quarta-feira, junho 16, 2010

Da pólvora à Pedra Filosofal, da obra-prima
do mestre à prima de outro mestre de obras

O presidente da agência portuguesa de notícias, Lusa, disse ontem, como se tivesse descoberto a pólvora, que a empresa tem de pensar num mercado global de 250 milhões de falantes de língua portuguesa e não apenas nos 10 milhões que vivem em Portugal.

É um verdadeiro Ovo de Colombo, uma inefável Pedra Filosofal. Como é que, até hoje, ninguém se lembrou que uma agência de notícias em português teria ao seu dispor um mercado de 250 milhões de pessoas?

“É redutor pensar a Lusa apenas para este pedaço de terra. Gostava de ultrapassar esta visão redutora”, disse, adiantando que a empresa deve disputar também mercados como Angola e Brasil.

Isso é que é falar... em português claramente.

Afonso Camões falava hoje na Comissão Parlamentar de Ética numa audição a pedido do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista depois ter sido ouvida também a comissão de trabalhadores da empresa que se manifestou preocupada com a sustentabilidade financeira futura da empresa devido à gestão de recursos levada a cabo nos últimos anos.

Segundo o presidente da agência de notícias, citado por ela própria, a Lusa é uma empresa que está a apostar em novas áreas como é o caso do multimédia sendo pioneira nesta matéria, dando o salto necessário para compensar a perda de dinheiro no negócio tradicional.

A ideia, frisou, é mudar o paradigma da agência pelo que foi feita também aposta na editoria multimédia : “189 trabalhadores fizeram formação nesta área”, disse Afonso Camões.

Relativamente a este assunto, a comissão de trabalhadores referiu na mesma comissão que os jornalistas “não têm certificação da formação que lhes foi dada e que em média tiveram apenas dois a cinco dias de formação” e chamou a atenção que dos vários jornalistas contratados depois de 2006 “poucos ou nenhuns tinham formação na área".

Afonso Camões referiu ainda que a Lusa foi pioneira na introdução do Acordo Ortográfico na comunicação social.

E a introdução do Acordo Ortográfico é algo que não sei bem se será uma obra-prima do mestre ou, antes, uma prima do mestre de obras.

Não é, aliás, difícil encontrar textos da Lusa em que num parágrafo se usa o Acordo Ortográfico e no outro não. Creio ser, aliás, uma original forma de ir habituando os leitores a uma das regras fundamentais de Portugal: o vale tudo.

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