sexta-feira, abril 16, 2010

E José Sócrates chama-lhe um... figo

Uma conversa telefónica entre José Sócrates e Armando Vara e um SMS enviado logo no momento seguinte por Vara a Rui Pedro Soares revelam que o primeiro-ministro sempre conheceu as negociações com Luís Figo para obter o apoio eleitoral do ex-futebolista nas legislativas, revela hoje o semanário Sol.

Não acredito. Homem impoluto e com uma capacidade quase se diria, embora pecando por defeito, extraterrestre, nunca José Sócrates poderia saber das negociatas.

De acordo com o semanário, Armando Vara telefonou a Rui Pedro Soares e no mesmo dia - 6 de Agosto, véspera da publicação de uma entrevista de Figo ao Diário de Notícias - terá enviado um SMS ao administrador da Portugal Telecom: «Rui, afinal não aconteceu nada. Anda uma grande irritação. Podes dizer-me o que se passa? AV.»

Ainda a 6 de Agosto, Sócrates terá perguntado a Vara sobre «uns exames» que deveriam ter acontecido «no dia 1» de Agosto, conforme o Sol revelou há três semanas.

O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa deduziu esta semana a acusação, em que se conclui que a entrevista ao DN e o pequeno-almoço do dia 25 de Setembro de 2009 - em que Figo expressou o seu apoio à recandidatura do primeiro-ministro nas eleições legislativas, foram uma contrapartida dos contratos entre o atleta, a TagusPark e a PT.

Perante os factos que o Ministério Público considera constituírem crimes de corrupção passiva, dado que o TagusPark tem capitais maioritariamente públicos, o MP acusou Rui Pedro Soares, Américo Thomati e João Carlos Silva (presidente e administrador do TagusPark que assinaram o contrato com o atleta).

Desde os tempos em que, entre outros, Melo Antunes, Rosa Coutinho, Costa Gomes, Mário Soares e Almeida Santos decidiram gozar com a chipala dos portugueses e dos angolanos quando assinaram os Acordos de Alvor, que acho que o actual presidente do PS (também) nunca tem dúvidas e raramente se engana.

Espero, por isso, que mais uma vez Almeida Santos afirme, com toda a convicção típica de quem há muito é impoluto dono da verdade nas ocidentais praias lusitanas, que o primeiro-ministro nada tem a explicar sobre todos os casos em que o seu nome aparece.

E se sobre a suposta tentativa de compra da Media Capital pela PT, Almeida Santos considerou que o caso "acabará em nada", era bom que antecipando qualquer eventual veredicto judicial, viesse novamente a terreiro antecipar a sentença.


Eu, por exemplo, acredito na inocência total e inequívoca de José Sócrates, pelo que concordo que não tenha, mais uma vez, de dar explicações. Aliás, desde quando é que quem está acima da lei tem de dar explicações? Sim, desde quando? Onde é que os portugueses julgam que estão? No Burkina Faso?

1 comentário:

ELCAlmeida disse...

Com este processo a Justiça portuguesa mostrou que quando quer sabe ser rápida e célere... Nem o facto de um dos arguidos ser sobrinho de duas famílias "rosas2 bem fortes no aparelho do Estado e do partido...
Kdd
EA