quinta-feira, janeiro 28, 2010

Bissau pede ajuda para coisas simples
(400 mil estudantes só têm fotocópias)

O Governo da Guiné-Bissau está à procura de parceiros interessados em ajudar a financiar a produção de manuais escolares para os quase 400 mil alunos do país, que estudam através de fotocópias.

É caso para perguntar: onde anda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa? Onde estacionou o secretário de Estado da Cooperação de Portugal? Onde mora essa coisa de que de vez en quando se fala e que dá pelo nome de Lusofonia?

"O Ministério da Educação está a fazer esforços no sentido de contactar diversos parceiros que actuam na área da educação com o objectivo de solucionar os problemas dos manuais escolares", afirmou o secretário de Estado do Ensino, Besna Na Fonta.

É claro que um país que necessita de parceiros para editar manuais escolares não é propriamente, digamos, um país. Desde logo porque tem dinheiro para comprar armas, embora também não tenha para matar a fome à grande maioria da população.

População que, talvez ao contrário do que pensam alguns dos protagonistas que conversam em redor de faustosas mesas nos areópagos da política lusófona, é constituída por pessoas, por gente que ama e sente.

Segundo o secretário de Estado guineense, a Guiné-Bissau precisa de um parceiro interessado em "reequipar a editora escolar para que os manuais possam passar a ser produzidos" naquele departamento do Ministério da Educação.

Não creio que haja quem esteja disponível para tão megalómano esforço financeiro. Ainda se fosse para comprar umas tantas Kalashnikov. Agora livros?

"Se tivéssemos oportunidade de encontrar esse parceiro agradecíamos muito", salientou Besna Na Fonta, com a humildade de quem quer que o seu povo mais do que ter peixe saiba pescar.

Além do problema de funcionamento da editora escolar, a produção de manuais implica um "custo enorme que o Ministério da Educação sozinho tem dificuldades em suportar", disse, acrescentando que é por essa razão que procuram "financiamentos".

Questionado sobre a forma como os alunos estudam, o secretário de Estado explicou que os estudantes "aproveitam o que existe e tiram fotocópias".

E ainda estão com sorte. É que as fotocópias dos livros têm utilidade. Já as fotocópias da comida... não servem para comer.

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