segunda-feira, março 01, 2010

Gigantes se dá jeito, mas sempre pigmeus

Há coisas estranhas neste mundo. Então não é que o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, confessa que só ouve dizer mal de Portugal em Portugal, em contraste com elogios ao país que ouve constantemente de dirigentes dos países que visita no mundo?

Em declarações à agência Lusa no final de uma visita oficial ao reino da Suazilândia, Luís Amado reagia a um comentário feito pelo seu homólogo suazi, segundo o qual o reino de "Portugal é um gigante na diplomacia africana".


Aliás, se Luís Amado visitasse alguns grupos étnicos pigmeus do Ruanda, Uganda, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Camarões, Guiné Equatorial, Gabão, Congo, Angola, Botsuana, Namíbia e Zâmbia seria ele próprio um gigante.

"Em todas as partes do mundo em que ando existe um grandes respeito pela importância histórica de Portugal e pelo que a nossa História representa, quer em África quer na Ásia, por que há consciência do que foi o papel extraordinário da diáspora portuguesa de séculos em todas as regiões do mundo", referiu o membro do governo.

Pois é. Quando dá jeito falar da “importância histórica de Portugal”... fala-se. Quando não dá, faz-se de conta que não existe. Como é o caso de Cabinda, sobre o qual o “gigante na diplomacia africana” nada sabe, não quer saber e odeia quem saiba.

Para o responsável pela diplomacia portuguesa, "é muito gratificante testemunhar a importância crescente da língua portuguesa no mundo" e a aproximação que um número crescente de países empreende em relação a Portugal e à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A importância da língua portuguesa é de facto relevante, inclusive – espantem-se – no próprio “gigante na diplomacia africana” onde todos falam a mesma língua mas ninguém se entende.

Luís Amado, que termina amanhã o seu périplo pela África Austral, quando deixará a Namíbia com destino a Maputo, onde se juntará à comitiva do primeiro-ministro José Sócrates, insistiu na ideia de que a região Austral será "o motor do desenvolvimento do continente nas próximas duas a três décadas".

"Esta região será, e disso não tenho quaisquer dúvidas, o foco dos nossos interesses estratégicos nas próximas duas a três décadas. Há muito que fazer nesta região e provavelmente nenhum Estado europeu está melhor equipado e tem tanta vantagem competitiva como Portugal para se relacionar com esta região", referiu o ministro.

Tem razão o ministro. Não fosse a miopia e o nanismo intelectual dos governante portugueses e Portugal há muito que poderia ser o tal gigante. Acontece, contudo, que como bons pigmeus, os portugueses em vez de levarem a carta a Garcia limitam-se a deitá-la na primeira valeta embora, a título póstumo, promovam o general a marechal.

3 comentários:

Anónimo disse...

Talvez seja bom, para o Luís, viver em delírio. É uma das maneiras de não sofrer com a realidade que revela estatísticas e índices negativos. Esse comportamento demonstra problemas de distanciamento psicológico e social da verdade, o que é preocupante.
Também há quem queira esconder o lixo sob o tapete ou a obsessão, distracção e incompetência não permitem ver o lixo, o que ainda é pior.
…ou então as afirmações comprovam que o atraiçoado é o ultimo a saber…
Uma das formas de não resolver problemas é ignorá-los e os nossos digestores políticos e sociais são grandes especialistas nessa estratégia.
JFR

Cristina Mota disse...

Claro que não...! Que lá fora ninguém fala de Portugal!
Cristina Mota

ogfs2008 disse...

Temos de dar um "desconto" a este ministro, pois como diz e muito bem JFR, o facto de Sua Excelência "ter um comportamento que demonstra problemas de distanciamento psicológico e social da verdade, o que é preocupante" acho que se deve ao facto de ter problemas de coração (segundo notícias que li na imprensa) e não se poder incomodar com a realidade em que "chafurda"!
Deus lhe dê muitos anos saudáveis, se possível numa ignota mansão sossegadinha e fora da política, para não sofrer com as maledicências dos "casmurros dos portugas" (de Portugal, claro), que têm a mania de andar sempre a dizer mal do que é português, principalmente dos nossos "diligentes desgovernantes"!