponto final. Quem duvidar arrisca-se a ouvir o mesmo ministro dizer-lhe, como o fez em relação aos professores, que “não distingue entre Salazar e os democratas”.

E ainda há portugueses que dizem que no tempo de Salazar é que os ministros tinham tais garantias sobre os processos judiciais...

“Se o senhor arranjar uma gravação de um vídeo com outro a dizer que eu roubei num supermercado, não significa que eu tenha roubado num supermercado”, argumentou o ministro e dirigente nacional do PS.

Ora nem mais. É tudo uma campanha negra, cada vez mais negra, tão negra como um saco preto de carvão numa noite escura em África.

O ministro realçou que “o Ministério público tem dito sucessivamente, a quem o quer ouvir, que decorre um processo de investigação em torno do chamado caso Freeport e que nesse processo não está sob investigação nenhum membro do actual Governo nem de Governos passados”.

Pois. É mais ou menos como os vãos de escada. Ou seja, porque o Ministério Público afirmou algumas vezes que nenhum membro do Governo estava sob investigação, essas afirmações valem para sempre e fazem jurisprudência.

Nunca mais o Ministério Público poderá dizer algo diferente? Pelos vistos, não!

Sistema judicial? Democracia? Onde? Onde?

A presidente do PSD e eventual candidata à chefia do Governo português, Manuela Ferreira Leite, defendeu hoje que “a sucessão de factos" sobre o caso Freeport "torna premente, para bem do sistema judicial e para bem da democracia, que este assunto seja esclarecido e bem esclarecido rapidamente”.

Tem razão. Tem, é como quem diz. A líder do PSD parte de premissas erradas e, por isso, as suas conclusões não batem certo. Quem disse a Ferreira Leite que Portugal tem um sistema judicial e é uma democracia?

Em causa está a notícia avançada no "Jornal Nacional" da TVI com base num DVD que está na posse da polícia inglesa, em que o sócio da consultora Smith & Pedro, contratada para tratar do licenciamento do Freeport de Alcochete, diz que José Sócrates "é corrupto" e que terá recebido, por intermédio de um primo, dinheiro para dar luz verde ao projecto.

Ora aí está. Ao tempo que se sabe do caso, se Portugal tivesse um sistema judicial digno de um Estado de Direito, ainda se estaria nesta fase? Claro que não.

Ao tempo que se sabe do caso, se Portugal fosse de facto e de jure uma democracia, tudo estaria como está? Claro que não.

Uma hora depois da divulgação da notícia ontem pela TVI, o gabinete do primeiro-ministro emitiu um comunicado em que repudiou "com veemência" todas "as referências" que o envolvem, "directa ou indirectamente".

"No que me diz respeito, essas afirmações são completamente falsas, inventadas e injuriosas. Reafirmo mais uma vez, que não conheço o sr. Charles Smith, nem nenhum dos promotores do empreendimento Freeport", afirmou José Sócrates.

Se calhar até tem razão. Mas, convenhamos, se o sistema judicial e a democracia não funcionam em Portugal, parte da culpa também é do PS e de José Sócrates.

E aqui, mesmo não sendo Portugal um Estado de Direito, não basta ser sério. É preciso parecê-lo.

José Sócrates termina o comunicado revelando que já deu deu orientação ao seu advogado para "agir judicialmente contra os autores desta difamação".

Agir judicialmente se o sistema judicial não funciona, a não ser quando se manifesta contra os pilha-galinhas?

Pois. É por estas e por muitas outras que as ocidentais praias lusitanas situadas a norte, estão cada vez mais a sul de... Marrocos.

Huambo, (a minha) cidade vida, poderá
ser a primeira capital ecológica de Angola

Mais de 500 árvores ornamentais foram plantadas hoje nas principais artérias do Huambo, sobretudo no bairro São Pedro e na cidade Alta, numa acção social da iniciativa dos jovens filiados na organização juvenil do partido que governa Angola desde a independência, em 1975.

Em declarações à Angop, o secretario municipal da JMPLA do Huambo, Bernardo José Sapalo, assegurou que o processo de plantação de árvores contou com a participação de 250 jovens filiados na organização juvenil do partido no poder, numa acção inserida no programa da jornada Março Mulher.

O processo de plantação das árvores ornamentais teve apoio da empresa de gestão ambiental Eco-Huambo, encarregue da melhoria dos jardins, parques e saneamento básico nos municípios sede, Bailundo e Caála.

A cidade do Huambo é potencial candidata à primeira "Capital Ecológica" de Angola, numa altura em que decorrem os trabalhos para melhoria dos espaços verdes desta circunscrição.

«Freeport», Sócrates e Smith
Smith, Sócrates e «Freeport»

O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, anunciou que vai agir judicialmente por "difamação" contra quem envolveu o seu nome a propósito do caso Freeport.

O anúncio de José Sócrates foi feito através de comunicado, depois de a TVI, no seu Jornal Nacional de ontem, ter exibido o que disse ser uma gravação de uma conversa entre um administrador do Freeport, o empresário Charles Smith e o funcionário João Cabral.

"Tendo tomado conhecimento da divulgação pela TVI de uma gravação contendo referências ao meu nome, a propósito do caso Freeport, esclareço o seguinte: No que me diz respeito, essas afirmações são completamente falsas, inventadas e injuriosas", declara Sócrates, cujo nome é invocado por Charles Smith como envolvido em contrapartidas financeiras.

No comunicado, o chefe do Governo reitera desconhecer Charles Smith: "Reafirmo, mais uma vez, que não conheço o Sr. Charles Smith, nem nenhum dos promotores do empreendimento Freeport".

"Quero repudiar, com veemência, todas as referências que procuram envolver-me, directa ou indirectamente, em qualquer comportamento ilícito, ou menos próprio, a propósito do caso Freeport", acrescenta o primeiro-ministro.

"Dei já orientação ao meu advogado para agir judicialmente contra os autores desta difamação", conclui José Sócrates.

Charles Smith, sócio da consultora Smith & Pedro, contratada para tratar do licenciamento do Freeport de Alcochete, diz claramente, num DVD que está na posse da polícia inglesa, que José Sócrates “é corrupto” e que terá recebido, por intermédio de um primo, dinheiro para dar luz-verde ao projecto do outlet de Alcochete.

Foto: Tiago Petinga/Lusa

sexta-feira, março 27, 2009

Militares substituem na Guiné-Bissau
a força da razão pela razão da força?

«Segundo informações que me chegaram – por razões óbvias não cito a fonte – o jornalista António Aly Silva terá sabido – isto porque não estava presente nos referidos momentos – de 4 visitas à sua residência por pessoas, segundo parece, fardadas.

Num Estado que se quer democrata e com as forças armadas sob alçada do poder político, aliado ao facto do jornalista não ser militar, logo só a polícia o poderia fazer – ou não fosse a Guiné-Bissau um Estado que se quer democrata e membro permanente da CPLP – tenho mesmo de dizer “segundo parece, fardadas”.

Porque se assim não for não se compreende o que a CPLP anda a fazer em Bissau que autorizará o domínio do País pelos militares, logo teremos de concluir como, não poucas vezes o faz Aly e, indirectamente, o também jornalista Fernando Casimiro “Didinho”, que o que houve na Guiné-Bissau foi um trágico e hediondo ajuste de contas aproveitado para um discreto mas efectivo Golpe de Estado militar!

Se a Verdade, mesmo que possa parecer um pouco exagerada, deve ser calada muito mal vai o sistema político e judicial do País que isso permite. Parece que querem calar António Aly Silva.

Ou terá sido uma quádrupla visita somente preocupados em proteger a sua vida?Esperemos que a CPLP e a sua actual presidência façam notar que o sumiço de um qualquer jornalista, principalmente quando é – ou são – bem reconhecido interna e externamente não é boa política.

Além de que a União Europeia, salvo raríssimas excepções, não costuma dar fundos a países que gostam de fazer desaparecer os portadores “das cartas a Garcia”. Uma simples questão de Direitos Humanos…»

In:
http://pululu.blogspot.com/2009/03/jornalista-recebe-visitas-pouco.html

Se apenas é problema o que existe
que tal "esquecer-se" a corrupção?

O juiz de instrução Carlos Alexandre defendeu hoje que o combate à corrupção em Portugal só terá sucesso se os arguidos puderem ser confrontados no julgamento com os depoimentos que prestaram em inquérito.

E anda Portugal, ou uma parte dele, preocupado em falar da corrupção em África, nomeadamente em Angola! Se calhar os mestres angolanos desta matéria ainda têm muito que aprender com os portugueses.

O actual Código do Processo Penal português determina que os arguidos terão que dar o seu acordo para serem confrontados com declarações prestadas em fase de inquérito, uma situação que se arrasta desde a revisão do código em 1987.

Não seria mais fácil seguir o exemplo de Angola e pura e simplesmente dizer que não há corrupção, mas apenas alguns pequenos desvios à lei?

"A minha experiência diz-me que sem alterações de fundo em matéria de valoração dos depoimentos prestados em inquérito, tarde ou nunca o combate à corrupção logrará sucesso visível", afirmou o juiz-presidente do Tribunal Central de Investigação Criminal, em Lisboa.

Ficamos todos a saber que, como em Angola, se as coisas continuarem como estão “tarde ou nunca o combate à corrupção logrará sucesso visível”.

E, como se aplica noutras coisas, se os não podemos vencer, que tal juntarmo-nos a eles?

O magistrado - que tem a seu cargo grandes casos de alegada criminalidade económico-financeira como o Freeport, Portucale e BPN - falava no Porto, no segundo e último dia do simpósio "A Economia da Corrupção nas sociedades desenvolvidas contemporâneas", organizado pelo Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE).

Secundando uma tese defendida quinta-feira no mesmo simpósio pela directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, Carlos Alexandre afirmou que "uma alteração no catálogo que comportasse uma alteração do ónus de prova em matéria de crimes de corrupção também ajudaria muito".

"Quiçá através da criação de um crime de enriquecimento ilícito ou sem causa", completou.

Carlos Alexandre criticou o "acentuado pendor garantístico" da lei face aos suspeitos de "enriquecimentos súbitos" e lamentou a "diminuta" cultura de denúncia dos casos de corrupção.

Aí está. E foi também essa diminuta cultura de denúncia que os portugueses ensinaram aos povos que colonizaram. Isto, é claro, para além de todo um vasto leque da manigâncias que fazem da corrupção uma forma de estar.

Carlos Alexandre recordou mesmo que, enquanto juiz de julgamento, "nunca" foi chamado a decidir um caso de corrupção. É evidente. Só se julga o que há. É exactamente por isso que não há – tal como em Portugal – julgamentos sobre corrupção.

O magistrado defendeu a denúncia anónima dos corruptos, "bastante necessária nos tempos que vão correndo", queixou-se das restrições a escutas telefónicas e a buscas, lembrou dificuldades em quebra do sigilo bancário, recolha de som e imagem, demoras na resposta a cartas rogatórias, bem como do envolvimento nas investigações de agentes encobertos na investigação.

Não está fácil, não senhor. Denunciar a corrupção pode ser inclusive meio caminho andado para uma imensidão de problemas que, bem vistas as coisas, não compensam.

A culpa é sempre do remador
desde logo porque não é do PS

Este texto é uma singela homenagem aos sacrificados administradores e gestores que, apesar de levarem empresas à falência e trabalhadores para o desemprego, nem sequer têm direito a subsídio de desemprego acumulável com o ordenado noutras administrações.

Muitas pessoas bem intencionadas mas sobretudo ingénuas, perguntam como é, foi, ou será, possível acontecer o desastre que abalroa alguns jornais portugueses.

Se ainda estivesse a escrever profissionalmente sobre economia (coisa que fiz durante muitos anos) diria que a actual crise vivida nos principais mercados internacionais obriga a reflectir sobre os perigos da globalização económica.

Diria igualmente que, mesmo assim, não estão em causa os fundamentos macroeconómicos quer de Portugal, quer da Europa ou dos EUA, embora seja aconselhável moderação estratégica.

Tudo porque foi e é perigoso crer que as bolsas e o mercado em geral estariam sempre condenados a subir.

Expliquei alguma coisa sobre a minha interpretação quanto à crise que atinge alguns jornais? Claro que não. Há, de facto, uma forma mais incisiva de me explicar.

É o velho, mas sempre actual, exemplo da regata, seja ela no Douro ou no Tejo.

Os vencedores desta regata em que participam os jornais portugueses apostam numa equipa formada por um chefe e dez remadores. É uma boa aposta. Vencem distanciados.

Os outros, os que cortam a meta em segundo lugar (ou, como gosto de dizer, no primeiro dos últimos) alinham com uma equipa diversificada e escolhida a dedo:

Vários directores (escolhidos pela Administração), vários chefes (amigos dos directores), alguns editores (íntimos dos directores) e, é claro, com uns tantos seguranças (que também prestam serviços aos directores) que controlam a actividade do único remador, o único aliás que tem coluna vertebral.

Perante o desastre, é nomeada uma comissão de especialistas ao estilo da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) que conclui:

- Os administradores responsáveis pelos órgãos analisados devem ser nomeados, como prémio de gestão, para outras empresas onde possam continuar a desempenhar cabalmente a profissão da qual já deram provas. Se possível em empresas do Estado.

- É preciso despedir o remador, com justa causa e sem direito a subsídio de desemprego.

Cabinda é Angola?

As opiniões dividem-se. A maioria diz que o enclave é uma província de Angola. Outros dizem que não. Certo é que o problema existe. Cabinda: Província de Angola ou território ocupado? “Cabinda é parte integrante da República de Angola”, diz o especialista em relações internacionais Eugénio Costa Almeida. “É um território ocupado por Angola e tem direito à independência”, afirma por outro lado o jornalista angolano-português Orlando Castro. Aqui ficam dois pontos de vista que, esperamos, possam ajudar a que o assunto seja resolvido de uma vez por todas.

Manchete do http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=22298&catogory=Manchete

Chefes há muitos, líderes são raros

Por regra, em Portugal, os chefes são um problema para a solução, cabendo aos líderes a solução para os problemas. Problemas crescentes tal é a força dos chefes.

Por alguma razão os líderes (coisa rara nas ocidentais praias lusitanas) impõem-se por si e os chefes são impostos. Impostos por decreto, ordem de serviço ou algo similar, a título compensatório pelos bons serviços prestados a outros chefes.

Os chefes agradecem a quem lhes estende a mão quando tropeçam numa pedra. Os líderes agradecem a quem retirou a pedra antes de eles passarem, mesmo que desconheçam quem o fez.

Os chefes lideram as empresas que, por regra, são as primeiras da últimas. Os líderes comandam as que são as primeiras das primeiras.

Os chefes rodeiam-se de quem pensa como eles, os líderes apostam nos que pensam (e, cuidado, que pensar pode vir a ser crime!) de modo diferente.

Os chefes fogem sem tentar. Os líderes tentam sem fugir porque sabem que só é derrotado quem desiste de lutar.

Os chefes lutam na certeza de que virão a ser derrotados. Os líderes lutam na convicção de que virão a ser vencedores.

Os chefes são donos da verdade. Os líderes constroem a verdade.

Os chefes vão fazendo algumas coisas. Os líderes são o exemplo de como se faz.

Os chefes mandam levar a carta a Garcia, aos líderes basta pegar na carta.

Os chefes são aqueles que estão sempre a pedir para sair. Os líderes são aqueles que sabem que só pede para sair quem quer ficar. Por isso, quando entendem saem pura e simplesmente.

Salvaguardando algumas excepções que talvez existam, Portugal tem – continua a ter – chefes a mais e líderes a menos. Daí a luta para ser apenas o melhor dos últimos.

quinta-feira, março 26, 2009

Subsídio de desemprego para empresários?
- Acho bem, desde que a Polícia seja ouvida!

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) de Portugal , Armindo Monteiro, disse hoje à agência Lusa que vai propor amanhã ao Governo e partidos com assento parlamentar a atribuição de subsídio de desemprego a gerentes e empresários.

"É uma discriminação negativa. É a única parte da população portuguesa que não tem subsídio de desemprego", salientou Armindo Monteiro, para quem esta lacuna "é uma injustiça muito grande".

De facto. Se os empregados têm esse direito (não sei em que patamar a ANJE coloca os gerentes), é justo que também os empresários o tenham. Mas, por uma questão de moralidade, também seria bom que quando há lucros estes não ficassem apenas do lado dos empresários. Ou não será?

Se calhar não é. Quer parecer-me que a ANJE quer que os empresários tenham os mesmos direitos dos restantes trabalhadores quando as coisas correm mal. Quando correm bem, são uma casta à parte. A isto chama-se desonestidade intelectual ou oportunismo.

O presidente da ANJE realçou que os empresários, quando têm de fechar a empresa, "não só não têm protecção no desemprego, como têm uma série de dívidas às costas".

É verdade. E o que lhes acontece quando levam as empresas à falência mas ficam com as suas contas bem recheadas? E quando fecham a empresa no Nº 2 da rua xis e abrem uma outra no Nº 3 da rua xis? E quando fecham a empresa e logo a seguir compram uns Ferraris? E quando levam para parte supostamente incerta os equipamentos das empresas que vão fechar? E quando... e quando...

Segundo Armindo Monteiro, os gerentes das empresas, mesmo que não sejam proprietários ou sócios, não têm direito a subsídio de desemprego, o que "é absolutamente discriminatório".

Claro que é discriminatório. Tão discriminatório como ter prémios suplementares de gestão, mesmo que a empresa vá à falência.

Armindo Monteiro defendeu, e bem, que a atribuição do subsídio de desemprego a sócios-gerentes seja feita em estreita articulação com o fisco e a inspecção económica, para evitar eventuais abusos ou fraudes. Em alguns casos se calhar seria oportuno incluir também a polícia.

Santos Silva malha nos vãos de escada
mas, é claro, foge com o rabo à seringa

O ministro dos Assuntos Parlamentares de Portugal escusou-se hoje a debater as candidaturas ao quinto canal, apesar de ter sido desafiado pelo porta-voz da Telecinco, argumentando não ser o Governo que deve avaliar a qualidade dos projectos. Nem mesmo quando são de vão de escada?

"Não é ao Governo que compete avaliar a qualidade dos projectos, é à entidade reguladora" para a comunicação social (ERC), afirmou Augusto Santos Silva, considerando que "estaria a desrespeitar a lei se aceitasse participar em qualquer debate público sobre qualquer das propostas".

Ah! Então é isso. É um estanho conceito de respeito pela lei quando, na véspera, disse que não se poderia entregar um canal a “projectos de vão de escada”. Eu sei que há vãos e vãos e escadas e escadas.

O porta-voz da candidata ao quinto canal de televisão em sinal aberto, Carlos Pinto Coelho, desafiou hoje o ministro a participar num debate público para discutir a "qualidade do seu projecto".

Ora, ora caro Carlos Pinto Coelho, isso seria pedir demasiado a um ministro que quando ouve falar em jornalistas e, dentro destes, sabe que algum se chama Rangel, “puxa” logo da pistola.

Recordo que o Emídio, esse mesmo, o Rangel disse de Santos Silva: “Não tenho o mínimo de consideração nem de respeito intelectual pelo saloio que detém no Governo a pasta da Comunicação Social…; pelas baboseiras e falta de rigor que punha nas crónicas do ‘Público’, pela arrogância e pesporrência que exibia quando era ministro da Educação e logo a seguir da Cultura, sem ter feito nada, mesmo nada, nem pela educação nem pela cultura, porque o considero um dos ministros mais incompetentes do Governo de José Sócrates…”

O desafio de Carlos Pinto Coelho foi avançado na sequência de declarações de Santos Silva, que quarta-feira afirmou na comissão de Ética da Assembleia da República que "não se pode entregar [o 5º canal] a um projecto de vão de escada".

Considerando tratar-se de um "equívoco", Santos Silva esclarece que não conhece o teor de nenhum dos projectos, que nunca apreciou qualquer das candidaturas, que não se pronuncia sobre o teor da decisão da ERC e que não fez qualquer referência ao conteúdo das candidaturas apresentadas.

Equívoco? Certamente. Alguma vez o ministro falaria de vãos de escada? Claro que não. Aliás essa é uma expressão que não consta do léxico mais do que erudito de alguém que trata por tu tudo quando é cultura.

Basta ver que foi antigo colunista do jornal “Público” (1992-1999, 2002-2005), cronista da “TSF-Rádio Jornal” (1997-1998), colaborador da Página Cultural do “Jornal de Notícias” (1978-1986) e director do “Acção Socialista”, órgão oficial do PS (2002-2005).

O ministro recordou ainda que o concurso foi lançado pelo Governo, mas conduzido pela ERC que "é independente do Governo". Aliás, nem precisava de dizer. Todos, desde Portugal ao Burkina Faso, sabem qual é o conceito de independência que impera neste reino.

"O equívoco decorre de ter dito que num eventual novo concurso, os critérios e requisitos seriam tão exigentes como os deste concurso, porque uma licença de 15 anos tem que ser atribuída a quem garantir níveis de exigência fortes", esclareceu como titular da pasta da propaganda de um governo que só quer acabar com os portugueses de segunda (todos aqueles que não são do PS).

Josés unidos contra a verdade de Cabinda

«Toda a gente sabe que no plano internacional Cabinda faz parte de Angola e a ONU reconheceu como parte integrante de Angola e mesmo ao nível europeu esse ponto de vista está definitivamente aceite».

Quem terá dito uma tal barbaridade? Sé podia ter sido um português, um amigo do MPLA, um vassalo de sua majestade o soba José Eduardo dos Santos. Só podia ter sido um outro José, não José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, mas José Manuel Durão Barroso.

Se assim é, importa perguntar por uma questão que hoje é de somenos importância – a memória, porque razão Durão Barroso recebeu – quando estava na Oposição em Portugal – dirigentes da Resitência de Cabinda?

Como os portugueses já perceberam, são muitos os Josés que têm a memória tão curta que até a acham desnecessária. Desnecessária, acrescente-se, quando não é em benefício próprio.

Por alguma razão, quando visitou Angola, o MPLA fartou-se de dizer por todos os cantos e esquinas: «vem aí o camarada Durão».

Seja como for, aqui fica algum contributo para o esclarecimento do «camarada Durão», até porque uma mentira dita muitas vezes nunca significará sequer uma meia verdade.

Eu sei que é teimosia (ou até fanatismo) da minha parte estar sempre a, parafraseando um dos mais sublimes e inefáveis donos da verdade em Portugal (Augusto Santos Silva), a malhar neste assunto. Mas é preciso ir dando voz a quem a não tem, como é o caso do Povo de Cabinda.

Em termos históricos, que Portugal parece teimar em esquecer mas que lhe ficaria bem assumir, Cabinda estava sob a «protecção colonial», à luz do Tratado de Simulambuco, pelo que o Direito Público Internacional lhe reconhece o direito à independência e, nunca, como aconteceu, à integração em Angola.

Como previsto... a bem da Nação

“Jornalismo online” foi o tema do relatório final de estágio da Licenciatura em Ciências da Comunicação que Arménio Carvalho dos Santos apresentou na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de Vila Real.

O Arménio teve a pouca sorte (digo eu) de me ter como seu (des)orientador de estágio. Só o futuro dirá se valeu a pena, sobretudo se falarmos de Jornalismo. Ele diz que sim. Eu tenho dúvidas, não pelas suas capacidades e conhecimentos mas, isso sim, pelo mundo (ir)real que o vai tentar triturar numa qualquer fábrica de textos de linha branca.

O relatório do estágio, feito no Notícias Lusófonas, começa com a seguinte frase, só por si reveladora da loucura que envolveu orientador e orientado: “O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado”.

Na última página (a 88) do mesmo relatório, a dos agradecimentos, o Arménio escreve: “A todos os professores que me marcaram e ajudaram a construir o aspirante a jornalista que hoje sou, ao jornal Notícias Lusófonas, e ao Orlando Castro, o mais puro jornalista que tive o privilégio de conhecer e que me deu a honra da sua abnegada orientação”.

Nota: Este texto foi aqui publicado em 18 de Agosto de 2007. Já nesta altura falava em fábrica de textos de linha branca. Elas aí estão. Os Jornalistas são despedidos e substituídos por operários de coluna vertebral amovível.

Em todos os anos existe o dia 27 de Maio

Angola votou, o MPLA ganhou e agora a comunidade internacional dorme descansada. Com a maioria absolutíssima conseguida, o MPLA faz o que quer, quando quer. É a democracia, dirão os adeptos do MPLA, é a porta da ditadura, digo eu que estou fora de Angola. Se lá estivesse ou estaria calado ou corria o risco de chocar com uma bala.

Um dos primeiros passos do MPLA é rever a Constituição e dar-lhe a força necessária a um regime que uns chamam de democrático, outros de musculado, outros de autoritário mas que, em síntese, visa ainda mais o reforço da concentração de todos os poderes nas mãos do Presidente da República.

De forma eufemística, ao estilo de onça escondida com o rabo de fora, o MPLA fala de regime semi-presidencialista, mas a verdade é que será ainda mais presidencialista e ponto final.

Falar de semi-presidencialismo quando o presidente é o chefe do Estado e do Governo, é detentor de quase 100% do Produto Interno Bruto, é gozar com a chipla de pelo menos 80% dos angolanos que votaram no MPLA. Não percebo, aliás, qual é a diferença prática entre um regime com estas características e uma qualquer ditadura.

É claro que os angolanos não podem dizer livremente estas coisas. São livres, isso sim, de dizer o que o regime quer. Fora disso, cuidado. Mesmo no seio do MPLA o cuidado impera. É que todos os anos existe o mês de Maio e o dia 27.

Ao contrário do que afirma o governo de Lisboa, o que se passou em Angola não se traduziu na implantação da democracia, muitos menos na sua fortificação. Tudo se resumiu à continuação da ditadura que foi implantada em 1975, também aí por obra e graça de Portugal.

Sendo verdade em qualquer parte do mundo que o poder corrompe e que o poder total corrompe totalmente, não é difícil ver como será Angola nos próximos quatro anos que, aliás, se somam aos 33 que o MPLA já levava no poder.

Terão os portugueses direito à indignação?

Provavelmente os portugueses deveriam estar nas ruas a manifestar a sua indignação (creio, embora não tenha a certeza, que ainda têm esse direito) pelo aumento da pobreza, pelo custo de vida, pelo desemprego, pela crise, pela forma como são tratados.

Talvez pudessem até adoptar uma metodologia mais expressiva, saindo à rua, incendiando coisas, partindo outras e por aí fora. É claro que, em democracia (dir-me-ão sobretudo os que não têm os problemas financeiros que atingem a esmagadora maioria dos portugueses) a indignação não se manifesta com violência física.

E se não se manifesta com violência física, fica-se confinado a protestos limitados à urbanidade típica dos que, por força das circunstâncias, comem e calam. Até um dia. Sim, que a paciência dos brandos costumes lusos também tem limites. Aliás, por alguma razão se diz que quanto mais as pessoas se baixam, mais se lhes vê o rabo.

É claro que o primeiro-ministro socialista das ocidentais e cada vez mais pobres praias lusitanas a norte de Marrocos, de seu nome José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, arranja sempre maneiras, prenhes de urbanidade, de desviar as atenções dos aumentos constantes do custo de vida que "roubam" o direito a uma sobrevivência digna, e continua a ter estrategemas para nos atirar fumo para a chipala.

Estando o país, ou pelo menos parte dele, de tanga, que importa que existam em Portugal pelo menos dois milhões de pobres e que mais de 20% (vinte por cento, vinte em cada cem, uma em cada cinco) de crianças estejam expostas ao risco de pobreza?

Estando o país, ou pelo menos parte dele, de tanga, que importa o facto de, a seguir à Hungria e à República Checa, Portugal ser o país europeu onde as pensões são mais baixas e seriam precisos em média mais de 110 euros por pessoa para fazer face às despesas domésticas básicas, uma realidade que mais uma vez tem maior incidência nas classes sociais mais baixas?

Ao fim e ao cabo, os portugueses são um povo solitário (mais de meio milhão vive sozinho), ingénuo (ainda acreditam em José Sócrates), lixado e mal e pago (bem mais do que 500 mil desempregados).

São e, pelos vistos, assim vão continuar...

quarta-feira, março 25, 2009

Vãos de escada, latrinas e similares

Santos Silva, o ministro da propaganda do Governo português, sustentou hoje no Parlamento que os termos do concurso para uma licença para um canal de televisão em sinal aberto eram exigentes e que por isso, deduzo, “não se pode entregar a projectos de vão de escada”.

E como a seguir ao primeiro-ministro, José Sócrates, é Santos Silva quem tem a maior parcela da verdade, estou em crer que terá razão e conhecimento de causa quando fala de “projectos de vão de escada”.

Razão porque, convenhamos, o PS de José Sócrates tem sempre razão. É um dado adquirido e que, no mundo, só tem analogia no Sudão, no Zimbabué e, talvez, no Burkina Faso.

Quanto aos “projectos de vão de escada”, volta a ter razão, por muito que isso custe aos portugueses de segunda (todos os que não são deste PS). Aliás, só um partido de vão de escada, com alguns políticos gerados em putrefactas latrinas, poderia permitir este estado de coisas. Este e muitos outros.

Mas, bem vistas as coisas, de vão de escada parece ser cada vez mais o próprio país. Em Portugal, mais hoje do que ontem é certo, só funciona a subserviência e as ideias de poder. A competência e o poder das ideias não cabem nas ideias de vão de escada deste governo.

Portugal continua a promover todos aqueles que estão sempre de acordo, todos aqueles que para contar até 12 têm de se descalçar, todos aqueles que entopem o serviço nacional de saúde para conseguirem uma coluna vertebral amovível.

Os incompetentes proliferam por todos os lados, a começar no vão das escadas do PS. Mesmo que descobertos nas mais vis latrinas das cunhas e das filiações partidárias (entre outros antros), são guindados para o topo das hierarquias de modo a que, com toda a lata, demitam ou ajudem a demitir os que sabem mais, os que fazem melhor, os competentes.

(Quase) tudo está cheio de gentalha capaz de tudo para cumprir o que o chefe manda, capaz de tudo para manter o tachito. E é desses que o Governo gosta. Esses até são capazes de dar o cu e dois tostões para que não lhes tirem o tachito, nem que seja num vão de escada.

Mas, convenhamos, não é com esses que Portugal sairá da cepa torta. Falta é saber se o país quer dela sair. Se não quer, então é só aguardar que um dia deste o ministro Santos Silva apareça na televisão a dizer que na altura em que estava quase a saber viver sem comer... Portugal morreu.

FMI promete ajuda em troca do impossível

Ao anunciar hoje que a ajuda técnica e financeira ao governo de união do Zimbabué depende da adopção de boas políticas económicas e do saldo da dívida externa, o Fundo Monetário Internacional veio apenas dizer que o povo vai continuar a morrer à fome.

“A ajuda técnica e financeira do FMI depende da adopção de um mecanismo de acompanhamento das políticas económicas, do apoio dos doadores e do saldo das dívidas aos credores oficiais, dos quais faz parte o FMI”, indicou a instituição internacional num comunicado depois de ter enviado uma missão àquele país africano.

O que o FMI pretende é algo que sabe ser inexequível enquanto a máquina fratricida de Robert Mugabe existir. Está, portanto e uma vez mais, a tapar o sol com uma peneira.

No início desta missão de duas semanas, o ministro da Economia zimbabueano, Elton Mangona, tinha anunciado que o FMI se tinha prontificado a ajudar “imediatamente” o novo governo de união.

Os países vizinhos do Zimbabué apelaram também ao FMI para apoiar Harare, antes da cimeira da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que se deve reunir a 30 de Março para examinar os meios para ajudar financeiramente este país membro.

No comunicado, o FMI saudou as primeiras medidas tomadas pelo novo governo. A decisão de autorizar as transacções comerciais em divisas estrangeiras permitiu, segundo o FMI, travar a inflação e reforçar o plano de relançamento apresentado pelo governo de união na semana passada.

No entanto, o FMI sublinhou que “um forte declínio das actividades económicas e dos serviços públicos contribuiu fortemente para a deterioração da situação humanitária em 2008”.

O novo governo de união, formado a 13 de Fevereiro, tenta encontrar ajuda financeira de urgência para reconstruir a economia deste país em ruínas, que regista uma epidemia de cólera, da qual já resultaram 4.000 mortos desde Agosto, e onde mais de metade da população depende de ajuda alimentar para sobreviver.

A grande maioria do povo zimbabueano luta por sobreviver num país com a economia em ruínas, confrontado com a escassez de alimentos e uma taxa de inflação de 231 milhões por cento. Mais de 80 por cento da sua população está desempregada.

Recorde-se que, como medida macroeconómica de vastíssimo alcance e que deveria constituir um exemplo para o Mundo que se diz estar a atravessar uma grave crise financeira, o governo de Robert Mugabe lançou em Outubro do ano passado a nota de 100 mil milhões de dólares… zimbabuenos.

Assim, mesmo que tivesse uma das novas notas no bolso, qualquer cidadão do povo (sim do povo, que os da gamela usam, apesar da crise mundial, dólares norte-americanos) não conseguiria comprar três ovos. É que cada ovo custava, 35 mil milhões.

O Zimbabué continua, entretanto, a liderar o ranking dos países exportadores de... refugiados.

E depois de Paulo Kassoma...

O Notícias Lusófonas faz hoje manchete com um excelente trabalho do Jornalista Jorge Eurico sobre a (também minha) cidade do Huambo. É um trabalho para ler e reler, sobretudo por quem em Angola tem a responsabilidade política de gerir o país.

«Transcorrido cerca de meio ano depois das eleições, eis que, contra todas as expectativas dos locais e ao arrepio do que se pensava sobre a eficácia do programa do Governo no que à antiga cidade de Nova Lisboa diz respeito, a fealdade e o desencanto começam novamente a tomar conta do Huambo e do seu Povo (heróico e generoso, acrescente-se).

O desdouro da cidade decorre do facto de o actual governador e a sua equipa não estarem a prestar a devida atenção às obras feitas durante o consulado de António Paulo Kassoma e que levou a UNITA a perder as eleições para o MPLA no Planalto Central no passado dia 5 de Setembro de 2008.»

Ver: http://www.noticiaslusofonas.com/

terça-feira, março 24, 2009

100 camelos se for homem, 50 se for mulher

Um homem somali foi condenado hoje a entregar, como indemnização, cem camelos-fêmea aos familiares de um colaborador do Programa Alimentar Mundial que assassinou.

O condenado e mais dois outros suspeitos da morte do colaborador foram levados perante a Corte Islâmica do Sul da Somália, formada por um colectivo de três juízes das milícias integristas islâmicas Al-Shabab e Hezb al-Islam e do conselho local de anciãos.

Um dos três acusados, um combatente de Hezb al-Islam, admitiu ter morto o trabalhador do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, Ibrahim Hussein Duale.

Os juízes deram aos familiares de Duale a opção de o assassino ser condenado à morte ou pagar uma compensação material.

Os líderes de Hezb al-Islam, em Mogadíscio, aprovaram a decisão da Corte Islâmica.

De acordo com as leis islâmicas, a compensação da vida de um homem é cem camelos e a de uma mulher 50.

É a primeira vez que o assassino de um colaborador da ONU foi julgado e condenado, já que mais de 36 trabalhadores humanitários foram mortos nos últimos dois anos na Somália, considerado o país mais perigoso para membros de agências de ajuda humanitária e jornalistas.

Mais de 15 colaboradores, incluindo um britânico e um queniano, e dois jornalistas da Austrália e Canadá encontram-se em paradeiro desconhecido desde que foram raptados por grupos armados no ano passado.

Menezes quer o castelhano nas escolas
- Por mim apostaria mais no kimbundo

O presidente do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, Luís Filipe Menezes, defendeu hoje que os portugueses devem começar a aprender a língua espanhola aos seis anos, em simultâneo com o inglês.

E defender (seja o que for) é uma das armas de Luís Filipe Menezes. Recordo que, por exemplo, no dia 9 de Julho de 2004 defendeu a criação de um Ministério para a Lusofonia, independente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e a "naturalização de todos aqueles que queiram ser portugueses".

"Espero que o próximo primeiro-ministro tenha a atitude de criar um Ministério para a Lusofonia. Qualquer cidadão que viva em Portugal e fale português é português, pelo que devemos assumir a grandeza da lusofonia", afirmou Menezes, nesse dia em que falava à margem da cerimónia de inauguração de um novo complexo habitacional, em Serzedo (Vila Nova de Gaia), ao qual foi dado o nome do futebolista Eusébio da Silva Ferreira.

Para o autarca de Gaia, a aprendizagem do castelhano no primeiro ano do Ensino Básico, em paridade com o inglês, seria decisiva para uma aproximação a um mercado seis vezes maior do que o português.

Se calhar até tem razão. Creio, contudo, que dada a colonização que os donos do poder em Angola estão a fazer de Portugal, seria melhor a aprendizagem do kimbundo. Isto porque “Ki fwa o dimi, mwenyu u fwa we!” (qualquer coisa como: morre a língua e a alma morre também).

Bissau ajuda a alimentar, em Cabo Verde,
os altos dignitários da CPLP e da CEDEAO

Nada como um país acolhedor e bons hotéis para analisar a crise (política, económica, social, alimentar, de saúde, escolar...) na Guiné-Bissau! Sim, que de barriga vazia e sem condições ninguém encontra boas soluções.

Por isso, a concertação com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a Guiné-Bissau domina a reunião dos chefes da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), amanhã na Cidade da Praia, em Cabo Verde.

A sessão contará com a presença de representantes dos “oito” Estados membros da organização lusófona, da própria CPLP e da CEDEAO, e decorrerá de manhã no Palácio das Comunidades, na capital cabo-verdiana.

Não será, certamente por falta de quórum que as decisões não serão tomadas. Veja-se inclusive o peso da Lusofonia: representantes dos “oito” e da própria CPLP. A coisa promete!

A reunião destina-se essencialmente a preparar “uma ofensiva conjunta da CPLP com a CEDEAO” para apoiar um plano de estabilização política, económica e militar na Guiné-Bissau, disse o chefe da diplomacia cabo-verdiana, José Brito.

Tratando-se de “uma ofensiva conjunta” os guineenses poderão ficar descansados. A maioria vai continuar como até aqui. Ou seja, a (sobre)viver na miséria.

No encontro serão também definidos os moldes com vista à realização, em meados de Abril próximo, também na Cidade da Praia, de uma mesa-redonda com doadores visando igualmente a estabilização na Guiné-Bissau.

Isso sim. Mais um encontro de alto nível nos melhores hotéis de Bissau. Perdão, melhores hotéis sim, mas em Cabo Verde.

Perspectivar o período de transição, que terminará com a realização de eleições presidenciais, ainda sem data, os apoios ao governo de Carlos Gomes Júnior e intervenções políticas de fundo, bem como a injecção de capitais para fazer face à crise económica, são os tópicos da agenda da reunião.

Como se vê, uma agenda que de tanto peso corre o risco de se afundar. Ou, talvez, dar os mesmos resultados que a própria CPLP dá: nenhuns.

No início deste mês, recorde-se, a Guiné-Bissau foi palco do assassínio do presidente João Bernardo “Nino” Vieira, horas depois de o Chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, general Tagmé Na Waié, ter sido vítima de um atentado.

Os participantes, como é regra do protocolo em situações destas, serão recebidos em audiência pelo presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, e terminarão com um... almoço.

Dos oito Estados membros da CPLP, apenas Moçambique e Timor-Leste não estarão representados pelos respectivos ministros dos Negócios Estrangeiros, com Maputo a enviar o vice-MNE, Eduardo Koloma, e Díli o embaixador permanente na CPLP, José Barreto Martins.

Dos restantes seis, e além do MNE anfitrião, José Brito, estarão na Cidade da Praia os chefes da diplomacia de Angola, Assunção dos Anjos, Brasil, Celso Amorim, Guiné-Bissau, Adiatu Nandigna, e São Tomé e Príncipe, Carlos Tiny.

De Portugal, país que preside à organização lusófona, além do MNE, Luís Amado, vem também o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, e o embaixador acreditado na CPLP, António Russo Dias.

A CPLP está representada ao mais alto nível, pelo secretário-executivo da organização, Domingos Simões Pereira, enquanto a CEDEAO enviou o representante especial adjunto do presidente da Comissão da organização, Isaac Aggrey.

Centro de Emergência Médica do INEM
será construído, durante 2010, no Porto

O secretário de Estado da Saúde de Portugal, Manuel Pizarro, anunciou hoje a criação, no Porto, do primeiro Centro de Emergência Médica no país que irá melhorar a operacionalidade dos meios de socorro pré-hospitalar na região Norte.

Manuel Pizarro avançou que as obras para a construção do espaço deverão arrancar no início de 2010 e que deverão estar concluídas até ao final do ano.

O memorando de entendimento para a criação desta infra-estrutura, que reunirá a delegação regional do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) do Norte, os meios operacionais e o heliporto, foi assinado hoje entre o INEM e a Santa Casa da Misericórdia do Porto.

“O Centro de Emergência Médica permitirá agrupar meios dispersos que o INEM tem instalado na Área Metropolitana do Porto e melhorar as suas condições de operacionalidade”, salientou o secretário de Estado da Saúde.

O novo espaço, que ficará localizado nas traseiras do hospital psiquiátrico Conde Ferreira, reunirá a sede do INEM de Avaliação Regional do Norte, onde está o CODU Norte e um conjunto de meios operacionais, o sistema de apoio logístico do INEM Norte e o heliporto, que está localizado actualmente no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, adiantou.

Manuel Pizarro salientou que a reunião destes meios no mesmo local, preparado expressamente para o efeito, a “localização privilegiada” e os acessos directos à Via de Cintura Interna, à A3 e à A4 permitirá “melhorar a operacionalidade dos meios de socorro pré-hospitalar na Área Metropolitana do Porto e em toda a região Norte”.

O investimento aplicado é, numa primeira fase, de 7,5 milhões de euros.

“Este investimento tem de ser contrabalançado com o facto do INEM deixar de suportar o pagamento do arrendamento dos espaços que agora utiliza na Área Metropolitana do Porto e com o facto da concentração de meios permitir gerir melhor os recursos humanos que neste momento estão afectos às diversas modalidades de apoio de que o INEM dispõe”, justificou.

Num prazo de três meses, deverão ser estabelecidos os aconselhamentos técnicos necessários à implementação do projecto que precisa do parecer favorável das Estradas de Portugal para a criação do acesso directo à Via de Cintura Interna, do Instituto Nacional de Aviação Civil com vista à operacionalização do heliporto e da Câmara do Porto.

Haverá uma segunda fase que passará pela criação no Porto de uma escola nacional de emergência médica, que implicará um investimento de oito milhões de euros.

No entanto, a criação desta escola ainda está a ser programada e exige o estabelecimento de um acordo entre o INEM e uma ou mais instituições universitárias com quem se estabelecer parcerias.

Telecinco ainda acredita, ao que parece,
que Portugal seja um Estado de Direito!

A Telecinco (Portugal) anunciou hoje que vai avançar com um pedido de providência cautelar para anular a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) de excluir a candidatura da empresa ao concurso do quinto canal de televisão generalista.

O porta-voz da empresa, Carlos Pinto Coelho, adiantou que a empresa está a ponderar avançar com uma queixa em tribunal contra a ERC, com um pedido de indemnização por todos os prejuízos já causados. A Telecinco tenciona ainda pedir a responsabilização civil dos três elementos da ERC que chumbaram a candidatura por desrespeito da lei.

Pinto Coelho disse também que a Telecinco não admite a ideia de haver um novo concurso: “Não queremos repetir o mesmo processo, acreditámos na bondade do convite e há um encaixe de capital que ronda um milhão de euros.”

O porta-voz do projecto Telecinco, que inclui Emídio Rangel, afirmou também que hoje à noite os documentos entregues pela equipa à entidade reguladora vão ficar disponíveis na Internet (http://www.telecinco.pt/).

“Não temos nada a esconder”, reforçou. Mas questionado sobre os financiadores que estariam por trás deste projecto, Pinto Coelho escusou-se a identificá-los: “Agora que estamos numa transitória onda má, os perdedores somos nós e não era justo pedirmos aos nossos companheiros, que têm um capital confortável, para estarem aqui a dar a cara”, reagiu.

A Telecinco foi excluída da corrida ao quinto canal, porque o conselho regulador da ERC decidiu (vamos acreditar que sim!) que as explicações avançadas pela concorrente eram insuficientes para considerar que o plano económico-financeiro em cima da mesa teria viabilidade.

Estou como diz o Carlos Narciso, a ERC (senhora da fotogenia de alguns dos seus membros e do eruditismo do seu presidente) “queria contabilidade organizada, estudos de mercado, e a Telecinco deu-lhes com uma televisão arrojada, moderna, recheada de bons profissionais, portanto uma televisão rica como já não há em Portugal”.

Aliás, “uma televisão arrojada, moderna, recheada de bons profissionais”, só poderia sair vencedora se por acaso Portugal fosse de facto um Estado de Direito. Como não é, e como ter bons profissionais é meio caminho andado para pôr os portugueses a pensar com a cabeça e não com a barriga, a ERC comportou-se ao nível (embora rasteiro) do que dela se esperava.