quarta-feira, janeiro 06, 2010

Para dizer o óbvio melhor era estar calado!

O caso do ex-chefe da Armada guineense Bubo Na Tchuto, procurado pela justiça e refugiado na sede da ONU em Bissau, veio "expor completamente a fragilidade das instituições" guineenses, declarou o secretário de Estado da Cooperação português, João Gomes Cravinho.

Basta ler o que Gomes Cravinho disse uma vez, nem que seja há um par de anos, para se saber que sempre que fala da Guiné-Bissau usa as mesmas ideias, os mesmos argumentos, a mesma teoria e, é claro, a mesma passividade.

Só altera o nomes dos protagonistas. Hoje é Bubo Na Tchuto, tal como já foram, entre outros, Hélder Proença, Baciro Dabó, Tagmé Na Waié e João Bernardo Nino Vieira.

E por falar em Gomes Cravinho, recordam-se que ele afirmou no dia 4 de Dezembro de 2007 que a União Europeia devia libertar-se da "bagagem colonial" na relação com África, reconhecendo que o continente “é hoje um igual" com "progressos notáveis" nos últimos anos?

E por falar em Gomes Cravinho, recordam-se que ele comparou em Novembro de 2005, numa entrevista ao Expresso, Jonas Savimbi (que tinha morrido três anos antes) a Hitler?

E por falar em Gomes Cravinho, creio que um dia destes irá dizer que “Nino” Vieira foi outro Hitler africano. Isto porque o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal tem coragem suficiente para fazer destas afirmações sobre pessoas depois de eles teram morrido.

Sobre os vivos, por muito mais que eles se assemelhem a Hitler, como é o caso de Robert Mugabe, Cravinho apenas sabe estar calado.

Se esta conclusão estiver certa, esperemos que Gomes Cravinho se mantenha calado por muito tempo. Será sinal de que nenhum dirigente foi morto. Mas pelo andar das coisas...

Entretanto, a CPLP e similares continuam a cantar e a rir, pouco se importando com o facto de os pobres guineenses (a esmagadora maioria) só conhecerem uma forma de deixarem de o ser. E essa forma é usar,repita-se, não um enxada, uma colher de pedreiro ou um computador, mas antes uma Kalashnikov.

Aliás, se estiverem indecisos na escolha, não faltará gente da CPLP e similares a dizer-lhes que tem umas quantas AK-47 a baixo preço.

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