sexta-feira, março 19, 2010

E se em campanha interna são assim...

O director de campanha da candidatura de Paulo Rangel à liderança do PSD, Mário David, desvalorizou hoje a sondagem publicada pelo semanário “Sol” que dá vantagem a Pedro Passo Coelho, com 51% dos votos, pondo em causa a sua fiabilidade.

Se és dos nossos és bom, se não és ficas com o rótulo de pouca fiabilidade. Onde é que eu já vi isso? Foi com certeza numa sarjeta da política do reino mais europeu do norte de África.

“Ficámos supreendidos que se queira atribuir um mínimo de credibilidade a uma sondagem que foi feita por uma empresa cujo director e proprietário aparece na primeira página da comissão de honra da candidatura de Passos Coelho”, declarou o eurodeputado ao PÚBLICO.

Sem tirar nem pôr. A credibilidade seja do que for passa pela barricada em que se está. É pena que o PSD, tal como o PS, tenham destes tiques em que a honorabilidade do trabalho depende do lado em que se está. Creio que Paulo Rangel até merecia um melhor director de campanha. Mas, se calhar, Portugal também tem o PSD que merece.

Segundo o estudo de opinião, que resultou de entrevistas telefónicas validadas a 541 militantes do PSD, Paulo Rangel obteria 31% dos votos, José Pedro Aguiar-Branco só conseguiria oito por cento e Castanheira Barros um por cento.

Mário David diz “não ter bases científicas” para contestar o método utilizado na sondagem, mas acrescenta que, se alguma preocupação pudesse ter existido, “foi anulada” pelo facto de não merecer confiança .

Se não tem bases científicas melhor fora que estivesse calado. Não o fez e, mais uma vez, deu uma clara mostra de que a tendência no PSD é apenas para mudar as moscas...

“Essa mesma candidatura [de Passo Coelho] há uma semana atrás dizia que tinha 70%, agora já está nos 50%. Se perder 20% [dos votos] por semana, ganharemos de largo”, ironizou, referindo-se às eleições directas marcadas para o próximo dia 16.

Com esta forma de dirigir uma campanha eleitoral interna, Mário David mostra-se, aliás, um lídimo seguidor de uma outra carismática figura política, só que do PS: Augusto Santos Silva.

Confrontado com o estudo esta manhã, depois de uma audiência com o bispo do Porto, Paulo Rangel não quis comentá-lo, considerando que “as sondagens junto de militantes são muito pouco fiáveis porque têm um universo muito difícil de trabalhar”.

Seria difícil a Mário David dizer o que disse Paulo Rangel? Se calhar é mesmo difícil quando se entra no pânico do vale tudo para chegar ao tacho. É pena. É que embora as eleições sejam internas, todo o país fica a saber o que o PSD gasta e gosta.

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